Mesmo sendo uma pequena ilha, este bocado de terra abrigava cerca de 131 pessoas (censo de 2009) que viviam amontoados em cabanas feitas de papelão e madeira. A maioria dos habitantes são pescadores e comerciantes de peixe. A ilha foi habitada, no início da sua ocupação, por dois homens quenianos: Dalmas Tembo e George Kibebe.
Quando chegaram, em 1991, a ilha estava coberta de mato e infestada de cobras e pássaros.
Um pouco depois, aos dois homens juntaram-se cerca de 60 pescadores que decidiram permanecer por lá e tornar a ilha habitável depois de descobrirem que a região era rica em Perca do Nilo.
A Perca do Nilo é um peixe originário da Etiópia que pode chegar a medir 2 metros de comprimento. Na década de 60, foi introduzido no Lago Vitória como experiência científica. A perca é um predador voraz capaz de dizimar populações de peixes de qualquer região.
Desta catástrofe ecológica, nasceu uma indústria riquíssima baseada na Perca do Nilo. A sua carne branca é exportada com sucesso para todo o hemisfério norte.
Depois da invasão dos peixes, veio a ocupação de moradores do Quénia, do Uganda e da Tanzânia que transformaram a ilha num centro comercial.
Todos os dias, cerca de 100 barcos transportam o pescado para a pesagem e a venda. Depois de serem vendidos para empresas, os peixes são levados para o continente (Quénia), de onde são exportados para a Europa. A Perca do Nilo é fundamental para a indústria da pesca e vital para as economias do Uganda, do Quénia e da Tanzânia.
A existência destes predadores gigantescos e nocivos ao equilíbrio ambiental, gerou disputa territorial entre o Uganda e o Quénia.
Tecnicamente, a Ilha Migingo pertence ao Quénia e está dentro da fronteira internacional do país, definida em documentos oficiais. Mas em 2009, o governo do Uganda afirmou que Migingo pertence às águas de Uganda e, portanto, é ilegal a pesca para os quenianos.
Mesmo sendo uma minúscula ilha, com 2.000 m², cerca de metade do tamanho de um campo de futebol, abriga hoje cerca de 400 pessoas, a maioria pescadores e comerciantes de peixe.
Para quem a olha de longe, a ilha Migingo, no Lago Vitória – na África Oriental – não vale nada, mas este espaço tem sido motivo de conflito constante entre estes dois países vizinhos. A tensão espalha-se pelos pescadores, que precisam de dividir entre si um espaço minúsculo, garantir os seus direitos e o seu rendimento no final de cada mês.
Toda esta disputa começou em 2009, quando piratas começaram a saquear os bens locais, como dinheiro, motores de barco e, claro, as Percas – muito valiosos na região.
Hoje, embora seja considerada um dos piores locais do mundo, os conflitos estão mais atenuados pelo que Migingo se tornou num próspero centro comercial, de tal maneira que conta com cinco bares, um salão de beleza, uma farmácia, bem como vários hotéis e numerosos bordéis.
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