segunda-feira, fevereiro 16, 2015

As Máscaras

Caretos de Podence
Uma máscara é um acessório utilizado para cobrir o rosto com diversos propósitos: lúdicos (como nos bailes de máscaras e no carnaval), religiosos, ritualísticos, artísticos ou de natureza prática (máscaras de proteção).
A palavra tem, provavelmente, origem no latim "mascus" ou "masca" que significa "fantasma", ou no árabe "maskharah" que significa "palhaço" ou  "homem disfarçado". Algumas tribos africanas usam, por vezes,  as máscaras em cerimónias de passagem entre a vida e a morte.
A máscara é, possivelmente, o mais simbólico elemento da linguagem cénica utilizado, através de toda história do teatro. O seu uso, provavelmente, remonta à representação da cabeça de animais em rituais primitivos, quando o objeto em si ou o personagem que o usava, representavam algum misterioso poder.
Das variadíssimas manifestações de entrudo ou de carnaval, realizadas de norte a sul do nosso país,
Aldeias de Xisto -  Lousã
gostaria de chamar a atenção para aquelas que continuam a manter-se fiéis às tradições rurais e que utilizam as máscaras nos seus trajes.
Desse grupo restrito, faz parte o Carnaval de Podence (Macedo de Cavaleiros), com os seus Caretos.
O careto é um personagem mascarado do carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro. É um homem que usa uma máscara com um nariz saliente feita de couro, latão ou madeira pintada com cores vivas, amarelo, vermelho ou preto.
Os "caretos" (rapazes solteiros) são as figuras principais da festa, desconhecendo-se, no fundo, a sua verdadeira origem e significado.
Caretos de Lazarim
Simbolicamente associados, na crença popular, "ao espírito do mal", ou a tudo aquilo que se afigure misterioso – forças sobrenaturais e ocultas, curandeiros, bruxos, poderes diabólicos e ao próprio Satanás. Gozam de total impunidade durante este curto período do Entrudo.
Outro entrudo deslumbrante é o de Lazarim. Lazarim é uma pequena aldeia do Norte do distrito de Viseu que é conhecida pelo seu carnaval que também inclui os caretos - máscaras tradicionais esculpidas pelas mãos de artesãos locais em madeira de amieiro – e que saem à rua nesta altura do ano.
O Carnaval de Lazarim centra-se no confronto verbal entre dois grupos sociais, as comadres e os compadres. Estes têm um período de duas semanas para os preparativos: a semana dos compadres e a semana das comadres. Os artesãos de máscaras, pelo contrário, iniciam a sua constr
Aldeias de Xisto -  Lousã
ução logo após o termo das festividades do ano anterior. Os grupos das comadres e dos compadres entram em cena na Terça-feira de Carnaval. A crítica social, que tem como mote a rivalidade entre homens e mulheres, é trazida a público num cortejo hilariante. Terminada a crítica segue-se a queima dos bonecos representativos de personagens de ambos os grupos. Tudo termina em convívio, com comida e bebida e uma grande festa.
As máscaras estão também a reanimar o Entrudo das aldeias de Xisto da Serra da Lousã (concelho de Góis). Um velho cortiço, que albergou milhares de abelhas durante anos, pode ser máscara por um dia, na corrida do Entrudo da Serra da Lousã.

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