sábado, maio 11, 2019

Museu do Dinheiro: Visita Guiada



Assista a mais um episódio do programa televisivo Visita Guiada, desta feita ao Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O Museu do Dinheiro, é, até agora, o melhor dos museus congéneres na Europa. A sua aliciante narrativa começa com um lingote de ouro que o público pode tocar (e tentar levantar) e segue com peças da colecção do Banco de Portugal (dono do museu) e com interacções multimédia. Como nasceu o dinheiro, como evoluiu, quem o fabrica, como - eis algumas das questões a que este museu responde. Tão ou mais relevante que o museu é o edifício onde está instalado: a antiga Igreja de São Julião, na Baixa Pombalina, foi maravilhosamente restaurada por uma notável dupla de arquitectos portugueses. Gonçalo Byrne, um dos arquitectos autores da requalificação da Igreja de São Julião, e Sara Brighenti, a directora do Museu do Dinheiro são os guias desta Visita.

quinta-feira, maio 09, 2019

Sei de um Ninho

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar…
Miguel Torga

O Bairro da Ameixoeira


Um bairro é uma unidade territorial de vida coletiva.
As identidades dos bairros não são imutáveis, como pode ver clicando aqui ou vendo a apresentação em baixo, sobre o Bairro da Ameixoeira, que resultou do trabalho de projeto de alguns alunos do 11º  E.

quarta-feira, maio 08, 2019

Bilhete De Identidade

Nasci branco de segunda
Calcinhas ou kaluanda
Nasci com os pés no mar
Em São Paulo de Loanda

Brinquei de pé descalço
Em poças de águas castanhas
Tive lagartas da caça
Não escapei às matacanhas

Comi manga sape-sape
Fruta-pinha tamarindo
Mamão a gente roubava
No quintal do velho Zindo

Pirolito que pega nos dentes
Baleizão, paracuca
E carrinhos de rolamentos
Numa corrida maluca

Tinha o Gelo, tinha a Biker
Miramar e Colonial
O Ferrovia, o Marítimo
Chás dançantes no Tropical

O N'Gola era só ritmo
O Liceu uma lenda
Kimuezo e Teta Lando
E os Ases do Prenda

Havia velhas que fumavam
E velhos com ar de sábio
Enquanto novas músicas
Se insinuavam na rádio

«E a cidade é linda
É de bem querer
A minha cidade é linda
Hei-de amá-la até morrer»



Quem não estudou no Salvador?
Quem não se lembra do Videira?
E das garinas de bata branca
Nossas colegas de carteira?

Depois havia o Kinaxixe
Futebol era nos Coqueiros
Havia praias, um mar quente
Savanas imensas, imbondeiros

E havia o som do vento
O cheiro da terra molhada
As chuvas arrasadoras
O fogo das queimadas

E havia todos os loucos
Do progresso e da guerra
A Joana Maluca, o Gasparito
A desgraça daquela terra

Nasci branco de segunda
Calcinhas ou kaluanda
Nasci com os pés no mar
Em São Paulo de Loanda
Nicolau Santos

terça-feira, maio 07, 2019

Avé Maria

Na sua visita ao Instituto Moammed VI, em Rabat, em março de 2019, no âmbito da viagem apostólica a Marrocos, o Papa Francisco foi presenteado com um momento musical inter-religioso. Três solistas interpretaram um arranjo musical feito a partir da soleníssima "Avé Maria" de Caccini, ao som da Orquestra Filarmónica Marroquina, misturada com orações do judaísmo e do islamismo.
Assim, neste concerto, um muçulmano canta uma oração em árabe, uma mulher judaica canta uma oração em hebraico e uma oração católica é cantada - a Avé Maria de Caccini .
No final do concerto, as três orações são cantadas em uníssono.
Uma lição de convivência entre cristãos, judeus e muçulmanos.
Aproveite esta jóia da paz e assista aos vídeos abaixo.
E agora o outro vídeo legendado em portugues.

segunda-feira, maio 06, 2019

1- Alertas Tecnológicos



1. O cerco da tecnologia - as chamadas, as mensagens recebidas, as notificações e os e-mails tornam-se perigos que nos assediam, colocando a nossa atenção sob controle, e impedindo-nos de relaxar.








2. Carlos Catañeda disse: “Enquanto te sentes a coisa mais importante do mundo, não podes verdadeiramente apreciar o mundo ao teu redor, porque és como um cavalo com vendas: só te vêa  ti, alheio a tudo o resto”.
A Internet, e especialmente as redes sociais, geram esse efeito aterrorizante, impedindo-nos de apreciar as coisas e as pessoas ao nosso redor.




3. O confessionário das redes sociais, onde a ruptura entre o privado e o público é clara.
De acordo com Bauman: “o espaço público é onde ocorre a confissão de segredos e intimidades particulares”.
A linha divisória entre os dois mundos foi obscurecida, esvaziando o sentido público de significado e subtraindo o poder de unir as pessoas ao privado.

domingo, maio 05, 2019

Quando Eu For Pequeno

Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.

Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.

Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.

Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
José Jorge Letria - "O Livro Branco da Melancolia"