Pela estrada desce a noite Mãe - Negra desce com ela. Nem buganvílias vermelhas, nem vestidinhos de folhos, nem brincadeiras de guizos nas suas mãos apertadas... Só duas lágrimas grossas, em duas faces cansadas. Mãe - Negra tem voz de vento, voz de silêncio batendo nas folhas do cajueiro... Tem voz de noite descendo, de mansinho pela estrada… Que é feito desses meninos que gostava de embalar?... Que é feito desses meninos que ela ajudou a criar? Quem ouve agora as histórias que costumava contar?... Mãe - Negra não sabe nada… Mas ai de quem sabe tudo, como eu sei tudo, Mãe – Negra!... Os teus meninos cresceram, e esqueceram as histórias que costumavas contar... Muitos partiram p’ra longe, quem sabe se hão de voltar!... Só tu ficaste esperando, mãos cruzadas no regaço, bem quieta, bem calada. É tua a voz deste vento, desta saudade descendo, de mansinho pela estrada... | |
Alda Lara |
Veja agora o vídeo, em que Paulo de Carvalho e Sofia Barbosa, interpretam este belíssimo poema de Alda Lara. |
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