domingo, outubro 09, 2016

A Queda Dum Anjo

(...)" - As paixões, minha Srª D. Tomásia... - obtemperou o morgado, e lambeu os beiços molhados da libação de um vinho nervoso daquela garrafeira já mencionada. E prosseguiu! - As paixões do amor... Nem os grandes sábios, nem os grandes santos se isentaram delas. Somos todos de quebradiço barro; somos uns pucarinhos de Estremoz nas mãos infantis das nulheres. O tributo é fatal: quem o não pagou aos vinte anos, há de pagá-lo aos quarenta, e mais tarde quando Deus quer. Deus ou o demónio, que eu não sei ao justo quem fiscaliza estes mal - aventurados sucessos de amor, que a história conta e a humanidade experimenta a cada dia. (..)"
Camilo Castelo Branco - A Queda dum Anjo.

A Queda dum Anjo é o título de um romance satírico de Camilo Castelo Branco, escrito em 1866.
Nele o autor descreve a corrupção de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freimas, um fidalgo transmontano camiliano e o anjo do título, quando se desloca da província para Lisboa.
Esta é uma das mais célebres obras literárias escritas por Camilo Castelo Branco, onde descreve de maneira caricatural a vida social e política portuguesa e traz, ainda, um aspecto risível ao tratar, também, do desvirtuamento do Portugal antigo.

Sinopse:
O protagonista, Calisto Elói, um fidalgo transmontano, austero e conservador, é uma espécie de encarnação satírica desse Portugal: eleito deputado, Calisto vai viver para Lisboa, onde se deixa corromper pelo luxo e pelo prazer que imperam na capital, tomando como amante uma prima afastada, Ifigénia, e transitando da oposição miguelista para o partido liberal no governo. Ironicamente, a esposa de Calisto, Teodora, uma aldeã prosaica, imita-o na devassidão: vendo-se desprezada pelo marido, une-se a um primo interesseiro e sucumbe ela própria aos vícios da modernidade.
Este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura e é recomendado para a Formação de Adultos como sugestão de leitura.

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