Becos sem ter saída, escadas em pendor;
Travessas de estreiteza e prédios aluídos
Onde destacam mais malva-rosas em flor.
Ó roupa remendada, a ondular à brisa:
Humílima visão de bizarras bandeiras.
Mansardas que um craveiro ardente aromatiza
E onde dormem, sonhando, as pobres costureiras!
Recantos de Lisboa, onde há gente que vive
Do parco amealhar da féria, dia a dia;
Em um dos quais morreu um grande Amor que tive!
(Só na morte fugiu do beco onde vivi...)
E na sua varanda, agora que a deixou,
Continuam em fila os vasinhos festeiros...
Mas a sua roupita é que não mais voltou
A tremular ao sol por cima dos craveiros!"
Rodrigo de Mello - (1911 - 1952)
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