segunda-feira, novembro 02, 2020

Carta a Eugénio de Andrade



Porto. Abril. Tantos de tal...

E continuo a teu lado,

Hoje como ontem. Igual

A mim próprio: abandonado

Por todos, menos por ti.

Posto que tão diferente

Seja o berço em que nasci

Da praia, livre, onde passas

Com Sol a pino. Sorriste

Alheio às minhas desgraças?

Vê: mendigo sou que aceita

Mesmo uma côdea de pão,

Mas que traz na mão direita

A flor que as roseiras dão...

Vela apagada ou acesa?

- Sei que me podem comprar

Tudo, menos a nobreza

De sorrir quando há luar...

Pedro Homem de Mello - Poesias Escolhidas


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