terça-feira, maio 27, 2025

O 27 de Maio de 1977: Antropologia Forense e Direitos Humanos

Lembrar Para Não Esquecer: 

Passam hoje 48 anos sobre os trágicos acontecimentos do 27 de maio de 1977 em Angola, que conduziram à morte milhares de angolanosÉ preciso Lembrar Para Não Esquecer estas vítimas. 

Em Angola o ano de 1977 foi vivido com muito sofrimento. Foi marcado por prisões arbitrárias, fuzilamentos coletivos, interrogatórios sob tortura, desaparecimentos, campos de concentração, delação, intimidação, medo e silêncio. 

A urgência da memória das vítimas, a recordação e a saudade do meu irmão, Rui Coelho, trazem-me aqui de novo.
Rui Coelhoentão assessor do Gabinete de Lopo do Nascimento – na altura primeiro-ministro no Governo de Agostinho Neto, cobardemente assassinado, foi uma, das milhares de vítimas da tragédia do 27 de Maio em Angola.

Tinha 25 anos. Não conheceu o filho. 
Da sua execução não se sabem local, data ou circunstâncias.

Não teve direito a qualquer tipo de julgamento ou defesa.

Rui Coelho nem sequer estava em Angola por alturas do 27 de Maio de 1977. O seu assassinato aconteceu porquê? Para quê?

Será demasiado querer saber porque morreu, e como morreu, o meu irmão? 
Será possível que continuemos sem saber dos seus restos mortais
Será possível que continuemos sem puder fazer-lhe um funeral digno?

Rui Coelho e o 27 de maio de 1977, não podem cair no esquecimento. 
É preciso Lembrar, para não esquecer.

As Famílias do 27 de maio criticam a forma pouco científica e transparente como o Governo angolano preparou a identificação e exumação dos corpos da chacina que completa 48 anos. E exigem informações do executivo sobre as ossadas dos seus entes queridos para finalmente fazerem o luto.

Os ossos e os direitos humanos envolvem questões de dignidade dos despojos humanos, direito à identidade e memória, e a prevenção de violações de direitos humanos.

Daí que hoje vos traga informações sobre a cientista portuguesa Eugénia Cunha que trabalha há mais de 30 anos com ossos humanos, na perspectiva da reconstrução da vida a partir do esqueleto, da devolução da identidade a restos humanos e na perscrutação da causa e circunstância da morte.

Eugénia Cunha é Professora Catedrática do Departamento de Ciências da Vida na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Antropóloga forense, consultora Nacional para a Antropologia Forense do Instituto Nacional de Medicina Legal e Membro do grupo de Patologia e Antropologia da Interpol para além de Professora convidada em várias instituições.

É Co-editora do livro Forensic Anthropology and Medicine: Complementary Sciences from Recovery to Cause of Death, lançado no mercado internacional, autora de capítulos de livros científicos internacionais de referência e de diversos artigos publicados em revistas científicas internacionais reputadas.

Ouça agora a cientista Eugénia Cunha na TEDxMatosinhos (2015): Ler ossos: a relevância forense de descodificar as informações gravadas no esqueleto humano. 
E agora ouça também Eugénia Cunha na TEDxCoimbra em 2011: sobre Ossos
Se quiser conhecer agora o percurso profissional de Eugenia Cunha não deixe de ver o episódio de 5 Minutos Com Um Cientista. Este faz parte de uma série de 26 episódios, onde 26 cientistas portugueses falam do que os inspirou e despertou para a ciência, da sua motivação para a investigação que realizam e das perguntas que os inquietam e fazem continuar a investigar. São 26 perspectivas pessoais do interesse e motivação pela ciência.

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