Campos de neve e píncaros distantes
Sinos que morrem
Asas brancas em frios céus distantes
Águas que correm.
Canais como caminhos prisioneiros
Em busca de saída
Para os mares, os grandes, traiçoeiros
Mares da vida.
Cisnes em bando interrogando as águas
Do Ródano, cativas
Ruas sem perspectivas e sem mágoas
Fachadas pensativas.
Chuva fina tangendo namorados
Sem amanhã
Transitando transidos e apressados
Pont du Mont Blanc.
Relógios pontuais batendo horas
Aqui, ali, adiante
Vida sem tempo pela vida afora
Tédio constante.
Tédio bom, tédio conselheiro, tédio
Da vida que não é
E para a qual há sempre bom remédio
Do bar do "Rabelais".
Vinicius de Moraes, Genebra , 1954
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