domingo, junho 12, 2022

Fermoso Tejo Meu

Fermoso Tejo meu, quão diferente

Te vejo e vi, me vês agora e viste: 

Turvo te vejo a ti, tu a mim triste, 

Claro te vi eu já, tu a mim contente. 

 

A ti foi-te trocando a grossa enchente 

A quem teu largo campo não resiste; 

A mim trocou-me a vista, em que consiste 

O meu viver contente ou descontente. 


Já que somos no mal participantes, 

Sejamo-lo no bem. Oh! quem me dera 

Que fôramos em tudo semelhantes! 


Mas lá virá a fresca Primavera: 

Tu tornarás a ser quem eras de antes,

Eu não sei se serei quem de antes era. 

Francisco Rodrigues Lobo

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