A Mouraria é um dos mais tradicionais bairros da cidade de Lisboa, e deve o seu nome ao facto de D. Afonso Henriques, após a conquista de Lisboa, ter confinado os muçulmanos nesta zona da cidade. Foi, então, neste bairro que permaneceram os mouros após a Reconquista Cristã. Por sua vez, os judeus ficaram confinados aos bairros do Castelo.
Pensa-se que a dolência e a melancolia dos cânticos árabes e negros estão na origem do Fado. É preciso não esquecer que nasceu na Rua do Capelão, junto ao Beco dos Três Engenhos, Maria Severa Onofriana, primeira fadista portuguesa e expressão máxima do fado à época. Na casa em frente, nasceu já no século XX, aquele que foi considerado o "rei do fado da Mouraria", Fernando Maurício. A Rua do Capelão faz hoje parte da iconografia do Fado. Mais acima, na Travessa dos Lagares, cresceu Mariza, a mais internacional fadista portuguesa contemporânea.
Depois da abertura ao público do Centro Comercial da Mouraria no Martim Moniz, o bairro tornou-se num local bastante movimentado e acolhedor. Actualmente, a Mouraria é considerado um dos bairros mais seguros da capital. É, também, um ponto de encontro de gentes de diferentes culturas e, simultaneamente, um local que mantém vivas as suas antigas tradições populares, como se pode confirmar pela existência de várias casas de fado, bares, tabernas e colectividades culturais e desportivas a par de estabelecimentos comerciais de origem chinesa e indiana, entre outros.
A "Marcha da Mouraria" e os fados "Ai Mouraria, e "Há Festa na Mouraria", na voz de Amália Rodrigues, são algumas das músicas associadas a este típico bairro Lisboeta.
Ai Mouraria
da velha Rua da Palma,
onde eu um dia
deixei presa a minha alma,
por ter passado
mesmo a meu lado
certo fadista
de cor morena,
boca pequena
e olhar trocista.
Ai Mouraria
do homem do meu encanto
que me mentia,
mas que eu adorava tanto.
Amor que o vento,
como um lamento,
levou consigo,
mais que inda agora
a toda a hora
trago comigo.
Ai Mouraria
dos rouxinóis nos beirais,
dos vestidos cor-de-rosa,
dos pregões tradicionais.
Ai Mouraria
das procissões a passar,
da Severa em voz saudosa,
da guitarra a soluçar.
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