Em Portugal por necessidades económicas ou outras, a movimentação da população nem sempre foi feita para o exterior. Até meados da década de 60 do século XX, realizavam-se migrações que eram temporárias ou sazonais e dentro do país. Do Norte mais povoado, do centro litoral e do interior pobre, muitas movimentações se produziram ao longo dos tempos. Grandes grupos ficaram conhecidos por várias designações e alguns foram imortalizados em livros da autoria do escritor Alves Redol.
Para as ceifas do Alentejo e apanha da azeitona, todos os anos se deslocavam os "ratinhos" vindos das regiões montanhosas das Beiras. Para o mesmo trabalho vinha gente do barrocal e serras algarvias, eram os "algarvios".
Estes trabalhadores agrícolas realizavam, então, um movimento sazonal antiquíssimo, pois o termo aparece já na obra de Gil Vicente.
Com o tempo o termo "ratinho", tornou-se sinónimo de rústico, plebeu e acabou também por designar uma faiança grosseira feita em oficinas populares de Coimbra, em oposição à faiança fina produzida por Domingos Vandelli, naquela mesma cidade.
Neste último caso, o termo "Ratinho", não designa uma fábrica ou uma oficina, mas sim um tipo de faiança rústica fabricada em Coimbra, entre o segundo terço do século XIX até às primeiras décadas do século XX.
Hoje, com o gosto formado na arte contemporânea, temos capacidade para admirar as formas quase abstractas desta loiça e o que no passado parecia grosseiro e "ratinho", parece-nos actualmente ingénuo, espontâneo e cheio de beleza.
A beleza ingénua desta faiança de Coimbra, atrai hoje os antiquários e coleccionadores e evoca a arte do Islão.
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