As freguesias da Ameixoeira (extinta em 2012) e da Charneca são contíguas e têm uma origem e uma história similares. Estas antigas freguesias rurais, pertenceram ao Termo de Lisboa até à sua abolição (1852), depois ao concelho dos Olivais e com a extinção deste, integraram o concelho de Lisboa (1886).
Eram freguesias afastadas do centro da capital, fazendo parte da "Região Saloia", que abastecia a cidade com os produtos das suas quintas e campos de cultivo, tendo permanecido lugares campestres até às primeiras décadas do século XX.
A Ameixoeira, com as suas quintas de recreio aristocráticas, casas campestres e clima ameno, era um local atractivo para as gentes de Lisboa. No século XIX, os lisboetas vinham para a Ameixoeira passar os meses de verão, alugando casas para o efeito. No início do século XX tornou-se o local favorito para repouso, de escritores, políticos e outras pessoas endinheiradas.
Das memórias destas épocas recuadas, restam os relatos das "idas às hortas", aos Domingos; da "espera de toiros" na Calçada de Carriche; e dos duelos em defesa da honra na Estrada Militar, ou na Azinhaga da Ameixoeira. Famoso nas duas freguesias era o "Vinho do Termo" que se cultivava, predominantemente, nas Quintas da Torrinha e da Mourisca, e que abastecia as tabernas e retiros da capital. Ainda fazendo parte do património cultural destas duas freguesias, permanecem, os núcleos antigos da Ameixoeira (séculos XVI-XIX), em franco desaparecimento, e da Charneca (século XVIII -XIX), de feição análoga a pequenas aldeias; as Igrejas de S. Bartolomeu da Charneca (1685), a de Nossa Senhora da Encarnação da Ameixoeira (do século XVI) e o Terreiro da Feira de S. Bartolomeu (na Charneca) que é o último Terreiro de Feira de Lisboa. Em relação à Igreja da Ameixoeira, embora ela date do século XVI, rezam as crónicas que já em 1276, existia na freguesia uma ermida de evocação a Nossa Senhora do Funchal, depois alterada para Nossa Senhora da Encarnação, em 1593.
Estas duas freguesias de Lisboa que têm um passado idêntico passarão a ter um futuro comum, já que em conjunto, formarão a nova Freguesia de Santa Clara. O nome desta nova freguesia, resulta, provavelmente, da existência da antiga Quinta de Santa Clara (hoje, parte dela, ocupada por um estabelecimento de ensino superior) e do Jardim (cuja traça original era de estilo barroco) de Santa Cara, que era pertença da Quinta primitiva.
Já agora, tendo em conta as memórias que fez António Borges Ribeiro (escrivão da mesa de Nossa Senhora da Encarnação), é de referir que há várias explicações para a existência do nome Ameixoeira. Em 1742, o Padre João Baptista de Castro escreveu que Ameixoeira provém, de AMEIJOEIRA, denominação que nasceu da grande quantidade de ameijoas-fósseis que no sítio apareciam e ainda aparecem. Pinho Leal (e o Padre Luís Cardoso) diz que a designação provém de um mouro chamado Mixo ou Mixio, que dera o nome a esta povoação, que até ao século XVIII se chamava MIXOEIRA, tendo antes o nome de Funchal.
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