A propósito de umas belíssimas alcachofras que vi nos espaços verdes da Escola Secundária do Lumiar, lembrei-me da Queima das Alcachofras nos Santos Populares. Aqui fica a história.
Em primeiro lugar uma alcachofra (Cynara cardunculus) é uma planta - da família das compostas - que pode atingir até um metro de altura. Dá uma inflorescência comestível, produto muito apreciado quando ainda na fase inicial e razão do seu cultivo comercial. Ao transformar-se em flor aberta (a corola começa a ficar lilás a partir do mês de Maio), endurecem as brácteas e não podem mais ser aproveitadas para consumo. O nome "alcachofra" provém do árabe al-kharshûf (que significa "planta espinhuda").
A Queima das Alcachofras nos Santos Populares é uma tradição quase em vias de extinção.
Na noite de Santo António, de São João ou de São Pedro, rezava a tradição que se devia queimar a flor de uma alcachofra silvestre. Recolhe-se, já queimada e depois esta deveria ser replantada de novo num vaso ou canteiro. A seguir dever-se-ia regar a terra e esperar que a alcachofra voltasse a florir - se tal acontecesse, era sinal que o amor do/a jovem era correspondido e era para durar, se não... seria melhor procurar outro!
Este ritual é simples e pode ser feito individualmente ou em grupo. Quando em grupo os jovens apaixonados reúnem sacos ou cestos e vão para o campo para cortar as alcachofras. Uns referiam que a alcachofra devia ser queimada na própria fogueira de rua nessa mesma noite, outros não eram tão específicos sobre o local onde se queimava. Certo é que tinha de ser nessa noite, para o resultado ser fiável!
A queima da alcachofra brava ou cardo, já só muito raramente é feita, e será preciso um forte empenho para que volte a fazer parte das festividades do mês de Junho em Portugal.
Segundo os mais entendidos estes rituais: as fogueiras, a queima das alcachofras, etc, estão relacionadas com ritos pagãos e com as festas solsticiais de verão.
Sem comentários:
Enviar um comentário