sábado, junho 16, 2018

Licores & Cordiais

Existe alguma diferença entre os termos Cordial e Licor?
Parece que não!
Embora as pessoas usem muitas vezes o termo "Cordial" para se referirem a um licor frutado com maior concentração de açúcar (não necessariamente menos álcool), as palavras "Licor" e "Cordial" têm essencialmente a mesma função e finalidade.
De facto, ambas as palavras querem dizer a mesma coisa:  bebida açucarada, alcoólica, a que se adicionam sabores aromatizantes (de flores ou frutos) e corantes, que determinam a sua natureza de acordo com a matéria prima utilizada.
O termo Licor é a designação mais usada, no dias de hoje, na Europa, no entanto, na Inglaterra, por exemplo, a palavra cordial é usada também, para descrever bebidas não alcoólicas, mas aromáticas e doces, como o Lime Juice Roses, que trás no rótulo a palavra cordial. Assim, podemos afirmar que há Cordiais alcoólicos e não alcoólicos.
Podemos também dizer que o termo Cordial, era mais usado noutros tempos e por isso há quem considere que o termo cordial se refere ao licor da "Belle Époque".

Aqui vão, agora, duas receitas de Cordiais (um alcoólico e outro não).

Cordial (não alcoólico) de Gengibre


Ingredientes:
1 copo de gelo (picado)
1 chávena (chá) de água com gás
1 ramo de hortelã
1/2 copo de sumo de laranja
1/2 copo de sumo de limão
4 fatias de gengibre
Raspa de 1 laranja
Raspa de 1 limão
5 colheres (sopa) de açúcar mascavado

Preparação:
Faça um xarope, colocando numa  panela todos ingredientes (com excepção do gelo, da água com gás e da hortelã). Leve ao lume. Cozinhe em fogo brando até dissolver o açúcar, sem parar de mexer. Deixe arrefecer, passe por uma peneira fina e coloque numa garrafa de vidro (este cordial pode ser mantido no frigorífico durnte cinco dias).
Sirva num copo com gelo, acrescente o xarope e complete com água com gás. Decore com a hortelã.

Cordial de Framboesa

Uma deliciosa receita para Um Cordial framboesa:

Ingredientes:
2 partes sumo de framboesa
2 partes de vodka
1 1 / 4 partes de açúcar

Preparação:
Misture todos os ingredientes e mexa até que o açúcar se dissolva.
Guarde em garrafas grandes durante 22 dias.
Despeje depois o preparado em garrafas bonitas, se desejar oferecer este cordial como presente.

sexta-feira, junho 15, 2018

Visita Guiada aos Muçulmanos do Al Andalus

Aprecie mais um episódio do programa de televisão (RTP2) Visita Guiada, pelas mãos de Paula Moura Pinheiro e Rosa Varela Gomes.
Neste programa irá ficar a conhecer melhor Silves, o seu Castelo e o Poço Cisterna bem como os Muçulmanos do Al Andalus .

quinta-feira, junho 14, 2018

Astronauta

Oiça Hungria Hip Hop em Astronauta (Música Oficial).
Gustavo da Hungria Neves (1991) mais conhecido pelo nome artístico Hungria Hip-Hop é um cantor, compositor e rapper brasileiro. O tema principal das suas músicas, atualmente, incide sobre vida suburbana, enquanto anteriormente, era sobre a ostentação (carros e luxo).
Hungria já lançou um álbum, uma coletânea, um EP, um álbum ao vivo e dois álbuns de estúdio, sendo um dos álbuns como membro do grupo Son d'Play (do qual foi membro até ao ano 2013). Atualmente Hungria encontra-se a desenvolver uma carreira a solo.

quarta-feira, junho 13, 2018

Santo António

 Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!

Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Catholico, apostólico e romano.

(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)

Adeante ... Ia eu dizendo, Santo António,
Que tu és o meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demónio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,

És o santo do povo.
Tens uma aureola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração —
Está sempre aberto lá o vinho novo.

Dizem que foste um pregador insigne,
Um austero, mas de alma ardente e anciosa,
Etcetera...
Mas qual de nós vae tomar isso à lettra?
Que de hoje em deante quem o diz se digne
Dexar de dizer isso ou qualquer outra cousa.

Qual santo! Olham a árvore a olho nu
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.

Qual Santo António! Tu és tu.
Tu és tu como nós te figuramos.


Valem mais que os sermões que deveras pregaste
As bilhas que talvez não concertaste.
Mais que a tua longínqua santidade
Que até já o Diabo perdoou,
Mais que o que houvesse, se houve, de verdade
No que — aos peixes ou não — a tua voz pregou,
Vale este sol das gerações antigas
Que acorda em nós ainda as semelhanças
Com quando a vida era só vida e instincto,
As cantigas,
Os rapazes e as raparigas,
As danças
E o vinho tinto.

Nós somos todos quem nos faz a história.
Nós somos todos quem nos quer o povo.
O verdadeiro titulo de gloria,
Que nada em nossa vida dá ou traz
É haver sido taes quando aqui andámos,
Bons, justos, naturaes em singeleza,
Que os descendentes dos que nós amámos
Nos promovem a outros, como faz
Com a imaginação que ha na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.

Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.

(Qual santo nem santeza!
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm belleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a mangerico.

És o que és para nós. O que tu foste
Em tua vida real, por mal ou bem,
Que coisas, ou não coisas se te devem
Com isso a estéril multidão arraste
Na nora de uns burros que puxam, quando escrevem,
Essa prolixa nullidade, a que se chama historia,
Que foste tu, ou foi alguém,
Só Deus o sabe, e mais ninguém.

És pois quem nós queremos, és tal qual
O teu retraio, como está aqui,
Neste bilhete postal.
E parece-me até que já te vi.

És este, e este és tu, e o povo é teu —
O povo que não sabe onde é o céu,
E nesta hora em que vae alta a lua
Num plácido e legitimo recorte,
Atira risos naturaes à morte,
E cheio de um prazer que mal é seu,
Em canteiros que andam enche a rua.

Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António—
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?
Fernando Pessoa - Os Santos Populares

terça-feira, junho 12, 2018

Este Junho...

Este Junho, mês tão quente
é sinónimo de folia,
é do povo, é da gente,
trinta dias de alegria.

Dias treze, vinte e quatro
e, por fim, a vinte e nove,
três noitadas de aparato,
três dias de corre-corre.

Santo António é o primeiro
a trazer a gente à rua,
santinho casamenteiro,
juntou o Sol e a Lua.
Quadras Populares (Lusofonia)


segunda-feira, junho 11, 2018

A aldeia de Sistelo

 A aldeia de Sistelo, no Norte de Portugal, é uma maravilha. É como se fosse o nosso  pequeno Tibete.
Sistelo situa-se no concelho de Arcos de Valdevez, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gêres, junto à nascente do rio Vez.
Esta pequena aldeia é famosa pelas suas paisagens em socalcos, onde se cultiva o milho e onde pasta o gado. A aldeia encontra-se muito bem preservada, tendo sido recuperadas as casas típicas de granito, os espigueiros e os lavadouros públicos.
Neste pedaço de paraíso existente em Portugal pode visitar o Castelo de Sistelo, ex-líbris da aldeia, que é um palácio de finais do século XIX onde viveu o Visconde de Sistelo, a Igreja Paroquial, a Ponte Romana e o Moinho, a ponte de Sistelo, a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as Capelas de Santo António, de São João Evangelista, da Senhora dos Remédios e da Senhora do Carmo.
Não deixe de visitar também a Praia Fluvial de Sistelo e de subir ao miradouro do Chã da Armada para admirar a magnífica vista panorâmica!
Se é apreciador de artesanato não deixe de comprar os aventais e as meias redondas de lã, tão características desta aldeia.
Se gosta de caminhadas na natureza, percorra o Trilho das Brandas de Sistelo (10 km), que tem início na aldeia, e fique a conhecer as brandas de Rio Covo, em Sistelo, do Alhal, no Padrão, e da Cerradinha, terrenos que, durante o verão, serviam de apoio à pastorícia.
Para lhe aguçar o apetite, deixo-lhe o vídeo abaixo, para que aprecie desde já, este pedacinho de Portugal.

domingo, junho 10, 2018

Portugal


Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me
sentir como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os
infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe
atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo mentira que o
Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino
nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
àparte o facto de agora me tentar convencer que nos
espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver
se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um
resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar
uma pétala que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e
idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os
pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder
espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar
estava no poder nada de ressentimentos
o meu irmão esteve na guerra tenho amigos que
emigraram nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os
Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propôr-te um projecto eminentemente
nacional
Que fôssemos todos a Ceuta à procura do olho que
Camões lá deixou
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca.