Entre os mais variados doces tradicionais portugueses, não poderíamos deixar de destacar, aqui, as Alcomonias.
Estes doces são típicos de Santiago do Cacém onde costumam aparecer em dias festivos, sobretudo na Feira do Monte e na Feira de Santo André, no dia 30 de novembro. São um doce com uma longa tradição mas, a sua presença não se restringiu ao Alentejo.
Tudo leva a crer que a origem das Alcomonias remonta ao período de ocupação árabe, quer
por terem a forma de losango, quer pelos ingredientes usados e principalmente pelo seu nome "Alcomonia".
As Alcomonias são confecionadas com uma massa obtida a partir de farinha torrada (o rolão torrado), pinhão e mel. O rolão é uma farinha de trigo escura, feita do episperma e perisperma da semente do trigo. Obtém-se, passando a farinha de trigo com farelo por uma peneira de malhas largas. O rolão é também utilizado no fabrico de outro doce tradicional do Alentejo, o "pão de rala".
O vocábulo "alcomonia" encontra-se já registado em documentos quatrocentistas para referir um bolo ou doce romboidal e também como termo utilizado no Minho para designar um tipo de doçaria preparada com mel. Também há notícia da sua venda ambulante em Lisboa, pela "preta do mexilhão" que também vendia gergelim e alcomonias.
A alcomonia é então uma arte de confecção árabe; e não só foi adoptada pela cozinha portuguesa, como acompanhou aqueles que levaram a nossa cultura para terras longínquas.
No Brasil, as alcomonias eram confeccionadas com farinha de mandioca, segundo informações dos séc. XVIII e XIX. Além das alcomonias, faziam igualmente parte da confeitaria brasileira outros doces de origem árabe, tal como o alfenim e o alfeolo, este com as variantes de alfelô e aflô.
Se quiser experimentar as alcomonias, aqui lhe deixo uma receita:
Ingredientes:
2,5 kg de farinha de trigo peneirada
1 kg de mel ou 2 kg de açúcar amarelo
1 l mal medido de água
0,25 l de pinhões
Preparação:
Coloca‑se a farinha de trigo num tabuleiro e leva‑se ao forno a torrar.
Leva‑se a água ao lume com o mel ou o açúcar amarelo. Quando estiver quase a ferver, adicionam‑se os pinhões.
Deixa‑se ferver por 15 minutos. Adiciona‑se, então, pouco a pouco, a farinha torrada, mexendo sempre com uma colher de pau.
Quando a massa ficar ligeiramente grossa, com uma certa consistência, estende‑se muito bem sobre uma mesa polvilhada de farinha, com a ajuda de um rolo, até ficar uniformizada e com a espessura desejada.
Corta‑se em pequenos losangos e deixam‑se secar ao ar.
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