Dona Inês vem a desoras
ao parque do seu solar.
Tão pálida! Por que choras,
princesa do Montealvar?
Estrela, por que descoras,
Por que palpitas, luar?
Por que palpitas, luar?
Canta o amor, e a cotovia
sente-se errante pelo ar.
Longe, uma estrela, dir-se-ia
Como um pássaro, trilar.
E Dona Inês que porfia
a ouvir a voz do luar!
Como um pesado obelisco,
levanta-se ao pé do mar,
um minarete mourisco,
E longe, sempre a brilhar.
Como um dourado asterisco
estrela ao pé do luar.
Dona Inês sempre ao relento,
vestida do verdemar.
Que frio, Jesus! Um vento
– que frio! – de assassinar!
vestida do verdemar.
Que frio, Jesus! Um vento
– que frio! – de assassinar!
Em cima, no firmamento
ainda a estrela, ainda luar!
Sinos de toda a Castela
sinistros a badalar!
Por que finou-se a donzela
tão pálida e singular?
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