sexta-feira, dezembro 05, 2025

Os Hutong

Os Hutong são uma janela aberta para o passado de Pequim, são vielas e becos estreitos repletas de casas com pátios, e séculos de cultura e arquitetura chinesas. Foram estabelecidos durante as dinastias Yuan, Ming e Qing e tornaram-se uma parte importante da cultura e do património histórico do país.

A palavra hutong vem do termo mongol hottog, que significa "poço de água". Com o tempo, este termo passou a descrever as pequenas vielas existentes entre fileiras de casas tradicionais com pátio, conhecidas como Siheyuan.  Foram construídos pela primeira vez durante a dinastia Yuan (1271–1368) para criar um tecido urbano mais organizado. Um siheyuan, um tipo tradicional de arquitetura chinesa, é caracterizado por um pátio central rodeado por edifícios em todos os quatro lados. Historicamente, era uma habitação de uma família alargada e um símbolo de riqueza, mas hoje é frequentemente adaptado para habitação moderna, escritórios e espaços comerciais, mantendo o seu design arquitetónico único. 

O layout organizava estas casas de acordo com a hierarquia familiar. A casa principal no lado norte era geralmente reservada aos membros mais velhos, enquanto as alas secundárias nas alas leste e oeste eram para os membros mais novos da família.

Estas vielas tranquilas e sinuosas são exclusivas de Pequim. Os Hutong moldaram a vida quotidiana de gerações e guardam histórias em cada esquina. Os Hutong são a espinha dorsal da velha Pequim, entrelaçando-se em torno da grande Cidade Proibida como uma rede viva da história. Às vezes são chamados "um museu ao ar livre da vida no pátio", onde a vida quotidiana, desde jantares em família até festivais, acontece à vista de todos.

Mas os Hutong estão a desaparecer rapidamente. Desde o fim do Dinastia Qing, mais de 70% dos hutongs de Pequim perderam-se devido ao desenvolvimento urbano. Em 2024, verificou-se que ainda sobreviviam cerca de 400 hutongs, oferecendo um vislumbre de um estilo de vida que está desaparecer a um ritmo alucinante. 

Como referi muitos hutongs foram demolidos, mas outros foram protegidos e agora são atrações turísticas que oferecem um vislumbre da vida tradicional chinesa. Caso vá até Pequim deixo-lhe agora alguns exemplos: O Beco de Dongjiaominxiang é o mais longo e historicamente abrigou embaixadas e bancos; a Rua Diagonal de Yandai é um exemplo de um bairro comercial com estilo tradicional; a Rua Liulichang é uma zona cultural e turística com lojas de antiguidades, caligrafia e pintura e o Ju'er Hutong é conhecido por abrigar a antiga residência de um ministro da dinastia Qing. 

É fácil avistar um "Siheyuan" ao caminhar pelos hutongs de Pequim. O Siheyuan é um tipo de residência tradicional com um rico património cultural. O projeto da área residencial da Vila Olímpica de Inverno de Pequim 2022 foi inspirado no Siheyuan. Assista ao vídeo para vivenciar a essência da cultura de Pequim através do Siheyuan.
Saiba mais sobre hutongs e siheyuan e veja como vivem as pessoas nestas bairros tradicionais de Pequim.
Veja agora como Pequim transforma os seus hutongs e casas com pátio Siheyuan.

quinta-feira, dezembro 04, 2025

I Believe To My Soul

Ouça BB King na canção de Ray Charles: I Believe To My Soul - (Ao vivo em África 1974).
One of these days and it won't be long
You're gonna look for me and I'll be gone

'Cause I believe (I believe, yes, I believe)
I say I believe right now (I believe, yes, I believe)
Well, I believe to my soul now
You're tryin' to make a fool of me
(I believe it, I believe it)

Well, you're goin' 'round here with your head so hard
I think I'm gonna have to use my rod

'Cause I believe (I believe, yes, I believe)
I say I believe right now (I believe, yes, I believe)
Well, I believe to my soul now
You're tryin' to make a fool of me
(I believe it, I believe it)

Last night you were dreaming and I heard you say
"Oh, Johnny" when you know my name is Ray

That's why I believe right now (I believe, yes, I believe)
I say I believe right now (I believe, yes, I believe)
Whoa-oh, I believe to my soul now
You're tryin' to make a fool of me now
(I believe it)

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Os Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa

Com uma história milenar, e uma grande diversidade cultural e paisagística, o território nacional tem verdadeiros tesouros mundiais.

Se quiser  viajar no tempo, poucos sítios do nosso país lhe vão permitir recuar tanto, como o Parque Arqueológico do Vale do Côa. Está classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1998.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa situado na região nordeste de Portugal, feita de imponentes montanhas e de um afluente do rio Douro cujo nome se tornou universal: é o Côa, que encerra no seu vasto vale um vigoroso ciclo artístico. Trata-se de uma incrível galeria ao ar livre de arte rupestre, ao longo de uma área com 17 km. 

Os sítios de arte rupestre do Vale do Côa, constituem uma rara concentração de arte rupestre composta por gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior (22 000–10 000 a.C.), situada ao longo das margens do rio Côa, nos municípios de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Pinhel.

O Vale do Côa apresenta mais de 1.200 rochas, distribuídas por 20 mil hectares de terreno com manifestações rupestres, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há mais de 25.000 anos.


Dizem que este é um dos mais importantes exemplares do Paleolítico superior, em todo o mundo.

Para ficar a conhecer melhor este Parque, veja agora o vídeo do Porto Canal sobre o Parque arqueológico do Vale do Côa e visita às gravuras rupestres.
E ainda ao vídeo Discover the messages of the Parque Arqueológico do Vale do Côa. 

terça-feira, dezembro 02, 2025

Sommersby – o retorno de um estranho

Sommersby – o retorno de um estranho é um filme (1993), dos géneros drama, romance e suspense, realizado por Jon Amiel que contou no elenco com Jodie Foster, Richard Gere e Bill Pullman

Este filme, baseado no famoso caso Martin Guerre, recebeu críticas positivas dos críticos, que elogiaram o desempenho e a química dos personagens principais, bem como da banda sonora.

Sinopse:
Jack Sommersby (Richard Gere), foi dado como morto na Guerra Civil Americana, contudo reaparece após seis anos. Antes rude e amargurado, o novo Jack é gentil e dedicado. A drástica mudança intriga sua esposa, Laurel (Jodie Foster), assim como os vizinhos. Enquanto Laurel se apaixona cada dia mais pelo “novo” marido, os demais moradores da região, certos de que há algo errado com Jack, tentam desvendar esse mistério. Filme que marcou época. Fala de uma segunda chance no amor.

segunda-feira, dezembro 01, 2025

O Hino da Restauração da Independência de Portugal

Assinala-se hoje, dia 1º de dezembro, o Dia da Restauração da Independência de Portugal, que comemora o fim do domínio espanhol em Portugal.

O "Hino da Restauração da Independência de Portugal", é um hino patriótico português composto em 1861, por Eugénio Ricardo Monteiro de Almeida, para a peça teatral: 1640 ou a Restauração de Portugal.

Este hino de grande popularidade, chegou até aos nossos dias a ser tocado nas comemorações oficiais do 1.º de Dezembro, sobretudo, a partir de 2012, como parte final do Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas, em Lisboa.

A peça de teatro 1640 ou a Restauração de Portugal, fruto da parceria dos dramaturgos Francisco Duarte de Almeida Araújo e Francisco Joaquim da Costa Braga, estreou-se no Teatro da Rua dos Condes, em Lisboa, em 1861. A estreia foi um sucesso, na qual os autores foram chamados quatro vezes ao palco, e prolongou-se com enchentes extraordinárias nas récitas subsequentes.

A letra original deste hino, de 1861, é a seguinte:

''Lusitanos, é chegado
O dia da redenção.
Caem do pulso as algemas,
Ressurge livre a Nação.

O Deus de Afonso, em Ourique
Dos livres nos deu a lei:
Nossos braços a sustentem
Pela Pátria, pelo Rei.

Refrão:
Às armas, às armas,
O ferro empunhar;
A Pátria nos chama,
Convida a lidar.

Excelsa Casa, Bragança
Remiu cativa nação;
Pois nos trouxe a liberdade,
Devemos-lhe o coração.
Bragança diz hoje ao povo:
"Sempre, sempre te amarei"
O povo diz a Bragança
"Sempre fiel te serei".

Às armas, às armas...

Esta c'roa portuguesa
Que por Deus te foi doada
Foi por mão de valerosos
De mil jóias engastada.

Este ceptro que hoje empunhas,
É do mundo respeitado,
Porque em ambos hemisférios
Tem mil povos dominado!

Às armas, às armas...

Nunca pode ser sujeita
Esta nação valerosa
Que do Tejo até ao Ganges
Tem a história tão famosa.

Ama-a pois, qual o merece;
Ama-a, sim, nosso bom rei
Dos inimigos a defende,
Escuda-a na Paz, e Lei.

Às armas, às armas...

Ai! Se houver quem já se atreva
Contra os Lusos a tentar,
O valor de um povo heróico
Há-de os ímpios debelar.

Viva a Pátria, a Liberdade,
Viva o regime da Lei,
A Família Real viva,
Viva, viva o nosso Rei!

Às armas, às armas..."

domingo, novembro 30, 2025

O Porto É Só...

Porto - Dórdio Gomes (1953)
 "O Porto é só uma certa maneira de me refugiar na tarde, forrar-me de silêncio e procurar trazer à tona algumas palavras, sem outro fito que não seja o de opor ao corpo espesso destes muros a insurreição do olhar. 

O Porto é só esta atenção empenhada em escutar os passos dos velhos, que a certas horas atravessam a rua para passarem os dias no café em frente, os olhos vazios, as lágrimas todas das crianças de S. Victor correndo nos sulcos da sua melancolia. 

O Porto é só a pequena praça onde há tantos anos aprendo metodicamente a ser árvore, procurando assim parecer-me cada vez mais com a terra obscura do meu próprio rosto. 

Desentendido da cidade, olho na palma da mão os resíduos da juventude, e dessa paixão sem regra deixarei que uma pétala poise aqui, por ser tão branca".