sábado, setembro 15, 2018

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?

Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida…

Maleável aos meus movimentos subconscientes no volante,
Galga sob mim comigo, o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo!
Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto que me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.
Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?
Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?

Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero…
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo
sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim…
Álvaro de Campos, em Poesia

sexta-feira, setembro 14, 2018

Evidências

Oiça Chitãozinho & Xororó em Evidências.
Chitãozinho & Xororó é uma dupla brasileira de música sertaneja formada pelos irmãos José Lima Sobrinho (1954) e Durval de Lima (1957). Chitãozinho & Xororó, ícones da música sertaneja, são recordistas em vendas de discos no Brasil. São tidos como a dupla que abriu as portas das rádios FM para este tipo de música, no início da década de 1980.

Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração
E confessar que eu estou em tuas mãos
Mas não posso imaginar
O que vai ser de mim
Se eu te perder um dia

Eu me afasto e me defendo de você
Mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que eu não sou
Mas depois eu nego
Mas a verdade
É que eu sou louco por você
E tenho medo de pensar em te perder
Eu preciso aceitar que não dá mais
Pra separar as nossas vidas

E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração?
Eu sei que te amo!

Chega de mentiras
De negar o meu desejo
Eu te quero mais que tudo
Eu preciso do seu beijo
Eu entrego a minha vida
Pra você fazer o que quiser de mim
Só quero ouvir você dizer que sim!

Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você quer viver pra mim

quinta-feira, setembro 13, 2018

Bem Vindo à Vida

Bem Vindo à Vida é um dos vídeos da Science Nature Page com maior número de visualizações. São oito biliões de visualizações. Ora veja!
São momentos inesquecíveis.
Não perca.

quarta-feira, setembro 12, 2018

Os Rótulos da Fruta e dos Vegetais

Atenção aos Rótulos da Fruta e dos Vegevetais! Aqui lhe deixo algumas dicas que deve conhecer para se tornar um (a) consumidor (a) atento (a).
É importante que saiba o significado de algumas indicações que aparecem nos rótulos e etiquetas que aparecem nas frutas e vegetais, sobretudo naqueles que são importados.
Se na etiqueta adesiva estão cinco números e o primeiro é o 8, significa que o produto é um OGM (Organismo Geneticamente Modificado).
Se o rótulo tem cinco números e o primeiro é o 9, o produto vem de uma cultura que não usa pesticidas. É o exemplo ao lado com uma laranja proveniente dos EUA.
No caso dos produtos da chamada agricultura biológica na Europa,
o logótipo europeu de produtos biológicos, ou Eurofolha, garante que o produto está em conformidade com as condições e regulamentação aplicáveis ao setor da agricultura biológica na União Europeia (UE).
Obrigatório para produtos alimentares biológicos pré-embalados na UE e facultativo para produtos que não são pré-embalados na UE ou importados de fora da UE, desde que cumpram os requisitos da regulamentação aplicável.
Garante que o produto tem no mínimo 95% de ingredientes provenientes de agricultura biológica e está associado a um código que informa sobre o local de origem da matéria-prima.
Os rótulos e as etiquetas não servem somente para colocar o logótipo da empresa, mas servem também para indicar o modo de cultivo das frutas ou verduras.
Se estiver atento (a), no futuro,  saberá como distinguir produtos cultivados com pesticidas, modificados geneticamente ou pertencentes à chamada agricultura biológica.

segunda-feira, setembro 10, 2018

A Desescolarização

A desescolarização ou "Unschooling",  surgiu no final da década de 1960 e ganhou força em 1971, com a publicação do livro "Sociedade Sem Escolas", de Ivan Illich, com críticas às instituições escolares.
Diferente do que ocorre no ensino doméstico ou "homeschooling", as famílias que são adeptas desta modalidade de ensino, não ensinam em casa o currículo em vigor no seu país. A ideia, pelo contrário, é fugir dos objetivos e regras da vida da escola.
A desescolarização é tema do documentário "Contra a Maré" , realizado por André Castilho e André Chitas, lançado pela produtora La Casa de la Madre.
Esta curta-metragem retrata a história de Cauê "Batata", de 9 anos, que vive em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, e é educado pela sua mãe, Déborah Gérbera.
Com o colapso do modelo das instituições de ensino tradicionais, ganha força no Brasil o movimento de desescolarização, ou unschooling, em que a criança é educada fora da escola, pelos seus familiares, sem compromisso com o esquema curricular. Mas a sociedade está preparada para lidar com esta nova abordagem?
Neste documentário, vai conhecer a história de Déborah que, assim como outras 5.000 famílias brasileiras, lutam na justiça pelo direito de ensinar os filhos nos seus próprios termos.
Sobre o mesmo assunto, assista em baixo, ao documentário "Etre et Devenir" ou Ser e Tornar-se, de Clara Bellar.
Diante do crescente fenómeno das crianças educadas na França, Clara Bellar, uma atriz francesa que mora em Los Angeles, explorou a escolha autónoma de aprendizagem, em "Ser e Tornar-se".
Surpreendente, empolgante e comovente, o seu documentário oferece histórias de experiências e encontros que exploram a escolha de não ir à escola, confiar neles e deixá-los aprender livremente sobre o que eles gostam.
A jornada de descoberta da realizadora leva-nos a quatro países, Estados Unidos, Alemanha (onde é ilegal ir à escola), França e Inglaterra.

domingo, setembro 09, 2018

Portugal Visto Pelos Olhos De Uma Investigadora Australiana

Leia a crónica que se segue e que fala de Portugal visto pelos olhos de uma investigadora Australiana:  Erin B Taylor.

"Os portugueses falam bem inglês, percebem o espanhol, têm Sol e bom vinho, tratam bem das suas cidades mas subestimam as potencialidades do país. Estas são algumas das conclusões de Erin B Taylor, uma investigadora australiana do Instituto de Ciências Sociais, que publicou recentemente um artigo sobre Portugal num site dedicado à antropologia.
No seu texto, publicado recentemente no site Popanth, Erin Taylor, que vive em Portugal há mais de um ano, faz uma análise pessoal e divertida do povo português e de alguns hábitos nacionais.
A investigadora afirma, por exemplo, que os portugueses "vivem em casas pequenas mas adoram cães grandes", ao contrário da Austrália onde, mesmo com casas grandes, as pessoas preferem cães pequenos. Erin especula que isto talvez aconteça porque os portugueses levam mais vezes os seus animais de estimação a passear na rua.
Erin salienta, no artigo, que embora os portugueses estejam constantemente a avisar que falar português não é o mesmo que falar espanhol, é possível falar com um português em espanhol. "Parece que os espanhóis não têm esta capacidade", avisa a investigadora, "os portugueses conseguem compreendê-los (aos espanhóis) mas eles não percebem os portugueses".
Modestos e tímidos
Num outro parágrafo, a investigadora garante que a maior parte dos portugueses fala inglês melhor do que parece. "Não se admire se descobrir, ao fim de umas semanas, que o senhor do café fala um inglês perfeito, mesmo que peça desculpa por não falar a sua língua", diz Erin. Um fenómeno que a investigadora atribui ao facto dos portugueses serem "modestos e tímidos".
Sobre o vestuário, a autora do artigo considera que os portugueses gostam de roupa elegante mas "pouco ostensiva", pelo que "os homens normalmente vestem calças com polos e as mulheres saias com tops casuais mas bonitos".
Erin defende ainda que todo o país se revela extremamente cuidado com "calçadas de pedra", "bonitos azulejos que indicam os nomes das ruas", e modernos passeios nas zonas ribeirinhas. Comparando com outros países, a investigadora diz que os portugueses são "incrivelmente dedicados" às suas cidades.
Erin elogia ainda a qualidade dos vinhos e da rede de transportes públicos, "bem desenhada e esteticamente agradável", o sol que persiste ao longo do Verão e o facto das pessoas serem "educadas e prestáveis".
Apesar de tudo isto, diz a investigadora, os portugueses tendem a "subestimar o seu país. "Dizem que estão sempre em crise, que a burocracia é um pesadelo e que é tudo muito caro", afirma Erin.
Isso faz com que, conclui a australiana, "muitos portugueses queiram fugir para outro país, enquanto todos os outros parecem querer vir para cá".
Boas Notícias. Um Mundo em Crescimento.