sábado, junho 14, 2025

O Zé Povinho

Zé Povinho é uma personagem satírica de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro.

Surgiu pela primeira vez na 5.ª edição do periódico "A Lanterna Mágica", a 12 de Junho de 1875, na caricatura intitulada "Calendário Portuguez", alusiva aos impostos, onde se representa o então Ministro da Fazenda, Serpa Pimentel, a sacar ao Zé Povinho uma esmola de três tostões para o Santo António de Lisboa (representado por Fontes Pereira de Melo) com o "menino" (D. Luís I) ao colo, tendo ao lado o comandante da Guarda Municipal, de chicote na mão, presente para prevenir uma eventual resistência.

O Zé Povinho acabou de fazer 150 anos. É uma personagem genial que, há século e meio, dá corpo e cara ao povo português - com ironia, crítica e um certo desalento, mas sempre de punho cerrado. 

O Museu Bordalo Pinheiro celebra este aniversário com exposições e conteúdos especiais que mostram como o atravessou regimes, reinventou-se com novos autores e nunca deixou de ser atual. É que o "" não morre: transforma-se. Continua a representar um povo que resiste, que refila, que sofre… mas que não desiste.

Assinalando os 150 anos do Zé Povinho, os 51 anos do 25 de Abril e os 50 anos das independências dos PALOP, assista a um excerto de um filme (1978) de Lauro António: O Zé Povinho Na Revolução.
E agora assista o saudoso Luís Aleluia ao vivo numa paródia (mais recente) sobre o Zé Povinho (FadoTV).

sexta-feira, junho 13, 2025

Responso ou Responsório a Santo António

 "Responso" e "Responsório" são palavras com significados relacionados, mas não são exatamente sinónimos. "Responso" refere-se a uma antífona ou versículo que se canta ou recita em cerimónias religiosas, especialmente nos ofícios de defuntos. Pode também referir-se a uma prática popular de oração a santos, como Santo António, para encontrar coisas perdidas ou em momentos de desespero. Já "Responsório" é a coleção ou série de responsos, ou um livro de cânticos que os contém. 

Responso ao Santo António
Para encontrar coisas perdidas ou roubadas

Bendito e louvado seja Santo António,
Sol brilhante que em Lisboa,
França e Itália, deu luz a mais rutilante.
Ó beato Santo António, que ao monte Sinai subiste,
O teu Santo Breviário perdeste, em buscra dele
Volveste muito triste
E uma voz do céu ouviste:
- “António, torna atrás, o teu santo Breviário
Acharás em cima dele Jesus Cristo vivo, três coisas lhe pedirás:
O perdido achado, o esquecido lembrado e o vivo guardado”.

Se milagres desejais,
Recorrei a Santo Antônio;
Vereis fugir o demônio
E as tentações infernais.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.


Todos os males humanos
Se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro, a morte,
O fraco torna-se forte
E torna-se o enfermo são.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

V: Rogai por nós, bem-aventurado Antônio.
R: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Responsórios de Santo Antônio by patativa52

quinta-feira, junho 12, 2025

Lisboa Está Em Festa

Estamos em junho. Lisboa está em festa. 

Em junho Lisboa anima-se de luz, cor e música para a comemoração dos Santos Populares, em particular de Santo António

Os Casamentos de Santo António em Lisboa acontecem todos os anos no dia 12 de junho, na véspera do Dia de Santo António, o Santo Casamenteiro. É uma tradição anual na cidade, onde 16 casais, selecionados, celebram o casamento, recebendo a bênção de Santo António. 

A noite de 12 para 13 de junho é conhecida como a Noite de Santo António

Aproveitando o início do verão e o bom tempo, os alfacinhas (e não só), deslocam-se para os arraiais que se realizam nos bairros históricos como a Madragoa, Graça, Alfama, Mouraria, etc., onde a música, a alegria, as sardinhas assadas, as febras e o chouriço grelhados, são presença obrigatória. 

Ainda na noite de 12 para 13 de Junho, na Avenida da Liberdade, desfilam as Marchas Populares com os seus fatos típicos, que representam cada uma dos bairros tradicionais de Lisboa.

É uma festa tipicamente lisboeta, que todos os anos atrai milhares de pessoas às ruas da cidade, e que só termina de madrugada.

O homenageado por todas estes eventos é o Santo António, que em 1934 foi declarado Padroeiro de Portugal e que em 1946 foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII.

Santo António é considerado o protetor das coisas perdidas, o protetor dos casamentos e o protetor dos pobres. É considerado também o Santo dos milagres, pois fez muitos ainda em vida. Durante as suas pregações nas praças e igrejas, muitos cegos, surdos, coxos e muitos doentes ficavam curados. 

quarta-feira, junho 11, 2025

Beija-me Depressa

Próximos que estamos de celebrar o Santo António, conhecido como santo casamenteiro, aqui lhe deixo uma receita de um docinho que vai fazer acelerar o processo do enlace.

Beija-me Depressa é um docinho do tipo conventual que faz parte da Gastronomia da Estremadura.

Este bolinho foi criado em 1960, quando Jacinto Teixeira de Carvalho, o fundador da pastelaria Estrelas de Tomar, encontrou, seguiu e cozinhou diversas receitas da doçaria portuguesa e registou estes doces com origem tomarense. 

O fundador da pastelaria inspirou-se na doçaria conventual para chegar até ao nome destes pequenos beijos. 

Ingredientes: 
225 g de açúcar
1 colher (sopa) de manteiga
12 gemas
2 colheres (sopa) de farinha de trigo peneirada
Água q.b.
Óleo para untar
Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Preparação:
Leve ao lume brando o açúcar com água (o suficiente para cobrir o açúcar) e deixe ferver até atingir o ponto de pérola (quando a calda escorre da colher formando um fio cuja extremidade é semelhante a uma pérola).
Retire do lume, misture imediatamente a manteiga à calda e deixe amornar.
Adicione as gemas, uma a uma, mexendo a cada adição e em seguida coloque a farinha de trigo, aos poucos, misturando bem.
Leve novamente ao lume brando, até obter ponto de estrada, ou de bala mole (quando ao passar uma colher de madeira na panela onde está sendo feita a calda, o fundo se torna visível, formando uma estrada).
Coloque essa massa numa travessa untada com óleo e deixe-a repousar de um dia para o outro.
No dia seguinte, faça bolinhas com a massa, polvilhe-as com açúcar de confeiteiro e coloque em forminhas de papel.

terça-feira, junho 10, 2025

Camões & Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas

Hoje é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Luiz Vaz de Camões, está a ser homenageado por Portugal nos 500 anos do seu nascimento, pois terá nascido em 1524. Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. 
A biografia incerta do poeta, desde o desterro até às suas viagens, moldou a obra de Luís Vaz de Camões (1524?-1580). 
Luís Vaz de Camões é autor dos Lusíadas, o poema épico sobre as descobertas portuguesas. A importância da sua obra só foi reconhecida após a sua morte. A sua influência na literatura portuguesa é enorme, com obras como: Os Lusíadas, os Sonetos e as Rimas
Camões é reconhecido como o poeta nacional de Portugal, e considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. 
Celebrando este dia deixo-lhe aqui dois sonetos sobejamente conhecidos deste poeta português.

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
                        
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
 

segunda-feira, junho 09, 2025

The Dynasty (A Dinastia)

István Tiborcz
The Dynasty é um filme (2025) realizado por Máté Fuchs e Bálint Bíró ambos húngaros.

A história contada neste filme, é produzida pelo centro de reportagem investigativa Direkt36, em colaboração com cineastas independentes.

Sinopse:
A Dinastia mostra como István Tiborcz, genro de Viktor Orbánconstruiu um império de imóveis de luxo e empresas financeiras e de logística, tornando-se um dos homens mais ricos da Hungria.

domingo, junho 08, 2025

Súplica Cearense

O fenómeno da seca no Nordeste brasileiro não é só de hoje. A saga dos sertanejos (retirantes) fugindo da seca tem servido de inspiração a diferentes gerações de artistas, em vários campos criativos.  

Hoje deixo-lhe aqui a música Súplica Cearense que é considerada um Hino do Ceará. Ouça-a aqui na voz do cantor brasileiro Fagner e preste atenção à letra.
"Súplica Cearense", é um retrato emocionante e profundo das adversidades enfrentadas pelo povo do sertão nordestino, especialmente do Ceará, diante das severas secas que assolam a região. A letra da música é uma oração, um clamor ao divino por misericórdia e alívio das condições áridas que tanto castigam a terra e seu povo.

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará