domingo, junho 22, 2025

Morro da Maianga

Ouça o cantor Ruy Mingas em Morro da Maianga (letra de Mário António -1934 - 1989).
Ruy Mingas (1939 - 2024) foi um cantor, compositor, diplomata, empresário e político angolano. Foi deputado no parlamento angolano, secretário com status de Ministro dos Desportos e embaixador de Angola em Portugal. Compôs a música do Hino Nacional de Angola.

Da sua obra discográfica destacam-se: "Morro da Maianga", "Cantiga por Luciana", "Poema da farra", "Maquesu", "Muadiaquimi", "Birin birin", "Monagambé", "Adeus à hora da partida" e ainda "Meninos do Huambo".
E agora assista ao vivo Rui Mingas em Morro da Maianga.

sábado, junho 21, 2025

Mulher com Sombrinha

"Mulher com Sombrinha", é uma obra de Claude Monet (1875).

Mulher com Sombrinha, pintura impressionista de Monet, é também conhecida como "O Passeio". Concluída em 1875, esta obra retrata a primeira esposa de Monet, Camille, e o seu filho Jean, num campo de papoulas perto de sua casa em Argenteuil, na França. Muitas das suas pinturas retratam a sua esposa, Camille. "Mulher com Sombrinha" captura a sensação de um momento fugaz, com Camille capturada num instante de movimento enquanto ela e o seu filho passeiam pelo campo.

Esta pintura, uma das mais conhecidas do pintor, mostra uma campina ensolarada de Argenteuil, região no subúrbio de Paris frequentada pela sua família de 1872 a 1878. A pintura é considerada uma das obras mais emblemáticas do impressionismo e um testemunho do talento de Monet. O quadro é uma interpretação despreocupada da natureza feita por um pintor tão preocupado com detalhes a ponto de dizer que gostaria de pintar "como canta um pássaro".

A pintura é um exemplo clássico do estilo impressionista, caracterizado por pinceladas soltas, cores vibrantes e uma representação efémera da luz e da atmosfera. Monet era um mestre em retratar a luz. As suas pinturas ao ar livre são marcantes e as pinceladas desestruturadas hipnotizam o observador, levando-o para dentro do quadro.

sexta-feira, junho 20, 2025

Noites de Luar no Morro da Maianga.

Noites de luar no Morro da Maianga.
Anda no ar uma canção de roda:
"Banana podre não tem fortuna
Fru-tá-tá, fru-tá-tá..
Fru-tá-tá, fru-tá-tá..
Fru-tá-tá, fru-tá-tá..."

Moças namorando nos quintais de madeira
Velhas falando conversas antigas
Sentadas na esteira
Homens embebedando-se nas tabernas
E os emigrados das ilhas...
— Os emigrados das ilhas

Com o sal do mar nos cabelos
Os emigrados das ilhas
Que falam de bruxedos e sereias
E tocam violão
E puxam faca nas brigas...

O ingenuidade das canções infantis
Ó namoros de moças sem cuidado

Ó histórias de velhas
Ó mistérios dos homens

—Vida!:

Proletários esquecendo-se nas tascas
Emigrantes que puxam faca nas brigas
E os sons do violão
E os cânticos da Missão

Os homens
Os homens
As tragédias dos homens! 
Mário António (1934 - 1989)

Nota: Maianga significa lagoa, charco. E é a origem do nome deste bairro de Luanda, lugar onde até ao século XIX iam elefantes, antílopes e leões beber água. O que está na foto é uma estrutura em forma de poço largo que mantinha a água mais limpa.

quinta-feira, junho 19, 2025

O Viajante da Meia-Noite

 O Viajante da Meia-Noite (2019) é um documentário (EUA, Qatar) realizado por Hassan Fazili com roteiro de Emelie Mahdavian e que conta no elenco com o próprio Hassan Fazili.

Em O Viajante da Meia-Noite, uma família afegã regista, com os seus telemóveis, a angustiante travessia por vários países em fuga da guerra e da perseguição política. 

Este é um dos filmes, que faz parte do programa Porto/Post/Doc, que questiona as formas de movimento forçado e voluntário que marcam o nosso tempo.

Sinopse:
Um relato da saga, feito na primeira pessoa, do realizador afegão Hassan Fazili e da sua família na busca por asilo. Depois de ter chamado a atenção para os fundamentalistas altamente armados, com um documentário em 2015, sobre os combatentes Taliban, este grupo islâmico estabelece uma recompensa pela cabeça de Fazili. Não tendo outra opção senão fugir com sua esposa e duas filhas, narra com precisão as agruras pelas quais os refugiados passam diariamente, em vários pontos do mundo. 

quarta-feira, junho 18, 2025

Luz e Fé

 


Ouça o cantor angolano Paulo Flores em Luz E Fé (No Mwangolé).
"Mwangolé" significa angolano. Quando se referem a uma característica própria, os angolanos usam a palavra, por ex. "mwangolé gosta de dançar". Mas também pode ser usada como lugar, país, por exemplo "por estes dias faz calor na mwangolé".

terça-feira, junho 17, 2025

Algumas Expressões Populares

Algumas das expressões populares abaixo, foram passando de geração em geração, mantendo-se vivas através da oralidade.

Estas são apenas algumas das expressões que enriquecem o vocabulário português e fazem parte do nosso património linguístico. São termos carregados de história e de identidade, refletindo a forma peculiar e expressiva como os portugueses comunicam no dia a dia. 

Eis algumas (entre muitas outras) destas expressões populares que lhe podem soar familiarmente:

  • Andar à nora - Estar confuso ou desorientado.
  • Fazer das tripas coração - Esforçar-se ao máximo para alcançar algo.
  • Estar com os azeites - Estar irritado ou zangado.
  • Ter cá uma lata - Ser descarado ou atrevido.
  • Bater a bota - Falecer, morrer.
  • Dar de frosques - Fugir ou sair rapidamente de um local.
  • Ir a eito - Fazer algo de forma contínua, sem interrupções.
  • À grande e à francesa - Significa viver com luxo e ostentação (utilizada em Portugal desde a primeira invasão francesa - Junot - em 1807).
  • Está daqui! - Acompanhada por um leve puxar de orelha, esta expressão usa-se para mostrar agrado e assegurar que a comida está deliciosa!
  •  Estar com cabeça na lua ou estar no mundo da lua - Significa que uma pessoa está desatenta, distraída ou que é esquecida.
  • Quem anda à chuva, molha-se - Mostra, reafirmando, que todas as ações que escolhemos realizar, têm consequências. 
  • Chegar a roupa ao pêlo - Significa bater, agredir alguém. Normalmente, é utilizada em tom de brincadeira ou de aviso sobre determinados comportamentos, de pais para filhos.
  • Partir o côco a rir - Um coco é um fruto bastante rijo e difícil de partir. Requer alguma prática, perícia e um golpe certeiro. A expressão usa-se quando alguém ri tanto que perde o controlo de tanto rir. Basicamente, o riso é tão forte, que é capaz de partir um côco!
  • Ter a pulga atrás da orelha - Com origem misteriosa, vinculada a lendas de vikings, a expressão significa suspeitar de algo ou alguém, estando intrigado até obter uma resposta.

segunda-feira, junho 16, 2025

No Rancho Fundo

Ouça os cantores portugueses António Zambujo e Miguel Araújo em No Rancho Fundo (Coliseu do Porto - Oficial).

 No Rancho Fundo é um samba-canção resultado da parceria de Ary Barroso com Lamartine Babo, muito embora a melodia seja uma composição anterior do próprio Ary Barroso, que recebeu então letra de J. Carlos e que foi intitulada "Na Grota Funda". Impressionado com a música, Lamartine Babo escreveu novos versos e tendo-a batizado de "No Rancho Fundo".

No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade

No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d'água

Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a Lua no terreiro
Tendo um cigarro
Por companheiro

Sem um aceno
Ele pega na viola
E a Lua por esmola
Vem pro quintal
Desse moreno

No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia

Os arvoredos
Já não contam
Mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira

Os passarinhos
Hibernaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza

Tudo por que
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê

Se Deus soubesse
Da tristeza lá da serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra

Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade

Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor
Que tem no mundo

Se uma flor desabrocha
E o Sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro
Da morena

domingo, junho 15, 2025

O Macramê

O macramê (do árabe makrama "guardanapo", "toalha" ou "franja") é uma técnica de tecelagem manual com a utilização de nós. Originalmente o macramê era usado para fazer franjas ou barras em lençóis, cortinas e toalhas. 

Os espanhóis aprenderam esta técnica com os mouros e espalharam-na pelo Europa do sul no início do século XIV. 

Era uma arte bem estabelecida em França já nos séculos XIV e XV, sendo conhecida como filet-de-Carnassière, tendo sido introduzida na Inglaterra no final de 1600. A palavra "filet-de-Carnassière" é um termo histórico para macramê (ou macramé), um tipo de artesanato que envolve a criação de padrões e peças que utilizam nós feitos com corda ou com fio. 

O macramê floresceu na Itália nos séculos XVII e XVIII e gozou de enorme popularidade.

As freiras de Espanha e de França, especialistas em todas as formas de bordar e fazer rendas, foram rápidas em ver todas as possibilidades deste tipo de nós decorativos e desenvolveram esta técnica havendo hoje várias pinturas que podem ser vistas em museus e catedrais, particularmente no hemisfério norte, que mostram peças de roupa e panos de altar com temas religiosos elaboradas em macramê.

Foi especialmente durante meados do século XIX, na Inglaterra vitoriana, que o macramê se popularizou como uma forma de artesanato complementar destinado à decoração de interiores. 

Este tipo de artesanato extremamente versátil está outra vez na moda, em peças decorativas como por exemplo: suportes de vasos para plantas, painéis de parede, carteiras, argolas de guardanapo, bases de copos ou de jarros, porta chaves, cortinas em macramé, caminhos de mesa, cabeceiras de cama em macramé, etc.
Assista agora a um vídeo sobre O Macramê Passo a Passo: O Nó quadrado.
E agora veja um vídeo sobre o Macramê e a Decoração. 
E agora assista a uma aula sobre Macramé para Iniciantes.

sábado, junho 14, 2025

O Zé Povinho

Zé Povinho é uma personagem satírica de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro.

Surgiu pela primeira vez na 5.ª edição do periódico "A Lanterna Mágica", a 12 de Junho de 1875, na caricatura intitulada "Calendário Portuguez", alusiva aos impostos, onde se representa o então Ministro da Fazenda, Serpa Pimentel, a sacar ao Zé Povinho uma esmola de três tostões para o Santo António de Lisboa (representado por Fontes Pereira de Melo) com o "menino" (D. Luís I) ao colo, tendo ao lado o comandante da Guarda Municipal, de chicote na mão, presente para prevenir uma eventual resistência.

O Zé Povinho acabou de fazer 150 anos. É uma personagem genial que, há século e meio, dá corpo e cara ao povo português - com ironia, crítica e um certo desalento, mas sempre de punho cerrado. 

O Museu Bordalo Pinheiro celebra este aniversário com exposições e conteúdos especiais que mostram como o atravessou regimes, reinventou-se com novos autores e nunca deixou de ser atual. É que o "" não morre: transforma-se. Continua a representar um povo que resiste, que refila, que sofre… mas que não desiste.

Assinalando os 150 anos do Zé Povinho, os 51 anos do 25 de Abril e os 50 anos das independências dos PALOP, assista a um excerto de um filme (1978) de Lauro António: O Zé Povinho Na Revolução.
E agora assista o saudoso Luís Aleluia ao vivo numa paródia (mais recente) sobre o Zé Povinho (FadoTV).

sexta-feira, junho 13, 2025

Responso ou Responsório a Santo António

 "Responso" e "Responsório" são palavras com significados relacionados, mas não são exatamente sinónimos. "Responso" refere-se a uma antífona ou versículo que se canta ou recita em cerimónias religiosas, especialmente nos ofícios de defuntos. Pode também referir-se a uma prática popular de oração a santos, como Santo António, para encontrar coisas perdidas ou em momentos de desespero. Já "Responsório" é a coleção ou série de responsos, ou um livro de cânticos que os contém. 

Responso ao Santo António
Para encontrar coisas perdidas ou roubadas

Bendito e louvado seja Santo António,
Sol brilhante que em Lisboa,
França e Itália, deu luz a mais rutilante.
Ó beato Santo António, que ao monte Sinai subiste,
O teu Santo Breviário perdeste, em buscra dele
Volveste muito triste
E uma voz do céu ouviste:
- “António, torna atrás, o teu santo Breviário
Acharás em cima dele Jesus Cristo vivo, três coisas lhe pedirás:
O perdido achado, o esquecido lembrado e o vivo guardado”.

Se milagres desejais,
Recorrei a Santo Antônio;
Vereis fugir o demônio
E as tentações infernais.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.


Todos os males humanos
Se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro, a morte,
O fraco torna-se forte
E torna-se o enfermo são.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

V: Rogai por nós, bem-aventurado Antônio.
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Responsórios de Santo Antônio by patativa52

quinta-feira, junho 12, 2025

Lisboa Está Em Festa

Estamos em junho. Lisboa está em festa. 

Em junho Lisboa anima-se de luz, cor e música para a comemoração dos Santos Populares, em particular de Santo António

Os Casamentos de Santo António em Lisboa acontecem todos os anos no dia 12 de junho, na véspera do Dia de Santo António, o Santo Casamenteiro. É uma tradição anual na cidade, onde 16 casais, selecionados, celebram o casamento, recebendo a bênção de Santo António. 

A noite de 12 para 13 de junho é conhecida como a Noite de Santo António

Aproveitando o início do verão e o bom tempo, os alfacinhas (e não só), deslocam-se para os arraiais que se realizam nos bairros históricos como a Madragoa, Graça, Alfama, Mouraria, etc., onde a música, a alegria, as sardinhas assadas, as febras e o chouriço grelhados, são presença obrigatória. 

Ainda na noite de 12 para 13 de Junho, na Avenida da Liberdade, desfilam as Marchas Populares com os seus fatos típicos, que representam cada uma dos bairros tradicionais de Lisboa.

É uma festa tipicamente lisboeta, que todos os anos atrai milhares de pessoas às ruas da cidade, e que só termina de madrugada.

O homenageado por todas estes eventos é o Santo António, que em 1934 foi declarado Padroeiro de Portugal e que em 1946 foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII.

Santo António é considerado o protetor das coisas perdidas, o protetor dos casamentos e o protetor dos pobres. É considerado também o Santo dos milagres, pois fez muitos ainda em vida. Durante as suas pregações nas praças e igrejas, muitos cegos, surdos, coxos e muitos doentes ficavam curados. 

quarta-feira, junho 11, 2025

Beija-me Depressa

Próximos que estamos de celebrar o Santo António, conhecido como santo casamenteiro, aqui lhe deixo uma receita de um docinho que vai fazer acelerar o processo do enlace.

Beija-me Depressa é um docinho do tipo conventual que faz parte da Gastronomia da Estremadura.

Este bolinho foi criado em 1960, quando Jacinto Teixeira de Carvalho, o fundador da pastelaria Estrelas de Tomar, encontrou, seguiu e cozinhou diversas receitas da doçaria portuguesa e registou estes doces com origem tomarense. 

O fundador da pastelaria inspirou-se na doçaria conventual para chegar até ao nome destes pequenos beijos. 

Ingredientes: 
225 g de açúcar
1 colher (sopa) de manteiga
12 gemas
2 colheres (sopa) de farinha de trigo peneirada
Água q.b.
Óleo para untar
Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Preparação:
Leve ao lume brando o açúcar com água (o suficiente para cobrir o açúcar) e deixe ferver até atingir o ponto de pérola (quando a calda escorre da colher formando um fio cuja extremidade é semelhante a uma pérola).
Retire do lume, misture imediatamente a manteiga à calda e deixe amornar.
Adicione as gemas, uma a uma, mexendo a cada adição e em seguida coloque a farinha de trigo, aos poucos, misturando bem.
Leve novamente ao lume brando, até obter ponto de estrada, ou de bala mole (quando ao passar uma colher de madeira na panela onde está sendo feita a calda, o fundo se torna visível, formando uma estrada).
Coloque essa massa numa travessa untada com óleo e deixe-a repousar de um dia para o outro.
No dia seguinte, faça bolinhas com a massa, polvilhe-as com açúcar de confeiteiro e coloque em forminhas de papel.

terça-feira, junho 10, 2025

Camões & Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas

Hoje é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Luiz Vaz de Camões, está a ser homenageado por Portugal nos 500 anos do seu nascimento, pois terá nascido em 1524. Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. 
A biografia incerta do poeta, desde o desterro até às suas viagens, moldou a obra de Luís Vaz de Camões (1524?-1580). 
Luís Vaz de Camões é autor dos Lusíadas, o poema épico sobre as descobertas portuguesas. A importância da sua obra só foi reconhecida após a sua morte. A sua influência na literatura portuguesa é enorme, com obras como: Os Lusíadas, os Sonetos e as Rimas
Camões é reconhecido como o poeta nacional de Portugal, e considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. 
Celebrando este dia deixo-lhe aqui dois sonetos sobejamente conhecidos deste poeta português.

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
                        
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
 

segunda-feira, junho 09, 2025

The Dynasty (A Dinastia)

István Tiborcz
The Dynasty é um filme (2025) realizado por Máté Fuchs e Bálint Bíró ambos húngaros.

A história contada neste filme, é produzida pelo centro de reportagem investigativa Direkt36, em colaboração com cineastas independentes.

Sinopse:
A Dinastia mostra como István Tiborcz, genro de Viktor Orbánconstruiu um império de imóveis de luxo e empresas financeiras e de logística, tornando-se um dos homens mais ricos da Hungria.

domingo, junho 08, 2025

Súplica Cearense

O fenómeno da seca no Nordeste brasileiro não é só de hoje. A saga dos sertanejos (retirantes) fugindo da seca tem servido de inspiração a diferentes gerações de artistas, em vários campos criativos.  

Hoje deixo-lhe aqui a música Súplica Cearense que é considerada um Hino do Ceará. Ouça-a aqui na voz do cantor brasileiro Fagner e preste atenção à letra.
"Súplica Cearense", é um retrato emocionante e profundo das adversidades enfrentadas pelo povo do sertão nordestino, especialmente do Ceará, diante das severas secas que assolam a região. A letra da música é uma oração, um clamor ao divino por misericórdia e alívio das condições áridas que tanto castigam a terra e seu povo.

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

sábado, junho 07, 2025

Nacionalidade e Estrangeiros

"Nacionalidade e Estrangeiros" é um livro do advogado Edgar Valles, cuja quinta edição será apresentada na Feira do Livro de Lisboa no dia 13 de junho (Dia de Lisboa), conforme cartaz em anexo.

Transcrevo do Prefácio, de António José Chrystêllo Tavares, PhD, que fará a apresentação do livro:
"Esta obra, em bom momento lançada à estampa por quem é há muito
experimentado no domínio em apreço, verte luz sobre os diferentes e entrecruzados quadrantes do Direito. A nitidez e perceptibilidade com que as distintas matérias são equacionadas, garante o êxito deste livro."

Sinopse:
Este livro contém três partes; a primeira versa sobre os modos de acesso à nacionalidade portuguesa, a segunda sobre a entrada, a permanência e saída de estrangeiros, e a terceira sobre os conexos processos administrativos e contenciosos. O ponto de partida é a constatação de que não é fácil encontrar os caminhos para a obtenção da nacionalidade portuguesa ou para a residência em Portugal, sendo indispensável o respeito pela legalidade democrática.

sexta-feira, junho 06, 2025

O Estreito de Gibraltar & As Colunas de Hércules

As Colunas de Hércules são promontórios que existem no estreito de Gibraltar.  Um situa-se na África (Monte Hacho ou Monte Muça) e outro na Europa (Monte Calpe ou rochedo de Gibraltar).

Este nome provém da mitologia grega. Esta conta que Hércules, para realizar o décimo dos seus doze trabalhos, teria tido necessidade de transpor um estreito marítimo. Dispondo de pouco tempo, resolveu abrir caminho com os ombros, ligando assim o mar Mediterrâneo ao oceano Atlântico

De um lado, ficou um grande rochedo, mais tarde chamado Gibraltar (Monte Calpe) e do outro lado o Monte Hacho ou o Monte Muça (Abília ou Ábila). O primeiro situado em Ceuta e o segundo a alguns quilómetros para oeste, em Marrocos. Os dois montes depois de separados passaram a chamar-se "Colunas de Hércules", ou "Pilares de Hércules".

Mas o Estreito de Gibraltar é muito mais do que uma simples passagem marítima.

Com apenas 14 km de largura no seu ponto mais estreito, liga o oceano Atlântico ao mar Mediterrâneo, separando a Europa (Espanha) da África (Marrocos). Pela sua posição estratégica, é uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo, e essencial para o comércio global.

O estreito é uma fossa importante, com uma média de 365 metros de profundidade no arco formado pela cordilheira do Atlas do Norte da África e o alto planalto da Espanha. O estreito de Gibraltar é assim o resultado da separação das placas tectónicas: Euroasiática e a Africana.

Mas, o Estreito de Gibraltar também tem um valor simbólico e lendário porque na Antiguidade, os gregos e romanos acreditavam que ali ficavam as Colunas de Hércules. Para os antigos, essas colunas representavam o fim do mundo conhecido. "Non plus ultra", ou seja nada além dali.

Mas a sua importância não para por aí: todos os anos, milhões de aves migratórias cruzam o estreito nas suas rotas sazonais entre a Europa e a África, fazendo desse local um dos pontos mais importantes do planeta para a observação de aves.

Já agora, a estátua denominada Pilares de Hércules está localizada no Estreito de Gibraltar. Esta escultura simboliza a importância histórica e geográfica da região, que há séculos serve como uma encruzilhada de culturas e comércio.

Os dois imensos Hércules de bronze, obra do artista de Ceuta Ginés Serrán Pagán, têm 7 metros de altura e pesam 4 toneladas cada um. São, atualmente, as esculturas em bronze da mitologia clássica de maiores dimensões do mundo.

Estas esculturas, devido ao seu tamanho e grandiosidade, impressionam os visitantes que chegam a Ceuta quer de barco quer quando passeiam pelas suas ruas.

Entre mitos, natureza exuberante e importância geopolítica, o Estreito de Gibraltar continua a ser um lugar que desperta fascínio e admiração.

quinta-feira, junho 05, 2025

5 de junho: Dia Mundial do Ambiente

 Hoje dia 5 de junho é o Dia Mundial do Ambiente.

Sob o tema Combater a poluição por plástico, as comemorações para 2025 serão um momento decisivo para a conservação do ambiente a nível global, uma vez que se espera estar concluído o acordo global sobre os plásticos. Libertar o planeta da poluição por plástico é também um contributo importante para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo os objetivos referentes à ação climática, à produção e ao consumo sustentáveis, à proteção dos mares e oceanos, à reparação dos ecossistemas e à preservação da biodiversidade.

E agora um vídeo acerca da Campanha Combater a Poluição Por Plástico.

quarta-feira, junho 04, 2025

Pica do 7

Ouça o cantor português António Zambujo em o Pica do 7.

De manhã cedinho
Eu salto do ninho e vou pra paragem
De bandolete à espera do sete
Mas não pela viagem

Eu bem que não queria
Mas um certo dia, vi-o passar
E o meu peito cético
Por um pica de elétrico, voltou a sonhar

A cada repique
Que soa do clique daquele alicate
Num modo frenético
O peito cético toca a rebate

Se o trem descarrila
O povo refila e eu fico num sino
Pois um mero trajeto
No meu caso concreto é já o destino

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha, até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

Que triste fadário
E que itinerário tão infeliz
Cruzar meu horário com o de um funcionário
De um trem da Carris

Se eu lhe perguntasse
Se tem livre passe pro peito de alguém
Vá-se lá saber
Talvez eu lhe oblitere o peito também

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha, até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha, até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

terça-feira, junho 03, 2025

A Floresta Das Esmeraldas

A Floresta Das Esmeraldas (1985) é um filme inglês, baseado numa história real, realizado por John Boormane que conta no elenco com: Powers Boothe, Meg Foster, Charley Boorman, Dira Paes, William Rodriguez, Eduardo Conde, Átila Iório e Arthur Muhlenberg

Este filme (que pode ver aqui) que narra a história verídica de um rapaz, que é raptado no Brasil, mostra o choque entre a civilização e a vivência na selva, trazendo à nossa memória a urgente necessidade de preservar um recurso natural único que é a floresta Amazónica.

De registar que este foi o primeiro papel em cinema da atriz brasileira Dira Paes.

Sinopse:
Bill Markham (Powers Boothe) é um engenheiro norte-americano que viaja para o Brasil com a família para trabalhar na construção de uma grande barragem hidroelétrica na floresta Amazónica. Para isso, é necessário devastar diversas áreas verdes e desalojar todas as comunidades que trabalham e moram na região. Como forma de vingança, uma tribo indígena conhecida como "Os índios Invisíveis", por usarem um pó à base de esmeraldas, rapta o filho de Bill, Tommy, de apenas 7 anos, que passa a ser criado como um grande guerreiro indígena. 
Tommy torna-se mesmo no chefe desta tribo da Amazónia. Dez anos depois, pai e filho, que agora atende pelo nome de Tommé (Charley Boorman), reencontram-se e as fortes diferenças culturais tornam a situação constrangedora. Mas Bill vai superar os seus preconceitos para ajudar os companheiros do filho, que sofrem ameaças de outras tribos e dos "Homens Brancos". 
Deixo-lhe agora três vídeos acerca deste filme. Aqui vai o primeiro (que é o trailer do filme).
Agora o segundo.
Por último o terceiro.

segunda-feira, junho 02, 2025

A Cidade Equestre ...

 A cidade equestre
No rio mergulha
Seus cascos de granito
E sobe
A galope
Encosta arriba

Num salto a prumo
(Lá onde o casario morre)
Upa!
É uma torre

Torre de pedra e nuvem
De pássaro de fogo
De corpo de mulher
Torre de tudo e de quanto

O sonho
A palavra o canto
Pode e quer.
Luís Veiga Leitão - "Linhas do Trópico", 1977, em Obra Completa, Porto, Campo das Letras, 1997

domingo, junho 01, 2025

Fungagá da Bicharada

 Hoje é o Dia Mundial da Criança. Relembremos, pois, um programa e uma música que foi um sucesso entre o público infantil da época.

O Fungagá da Bicharada foi um programa de televisão infantil da RTP - Rádio e Televisão de Portugal, que estreou em 1976, aos sábados à tarde, com apresentação de Júlio Isidro e com a participação de José Barata-Moura, o autor do genérico e de muitos dos temas interpretados no programa. 



Cada programa era dedicado a um animal específico que estava presente no estúdio.

Ouça José Barata Moura em Fungagá da Bicharada.

sábado, maio 31, 2025

Abracadabra


Ouça a Steve Miller Band em Abracadabra (vídeo oficial da música).

A Steve Miller Band é uma banda americana de rock formada em 1967 em São Francisco, Califórnia. A banda é liderada por Steve Miller na guitarra e vocalista.

sexta-feira, maio 30, 2025

Rua do Deserto, 143

Rua do Deserto, 143 (ou 143 Sahara Street) é um filme (2019) do género documentário, realizado por Hassen Ferhani (co-produção de Argélia, França, Catar).

Este documentário faz parte da edição 2025 do Porto/Post/Doc. Entre os dias 20 e 29 de novembro o festival volta a ocupar vários espaços do Porto com uma programação centrada no documentário contemporâneo e na discussão dos temas que marcam a vida dos nossos tempos. Rua do Deserto, 143 faz parte do programa temático do evento, sob o mote O Tempo de Uma Viagem

Sinopse:
Hassen Ferhani
filma, em Rua do Deserto, 143, uma casa de chá perdida no deserto do Saara, onde uma mulher única, Malika, acolhe viajantes cujas histórias revelam, em encontros fugazes, a força do cinema do real como espelho da humanidade. 
Este filme tranquilo é, pois, um retrato íntimo da sua proprietária e dos seus convidados, bem como da paisagem da Argélia.

quinta-feira, maio 29, 2025

Tem a Palavra: 27 De Maio em Angola: justiça e reconciliação é possível?

"Tem a Palavra" é um programa da RTP África que aborda a atualidade em África. O programa é um debate interativo que inclui telefonemas e especialistas em estúdio, com o objetivo de analisar diferentes perspectivas sobre temas relevantes no continente africano.

A emissão do programa, que decorreu no dia 28 de maio de 2025, pelas 10h, abordou questões relativas aos trágicos acontecimentos ocorridos em Angola, no dia 27 de maio de 1977, que dizimaram milhares de angolanos. O tema do programa era: "27 De Maio em Angola: justiça e reconciliação é possível?" De salientar as intervenções pertinentes do advogado (em Luanda) Benja Satula, da advogada - especialista em direitos humanos - Vânia Costa Ramos (no estúdio em Lisboa) e da excelente condução do programa de Vitor Hugo Mendes, jornalista e pivot, em estúdio.

Se não viu, não deixe de ver aqui .

Ou no Canal 190 da NOS: É só andar para trás.