José da Silva Maia Ferreira Medeiros Matoso de Andrade Câmara (Luanda (?), 7 de junho de 1827 - Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1881) foi um poeta, servidor público e jornalista angolano.
É autor do primeiro livro editado em Angola e escrito por um angolano, Espontaneidades da minha alma: às senhoras africanas (Loanda, Imprensa do Governo, 1849) — considerado o marco de inauguração da literatura de Angola —, tendo também colaborado no Almanach de Lembranças (Lisboa: 1879).
Aqui lhe deixo um pequeno poema desse livro:
N’UM ALBUM.
Estrela luzente dos bens primorosa
Um raio dos teus mui fagueiro e brilhante
Grava em minh’alma qu’aspira amorosa
Effluvios d’amor — que jurastes constante!
Nem Anjos — nem flôr — nem dos bosques cantôr
Igualam teu riso donoso e fragrante —
Um raio dos teus mui fagueiro e brilhante
Grava em minh’alma qu’aspira amorosa
Effluvios d’amor — que jurastes constante!
Nem Anjos — nem flôr — nem dos bosques cantôr
Igualam teu riso donoso e fragrante —
Ah! — dá-me esse riso em troca d’amor!....
Considerado um dos pioneiros da literatura angolana, a sua poesia denuncia o conhecimento e gosto por alguns autores românticos portugueses e franceses, nomeadamente Almeida Garrett e Lamartine, e reflete o constrangimento e o conflito psicológico que o permanente deambular pelo mundo lhe provoca, constituindo-se como um termómetro do modus vivendi da sociedade burguesa angolana da época.
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