sábado, outubro 29, 2022

O Pai Tirano

O Pai Tirano (1941) é um filme português de António Lopes Ribeiro que conta no elenco com: Vasco Santana, Ribeirinho, Leonor Maia, Barroso Lopes, Graça Maria, Luísa Durão, Laura Alves e Eliezer Kamenesky.

O Pai Tirano é um dos maiores e mais representativos sucessos da época dourada do cinema português. 

Este filme é considerado a maior obra-prima do cinema em Portugal. É, também, considerado pelos especialistas, pelos fãs e pelos maiores cineastas internacionais como "O Melhor Filme Português de Sempre", incluindo "o maior clássico do cinema português". Foi, também, o maior desempenho de Vasco Santana no cinema, depois de  "A Canção de Lisboa" e antes de «O Pátio das Cantigas», a estreia de João Villaret no cinema e o início do sucesso de Ribeirinho.

Sinopse: 

O filme retrata a tempestuosa paixão de um jovem amador dramático, caixeiro nos Armazéns Grandella, por uma simpática empregada da Perfumaria da Moda.

O protagonista é Chico Mega (Ribeirinho), empregado de sapataria dos Grandes Armazéns do Grandella, que nutre uma grande paixão por Tatão (Leonor Maia), empregada na Perfumaria da Moda. Esta, por seu turno, é cortejada por Artur Castro (Arthur Duarte), um bon-vivant. Como Tatão é uma fervorosa cinéfila, Chico esconde-lhe que é ator num grupo de teatro amador: os "Grandelinhas", dirigidos pelo mestre José Santana (Vasco Santana). Do grupo fazem também parte Gracinha (Graça Maria), apaixonada por Chico, Dona Cândida (Luísa Durão), Lopes (Barroso Lopes), Seixas (Seixas Pereira), o contrarregra Machado (Armando Machado) e o ponto Pinto (Reginaldo Duarte). O grupo decide levar à cena a peça "O Pai Tirano ou o Último dos Almeidas".

Enquanto que o Mestre Santana procura ocultar de Gracinha a paixão de Chico por Tatão, este resolve albergar-se na mesma pensão onde mora Tatão, só para ficar mais próximo dela. A pensão é dirigida por Dona Emília (Emília de Oliveira), auxiliada pela criada Laura (Laura Alves) e entre os hóspedes encontram-se o contabilista Prata (Joaquim Prata), a dactilógrafa Amélia (Nelly Esteves) e o refugiado russo Ciriloff (Eliezer Kamenesky). Tatão vai rejeitando os avanços de Chico até ao dia em que ela erroneamente se convence que Chico é o herdeiro rico de uma família aristocrata.

Decide então aceitar o pedido de namoro de Chico e pede-lhe para conhecer a sua família. Confrontado com esta situação, Chico resolve pedir ajuda ao Mestre Santana, que decide ensaiar um ato da peça num palacete onde trabalha como governanta a sua prima Teresa (Teresa Gomes), uma alcoólica inveterada. Conseguem enganar Tatão, até ao dia em que Artur descobre que Chico é ator e resolve convidar Tatão e todos os hóspedes da pensão para a estreia da peça.

sexta-feira, outubro 28, 2022

Cabra-Cega

Ouça a cantora Márcia em "Cabra-Cega"  (vídeo oficial).

Ana Márcia de Carvalho Santos (1982) é uma cantora e compositora portuguesa.

Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes e estagiou em cinema documental, mas à parte da sua formação académica frequentou o curso de canto na Escola de Jazz Hot Clube. Fez parte do grupo popular Real Combo Lisbonense.

Zero a zero, não me espanta o impasse

Se você quer, escondo o medo sem mostrar como o faço

No entanto amargo a cada som que não me sai, que adormeço

Tenho cara de quem morde mas apenas sou o que mereço

Uma oração pra perder o meu embaraço

Em hora sã hei-de por termo ao que só me traz cansaço

A cada cara à minha volta que me fita só que eu não posso ver

Que tem a fé num perfeito que eu não sei fazer

E eu sei de mais ou menos cem

Quiçá eu não apareço hoje...

Quero ficar bem a sós

Amuada no meu canto e a aquecer a voz.

Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é culta

Mas também, sorrir sai mais barato que cuspir pensamentos à solta

E olha quem, tem a fome da sinceridade ao menos não te dei a volta

E eu não volto a jogar à cabra-cega com usted

Nunca sei porquê o maltrato é um unguento

Que sem ninguém ver vai guardando cimento

A cada cara à minha volta vou lhe dizer só que eu não posso mais...

Quero sedar o meu som confinar-me a afinar em silêncio


Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é esperta

Mas também, fugir pra ti faz parte de investir na pessoa certa

E olha quem vem agora pra ficar é que eu ao menos não deixei aberta

A minha porta a ver quanto tempo sobra pra quem vem

A minha porta a ver quanto tempo sobra

Eu sei que é fácil de montar o aparato da menina que é culta

Mas também sorrir sai mais barato que cuspir pensamentos à solta...

E olha quem tem a fome da sinceridade ao menos não te dei a volta

E eu não volto a jogar à cabra-cega com usted

E eu não volto a jogar à cabra-cega

E eu não volto a jogar à cabra-cega

E eu não volto a jogar à cabra-cega

quinta-feira, outubro 27, 2022

O Jogo da Cabra-cega

A Cabra-cega é um jogo conhecido em toda a Europa. Na França é denominado como colin-maillard, em homenagem a um homem chamado Colin, que numa luta medieval, ficou cego.

Na Itália chama-se Mosca cieca ("mosca cega"); na Alemanha, Blindekuh ("vaca cega"). Nos Estados Unidos a brincadeira é conhecida como blindman’s buff. A cabra-cega é uma brincadeira extremamente comum em vários países ao redor do mundo.

Na Idade Média e na Era Vitoriana, era um divertimento aristocrático: na Casa dos Tudor (dinastia inglesa que reinou entre 1485 e 1603), os jogos de cabra-cega eram opção para recreação.

F. Goya - Cabra-cega

Acredita-se, contudo, que esta brincadeira tenha surgido durante a Dinastia Zhou, da China, perto do ano 500 a.C. Há quem defenda também que a Cabra-cega é uma brincadeira de crianças surgida há mais de 2.000 anos atrás, na Grécia. Hoje em dia é um jogo infantil, mas na Idade Média foi um passatempo palaciano. 

A cabra-cega é, portanto, um jogo recreativo infantil (uma brincadeira a partir dos 6 anos) que estimula a atenção, a concentração e a orientação espacial.

Nesta brincadeira um dos participantes, de olhos vendados (escolhido ou sorteado), será a cabra-cega e, procura adivinhar e apanhar os outros participantes da brincadeira. Aquele que for agarrado, passará a ficar com os olhos vendados. Neste jogo não há um número certo de jogadores e o material necessário é apenas uma venda para tapar os olhos da pessoa que faz de cabra-cega.

O jogo começa com os jogadores a fazer uma roda à volta da cabra-cega que está de joelhos e, claro, de olhos tapados, entretanto começam a dizer o seguinte:

"Cabra-cega, donde vens?"
"Venho da serra."
"O que me trazes?"
"Trago bolinhos de atum."
"Dá-me um!"
"Não dou."

Depois, começam todos a dizer "Gulosa, gulosa, gulosa,…" e a fugir, até que ela, ao apanhar alguém, terá de adivinhar quem é. Se assim for, essa pessoa passa a ser a cabra-cega. Antes de começar a apanhar, dá três voltas sobre si mesma, enquanto fogem os jogadores cantando:

"Cabra-cega! Cabra-cega! Tudo ri, mãos no ar, a apalpar, tatear, por aqui, por ali. Tudo ri! Cabra-cega! Cabra-cega! Mãos no ar, apalpando, tateando, por aqui, por ali, agarrando o ar! Tudo ri…"

Se a cabra-cega sair do local, poderá ser avisada pelos jogadores da seguinte forma: "Cabra-cega o que perdeste?"
"Fina ou grossa?"
"Fina" ou "Grossa"
"Então anda achá-la."

quarta-feira, outubro 26, 2022

A Borlunga, Quissângua ou Mageu

A Borlunga como é conhecida no sul de Angola e em especial em Moçâmedes - Namibe, é uma bebida agradável e energética. Também é conhecida por Quissângua (ou Garapa). 

A Kissangua é uma bebida tradicional do povo Ovimbundu do sul de Angola. A sua forma original é feita de milho a germinar designado em umbundu de osovo. É uma bebida tradicionalmente obtida a partir de produção artesanal, contudo, na atualidade há a produção industrial da mesma.

A maioria das pessoas fabricam esta bebida com fuba ou sêmola de milho (ver vídeo abaixo), batata doce , arroz, ou mesmo Massambala, contudo pode ser fabricada com frutos, em especial o abacaxi que é posto a fermentar. A mais comum é a feita com fuba e a sua fabricação estende-se até à África do Sul, onde é produzida industrialmente e conhecida por: "Mageu". 

A receita de "Borlunga" ou "Quissângua" que lhe deixo aqui é feita com as cascas do abacaxi e com a parte dura existente no centro do fruto. 

Preparação:

1 - Descascar o abacaxi generosamente deixando um bom bocado da polpa do fruto agarrada à casca e retirar o centro duro do fruto. Não utilizar as rodelas do abacaxi. Podem-se comer ou fazer-se uma salada de frutas com elas. 

2 - Cortar as cascas e o centro em bocados e colocá-las a cozinhar com pouca água. 

3 - Fazer, com o preparado anterior, uma pasta com o pilão ou com a varinha mágica. Deitar essa pasta num garrafão dos de água (de 5 L). 

4 - Encher o garrafão até cerca de 2/3 da sua capacidade com água. Acrescentar, depois, uma chávena de açúcar e para facilitar a fermentação juntar uma colher de chá de "fermipan". 

5 - Fechar o garrafão com a rolha. Este deve ser colocado depois numa varanda sem exposição direta ao sol (não sei se o sol prejudica ou não a fermentação, mas os garrafões em Angola eram pendurados à sombra duma árvore, talvez para o vento ir agitando a bebida). 

6 - No verão, ao fim de dois dias a bebida está pronta. Deve em seguida ser transferida para garrafas de água, depois de ser passada por um coador. As garrafas de bebida devem ser colocadas na geleira (frigorifico). É uma bebida muito agradável e nutritiva, posso dizer mesmo deliciosa, quando tomada bem geladinha. 

- Normalmente usa-se o garrafão para mais dois fabricos e depois começa-se com novo abacaxi. Durante o fabrico, uma ou duas vezes por dia, deve agitar-se a mistura e tirar-se a pressão do CO2 produzido no processo de fermentação. A fermentação não se completa para o açúcar não aumentar o teor alcoólico que se deseja muito baixo ou quase nulo. 

Cuidado: Esta bebida é tão boa, tão boa, que pode produzir viciação e tornar-se num borlungo-dependente. 

Divirta-se fabricando e saboreando esta deliciosa bebida.

Faça bom proveito.

terça-feira, outubro 25, 2022

O Machimbombo

Embora o Dicionário Eletrónico Houaiss diga que o vocábulo machimbombo é de origem controversa, o Dicionário da Língua Portuguesa de 2008, da Porto Editora, considera que se trata de uma palavra vinda "do inglês, machine pump, bomba mecânica".

Machimbombo é , portanto "ascensor mecânico; qualquer veículo pesado e ronceiro" e, em Angola e Moçambique, "autocarro de transporte público".



Além das fotografias e do texto ao lado e abaixo, da Ilustração Portuguesa n.º 386, 17.07.1913, serem muito curiosos e interessantes, fique-se então a saber que machimbombo não é uma palavra com origem em África, mas que já se usava em Portugal no início do século XX.





O que aqui está ao lado é o antecessor do eléctrico 28, sempre cheio de turistas e alguns ladrões e que muitos de nós continuamos a utilizar.




Machimbombo da Bica, Machimbombo do Lavra... ficava realmente muito extenso.



Concluindo, a palavra Machimbombo é, portanto, uma palavra bem portuguesa que significa elevador mecânico (Ascensor mecânico para ladeiras íngremes = Elevador), mas que caiu totalmente em desuso. 




Em África (Angola e Moçambique) significa: grande veículo automóvel de transporte coletivo de passageiros, ou seja, Autocarro.  Este termo aparece, por vezes, como sinónimo de carro velho =  Carripana e Cangalho.

domingo, outubro 23, 2022

Tuareg

Ouça o cantor brasileiro Lulu Santos em Tuareg.

Na areia branca

Do deserto escaldante

Ele nasceu, cresceu guerreando

Caminhando dia e noite

No deserto sem errar

Pois com muita fé

Ele só pára rezar

Pois pela direção do sol e das estrelas

No oásis escondido

Água ele vai achar

Pois o homem de véu azul

É o prometido de Alá

Galopando seu cavalo preto brilhante

Ele vem todo dia azul

Orgulhoso e confiante

Trazendo seu rifle embalado

Sua adaga tira-colo

Sempre pronto para o que der

E o que vier

Pois ele é sentimental

Humano, é nobre é mouro

È muçulmano

Pois ele é guerreiro

Ele é bandoleiro

Ele é justiceiro

Ele é mandingueiro

Ele é um tuareg.


Pois ele é guerreiro

Ele é bandoleiro

Ah! Ele é justiceiro

Ele é mandingueiro

Ele é um tuareg