Sendo uma herança da presença islâmica em Portugal, as janelas de rótulas permitiam às moradoras observar a rua, ao mesmo tempo que conservavam o seu recato.
Ainda existem algumas em Lisboa e no resto do país (nomeadamente em Beja), herança que é urgente preservar.
Oiça a Casa da Mariquinhas (Vou dar de beber à dor) na voz da nossa grande Amália Rodrigues que fala destas casas com janelas que tinham tabuinhas.
Foi no domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro pregado e azulado
Onde havia as tabuinhas
Entrei e onde era a sala agora está
À secretária um sujeito que é lingrinhas
Mas não vi colchas com barra
Nem viola, nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onde as vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas
As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça
Porque é hoje uma vidraça
Com cercadura de lata às voltinhas
E lá pra dentro quem passa
Hoje é pra ir aos penhores
Entregar ao usurário umas coisinhas
Pois chega a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas
Pra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem pras alminhas
Pois ser casa de penhores
O que foi viveiro d'amores
É ideia que não cabe cá nas minhas
Recordações do calor
E das saudades o gosto
Que eu vou procurar esquecer
Numas ginginhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas
Compositor, Alberto Janes.
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