Sati ou suttee é um antigo costume existente entre algumas comunidades hindus, hoje em dia proibido pelas leis do
Estado Indiano (datando a atual legislação indiana que o proíbe apenas de
1987), que obrigava (no sentido honroso, moral, e de prestígio) a esposa viúva devota, a sacrificar-se viva na fogueira da pira funerária do marido, morto.
O termo deriva do nome original da deusa Sati, também conhecida como Dakshayani, que se auto imolou, porque foi incapaz de suportar a humilhação do seu pai Daksha, por viver quando o seu marido Shiva morreu. O termo também pode ser usado para referir-se à viúva. O termo sati agora é às vezes interpretado como mulher honesta.
O sati era supostamente uma prática que deveria ser voluntária mas sabe-se que muitas vezes foi forçado, nas mulheres do subcontinente indiano. Deixando de lado a questão da pressão social, existem muitos relatos de suicídios forçados de mulheres neste ambiente sociocultural.
O espetáculo de viúvas devoradas pelas chamas constituiu, compreensivelmente, objeto de choque para numerosos viajantes que visitaram o subcontinente ao longo dos séculos.
Os principais visitantes estrangeiros que deixaram registos desta prática eram da Ásia Ocidental, a maioria muçulmanos, e mais tarde, os europeus. Ambos os grupos ficaram fascinados com a prática, às vezes descrita como horrível, mas também, muitas vezes descrita como um ato de devoção incomparável.
Ibne Batuta descreve a cena, mas disse que ele caiu ou desmaiou e teve que ser levada para longe do local. Artistas europeus no século XVIII produziram muitas imagens para os seus próprios mercados nativos, mostrando as viúvas como as mulheres heroicas e exemplares, moralmente.
Entre outros exploradores europeus, o português Barbosa visita o império Vijayanagar, em 1510, onde presencia um sati, uma prática que segundo ele era prevalente na comunidade xátria (casta de guerreiros).
Motivo relevante para a sobrevivência desta prática foi a tolerância, e até apoio, que lhe prestaram as diversas autoridades, nomeadamente as inglesas, ao longo do tempo. Contudo, é de salientar que na Índia portuguesa, o Sati foi banido logo em 1510, por Afonso de Albuquerque ("Frequentemente nomeou locais para cargos da administração portuguesa e não interferiu nas tradições, com excepção do "sati", a imolação das viúvas, que proibiu").
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Sati - Pintura do séc. XIX |
A religião sique proíbe, expressamente, esta prática desde a origem do Siquismo. Como o Islão acabou por se estabelecer em parte do subcontinente, as opiniões sobre o sati mudaram e cada vez mais foi sendo considerada uma prática bárbara.
Apesar da proibição governamental, existem dezenas de relatos de ocorrências de satis nas últimas décadas. Algumas tão recentes quanto a referente ao ano 2006. A erradicação de uma prática cultural tida como nobre exige um esforço contínuo por parte das autoridades oficiais.