sábado, junho 22, 2024

A minha cidade

A minha cidade não se chama Lisboa,
não tem cheiro a sul
e nem por ela passa o Tejo,
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
Na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito...
Na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresia
mas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
Da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente,
depois de vencido o nevoeiro...
Na minha cidade também há pregões,
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas
e fado pelas vielas, pendurado com molas,
como roupa a secar nos arames...
A minha cidade tem também tardes languescentes,
coretos nas praças
velhos jogando cartas em mesas de jardim
e o revivalismo de viúvas e solteironas
passeando de eléctrico...
É bem verdade que na minha cidade
a luz, não é como a de Lisboa
mas a luz da minha cidade
é um frémito de amor do astro-rei
a beijá-la na fronte, cada manhã!...
Maria Mamede (Pseudónimo literário de Maria do Céu Silva Fernandes, nasceu em 1947 em S. Mamede de Infesta.) 

sexta-feira, junho 21, 2024

quinta-feira, junho 20, 2024

Os Dias de Verão

Claude Monet (1882)

Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo

Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo

O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem

Como se em tudo aflorasse eternidade

Justa é a forma do nosso corpo
Sophia de Mello Breyner - Obra Poética

Os Dias de Verão começam hoje, data da ocorrência do solstício de verão.


quarta-feira, junho 19, 2024

Um beijo sem nome

Um beijo sem nome

Quando te disse que era da terra selvagem do vento azul e das praias morenas...
Do arco-íris das mil cores, do sol com fruta madura e das madrugadas serenas...
Das cubatas e musseques, das palmeiras com dendém,
das picadas com poeira, da mandioca e fuba também...
Das mangas e fruta pinha, do vermelho do café,
dos maboques e tamarindos, dos cocos, do ai u'é...
Das praças no chão estendidas com missangas de mil cores,
os panos do Congo e os kimonos, os aromas, os odores...
Dos chinelos no chão quente, do andar descontraído,
da cerveja ao fim da tarde, com o sol adormecido...
Dos merengues e do batuque, dos muxiques e dos mupungos,
dos embondeiros e das gajajas, da macanha e dos maiungos...
Da cana doce e do mamão, da papaia e do cajú...

Tu sorriste e sussurraste...
- Sou da mesma terra que tu!
Ana Paula Lavado
Ana Paula Lavado nasceu em África. Angola é a terra que lhe está no sangue, deixando marcas profundas na sua alma, e uma saudade permanente.
Vem para Portugal no ano de 1975, trazendo sol, calor e a frescura da juventude, e na palavra a poesia.
Publicou quatro livros de poesia e algumas participações em Antologias ("Vozes do Vento" em 2007,  "Um Beijo... Sem Nome" em 2008, "Mentes Perversas e Outras Conversas" 2012 e "A Noite E A Cidade" 2021), tanto portuguesas como espanholas.

Aqui lhe deixo agora a Nota Biográfica da poetisa

Arredondou a barriga da mãe no ano de 1960.
O sol de Angola brilhou à sua chegada.
Já roída pela saudade veio para Portugal.
Como muitos... como muitos...
Deambulou, buscando poiso.
Encontrou-o no local onde o Cávado enche a barriga do mar.
Em Esposende amou, teve 4 filhos e maturou as palavras.
Perdeu... cresceu... chegou à idade da madureza.
Em 2007 lançou "Vozes do Vento".
Talvez atordoada com as rajadas do vento norte,
Encantada pela suave modorra das águas prateadas do rio,
Dois mil e oito aparece-nos com as palavras aguareladas pelo Henrique do Vale
em "Um Beijo... Sem Nome".
Esta Mulher,
Mãe,
Amante,
Poeta,
é
Ana Paula Lavado

terça-feira, junho 18, 2024

O Verão Nunca Mais Chega?

O verãoverão nunca mais chega? Está desesperado?

Então aprecie o ditado popular que se segue, e perceba que pode gozar as suas férias em paz. Já não falta quase nada!

"Ande o Verão por onde andar, no S. João há-de chegar!"

segunda-feira, junho 17, 2024

Os Incêndios em Portugal

A Península Ibérica é particularmente vulnerável aos grandes incêndios.
Os incêndios rurais constituem um dos principais obstáculos à sustentabilidade da floresta e dos ecossistemas que lhe estão associados. 
Portugal reduziu em mais de metade os incêndios florestais em seis anos, conseguindo evitar cerca de 60.000, segundo a Agência para Gestão Integrada de Fogos Rurais, que no dia 13 de março lançou uma nova campanha para diminuir ainda mais estes números.
Depois da campanha "Portugal Chama", entre 2019 e 2023, a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) lançou agora uma nova iniciativa, que vai prolongar-se até 2026, e mantém a marca "Portugal Chama", mas pretende destacar que "a prevenção começa" em cada um dos portugueses.
Perante um cenário de fogo é importante tentar manter a calma e cumprir as indicações das autoridades. Auxiliar crianças, idosos ou familiares com limitações de mobilidade e levar os animais de companhia. Mas pode fazer mais. Para isso, veja o vídeo abaixo e leia as seguintes recomendações:
  • Ligue de imediato para o 112
  • Se não correr perigo e possuir vestuário adequado, tente extinguir pequenos focos com pás, enxadas ou ramos
  • Evite a exposição ao fumo, tape a boca e o nariz com um pano húmido
  • Proteja o corpo das chamas e do calor com vestuário seco e comprido
  • Não prejudique a ação dos Bombeiros, Sapadores Florestais e outras forças de socorro e siga as suas instruções
  • Retire a sua viatura dos caminhos de acesso ao incêndio
  • Se notar a presença de pessoas com comportamentos de risco informe as autoridades
  • Evite circular em zonas próximas de incêndios

domingo, junho 16, 2024

Joao Ratão

Joao Ratão (1940) é um filme do género drama, realizado por Jorge Brum do Canto. Este filme foi protagonizado Vasco Santana, Miguel, Ângelo Catarino Vaquinhas, Óscar de Lemos, Maria Domingas e António Silva e teve como base a opereta homónima de Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e João Bastos.
Vasco Santana colaborou no filme no que respeita ao argumento e às poesias das canções deste filme. 

Sinopse:
Vindo da frente de batalha em França (1ª Guerra Mundial), João Ratão regressa á sua aldeia natal onde o espera a família, mas sobretudo a sua amada Vitória. O despeito de dois comerciantes da terra, um dos quais ambiciona casar com Vitória, provoca um escândalo, pois contratam uma artista de circo de passagem para se apresentar como sua amante francesa, abandonada com um filho nos braços...