sábado, junho 25, 2022

As "burneshas": Mulheres Albanesas Que Vivem Como Homens

As "burneshas" são mulheres que, geralmente na adolescência, fizeram um juramento de castidade e abandonaram vestuário, corte de cabelo e trejeitos femininos, para assumir o papel social de homens.

Em famílias sem herdeiros masculinos, uma das filhas era educada para suceder ao pai no comando de tudo o que à família dissesse respeito. 
 
Em vias de extinção, esta estratégia era usada para manter a honra ou garantir a sucessão de famílias sem filhos varões, e teve lugar em regiões isoladas do norte da Albânia e também, pontualmente, no Montenegro, Kosovo e Macedónia.

Se uma mulher não quisesse casar com o homem a quem havia sido prometida, tinha como "saída" a conversão à personalidade masculina. Seria a única maneira, de preservar a honra da família do pretendente preterido, sem o que se instalaria uma "rixa de sangue" com baixas sucessivas de lado a lado.

Como até cerca de 1920, cerca de 30% da população masculina adulta do país (região) perecia em "rixas de sangue" - honra a todo o custo - o "deficit" de candidatos a chefes de família foi o principal catalisador da existência das "burneshas". O que costumava ser um uma tradição comum no século XV ainda permanece viva em algumas áreas rurais do norte da Albânia.
 
Desde há alguns anos, que os albaneses vêm questionando o carácter de "atração de circo" que recai sobre estas mulheres (das quais, atualmente se estima que existam cerca de 60, de um modo geral, idosas) e aborrecem-se com a atenção dada a este arcaísmo fora do seu contexto.
 O fotógrafo Jill Peters fotografou algumas "burneshas" - mulheres albanesas que decidiram por iniciativa própria viver como homens, ou que tiveram que assumir essa identidade por mando da família. 
Jill explica: "A liberdade de votar, dirigir, ter um negócios, ganhar dinheiro, beber, fumar, possuir armas ou vestir calças era tradicionalmente da competência exclusiva dos homens. As meninas eram comumente forçadas ao matrimónio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto de virgindade, se tornando "burneshas", o que elevava a mulher à condição de homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população masculina". (...)     
 (...) "A fim de manifestar a transição, as mulheres deveriam cortar o cabelo, passar a vestir roupas masculinas e às vezes até mudar de nome. As atitudes e os gestos masculinos eram praticados por elas até se tornarem naturais. 
E o mais importante de tudo: as burneshas deveriam fazer um voto de celibato e permanecer castas por toda a vida. "Ela" tornava-se "ele". Esta prática ainda hoje continua, mas com o avanço da modernização em direção às pequenas aldeias, esta tradição arcaica é cada vez mais vista como obsoleta. Apenas algumas "burneshas" mais velhas permanecem".
Jill também verificou que estas mulheres são muito respeitadas nas suas comunidades: "Elas possuem uma quantidade indescritível de força e orgulho, além de honrarem a família acima de tudo. A sua transição absoluta é totalmente aceite sem questionamentos pelas pessoas com quem convivem. Mas o mais surpreendente é que não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros sacrifícios pelos quais passam".       

sexta-feira, junho 24, 2022

São João Menino

"Festa Junina" - Militão Dos Santos (2009)
 Aqui,

na noite antiga de garoa e frio fino,

subiam balões de luz

em honra do primo de Jesus,

São João Menino.


E em nosso coração

cada balão,

subindo rápido e em linha reta,

era o próprio João Menino

se transformando em João Profeta.


Era o profeta

que parecia o clarão da madrugada,

antecedendo a chegada

do grande Sol nascente, da maior luz:

o Cristo Jesus.

Ruth Salles - Poetisa brasileira 

quinta-feira, junho 23, 2022

Maastricht: Cidade de Origem dos Brum Faialenses

Maastricht é uma cidade dos Países Baixos. Contava com 122 491 habitantes em 2017 sendo uma das mais antigas cidades daquele país e, hoje, é capital da província de Limburgo. Espalha-se por ambas as margens do rio Mosa, na extremidade sudoeste dos Países Baixos, num território estreito, encravado entre a Bélgica e a Alemanha. O nome da cidade deriva dos seus nomes latinos, Traiectum ad Mosam e Mosae Traiectum (Travessia da Mosa), que se refere à ponte construída pelos romanos durante o reinado de César Augusto.

Há várias instituições que se localizam na cidade, entre as quais a Universidade de Maastricht e o Museu Bonnefanten, de arte.

Foi nesta cidade que, no ano de 1992 foi assinado o tratado de Maastricht, que substituiu o tratado de Roma de 1957. Tinha, como objetivo principal, a unificação monetária europeia, através do Euro, realizada em 1 de janeiro de 2002.

Mas, Maastricht, é também a cidade de origem dos Brum faialenses.

Brasão dos Brum faialenses
Guilherme de Brum (Wilhelm van der Bruyn Kamasch), natural de Maastricht,  no último quartel do século XV (aproximadamente em 1480) emigrou para a Ilha da Madeira, talvez porque esta ilha tenha sido um polo de atração da cultura e comércio do açúcar que,  nos primeiros tempos do séculos XV, atraiu tanta gente (judeus, genoveses, venezianos, flamengos e franceses).

Guilherme de Brum casou com Violante Vaz Ferreira Pimentel. Ele e os filhos, ou só os filhos (António, Catarina e Cosme de Brum) migraram para a ilha açoriana do Faial onde se fixaram e se espalharam pelas ilhas, colónias  e terras portuguesas.

Fontes: Armorial Lusitano; Famílias Faialenses (Marcelino Lima) e Imigração e Emigração nas Ilhas (Região Autónoma da Madeira)

quarta-feira, junho 22, 2022

O Bullying & o Cyberbullying

"Bullying", também chamado de intimidação sistemática, intimidação vexatória, violência escolar, significa o uso de força física, ameaça ou coerção para abusar, intimidar ou dominar agressivamente outras pessoas de forma frequente e habitual.

Os comportamentos usados para afirmar esta dominação podem incluir assédio verbal ou ameaça, abuso físico ou coerção, e tais atos podem ser direcionados repetidamente contra alvos específicos.

Já o termo "Cyberbullying" corresponde às práticas de agressão moral organizadas por grupos, contra uma determinada pessoa e alimentadas via internet. Por outras palavras, o "cyberbullying" é um assédio moral que corresponde à manifestação de práticas hostis (via tecnologias da informação). Este "bullying" virtual tem o intuito de ridicularizar, assediar e/ou perseguir alguém de forma exacerbada.

O "cyberbullying" é a violência virtual que ocorre geralmente com as pessoas tímidas e indefesas, ou simplesmente por não caírem na simpatia dos tiranos.

Pesquisas revelam dados assustadores sobre os ataques por meio da internet, onde um em cada dez jovens já sofreu um ataque virtual.

Normalmente, os agressores criam um perfil falso na internet com o objetivo de intimidar e ridicularizar a sua vítima, o que pode ser feito através de montagens de fotos pornográficas com o rosto do agredido, por exemplo. A pessoa que comete o "cyberbullying" é chamado de "cyberbullie".

O que fazer para combater estes fenómenos?  Informando e prevenindo. Foi o que fizemos em maio, na Escola Secundária do Lumiar, em duas sessões sobre Cidadania e Direitos Humanos, uma com o 12º C e outra com o 9º G, exatamente sobre Bullying e Cyberbullying, como pode ver clicando aqui ou vendo os vídeos abaixo.

Agora outro.

Ainda outro.

terça-feira, junho 21, 2022

Maio, em Lisboa

Um dos objetivos que se pretendeu atingir quando estivemos na Roménia, no âmbito do KA2 Strategic Human Rights, com as ONG Cai (Portugal), Poliana (Grécia), Fundacja Dobra Wola (Catalunha, Espanha) e Idei si proiecte pentru tineri activi (Roménia), apoiada pelo Programa Erasmus da UE, foi a partilha da informação e do que ali se aprendeu. Assim, aqui está o nosso contributo. 

Em maio realizaram-se duas sessões sobre Cidadania e Direitos Humanos, uma com o 12º C e outra com o 9º G, na Escola Secundária do Lumiar, sobre Bullying e Cyberbullying. Aqui lhe deixo uma apresentação com o resultado deste trabalho. 

Ora veja.

segunda-feira, junho 20, 2022

Março, em Bucareste

Body Mapping

O Grupo de Trabalho
Março (5-6), em Bucareste, foi tempo de formação, no âmbito do KA2 Strategic Human Rights, com as ONG Cai (Portugal), Poliana (Grécia), Fundacja Dobra Wola (Catalunha, Espanha) e Idei si proiecte pentru tineri activi (Roménia), apoiada pelo Programa Erasmus da UE.


O trabalho desenvolvido foi proveitoso, interessante e intenso e as atividades realizadas foram muitas: "Confronting cyberbullying", "Body mapping", "Human Rights and Literature" e "Bogardus Scale".

Aqui lhe deixo algumas imagens.



domingo, junho 19, 2022

Porque é que somos “alfacinhas”?

Quando se fala em "alfacinhas", sabemos que nos estamos a referir aos lisboetas. Sabemo-lo desde sempre. Mas será que sabemos  porquê?

O termo ou a alcunha, "alfacinhas" ficou popularizado pelo escritor português Almeida Garrett, na obra "Viagens na Minha Terra", na qual o autor refere, a dada altura: "Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço".

Mas já antes eram os lisboetas referidos como alfacinhas. Não há provas científicas ou estudos de caso que comprovem a origem do nome, mas há teorias que recorrem à história para o tentar justificar.

Uma das teorias centra-se no facto de existirem muitas plantações de alface que enchiam as colinas da cidade. Isto terá acontecido na altura da ocupação árabe, no séc. VIII d.C, e terão sido os árabes a plantá-las. Ora, a palavra árabe que designava a alface era "Al-Hassa", tendo-se transformado em "alface" em português. Daí, por conseguinte, os "alfacinhas".  

Por outro lado, diz-se que o termo "alfacinha" foi atribuído aos lisboetas pelas populações das terras circundantes à capital. Reza a lenda que os lisboetas apelidaram estas populações de "saloios" e, quase em jeito de "moeda de troca", estes apelidaram os lisboetas de alfacinhas. Mas porquê? Porque os lisboetas domingueiros, a partir do séc. XIX, adquiriram o hábito de passear por estas terras (ir às hortas), usando um laço ao pescoço. Ora, para os "saloios", estes laços (farfalhudos) faziam lembrar alfaces ao pescoço. 

Mas as teorias não ficam por aqui! Há ainda mais uma que tenta justificar esta alcunha dos habitantes de Lisboa: há quem diga que os lisboetas são alfacinhas, porque não saem muito da sua cidade, tal como as alfaces que estão presas à terra. 

Como vimos teorias há muitas. Mas, qual a verdadeira origem deste nome, não se sabe ao certo, mas que nos identifica e já faz parte de nós, isso é irrefutável. Seja de que forma for, continuaremos alfacinhas e com orgulho na nossa cidade.