Solar dos Brasis |
À chegada a Torre do Terrenho, escreveu Hipólito Raposo em "Beira Alta", que de imediato “nos intriga, entre arvoredo, um torreão setecentista rematado a pináculos”. É o fabuloso solar barroco, conhecido como o Solar dos Brasis ou Casa das Fidalgas, “primoroso testemunho da relacionada pomposidade luso-brasileira nos alvores de setecentos”. Contígua à casa, a bela capela da invocação de Nossa Senhora da Penha de França, com sua fachada toda em granito, onde uma lápide diz: “Esta capela a mandou fazer para si e seus herdeiros Luís de Figueiredo Monterroyo, capitão da Armada, guarda-mor e procurador dos quintos reais que foi nas minas de ouro. 1726-27”. Luís de Figueiredo encontrava-se, em 1703, numa galera ao largo da Baía (Brasil), quando um forte temporal ameaçou destroçar o navio e levar a sua vida e a da filha. Prometeu então a Nossa Senhora da Penha que se os poupasse, lhe faria erigir uma capela, rememorando o milagre.
A capela “é um esplendor do nosso barroco, lá está Nossa Senhora em apoteose, ladeada por festival de querubins, festões e grinaldas, a passarem-se também para as capelas laterais, tecto e púlpito numa exuberância rara, profundamente influenciada pelo tropicalismo sertanejo”. Ordenado sacerdote aos sessenta anos de idade, “logo ali sofremos com Luís de Monterroyo, a observar-nos da platibanda do arco triunfal onde faz duplamente retratado, na sua casaca encarnada e nas vestes negras da sua posterior ordenação, o dissipar da promessa que quis perene e está em vias de desaparecer. Como também assim vão perdendo testemunhos os dois soberbos ex-votos embutidos na capela-mor, que já mal retratam a tragédia-milagre”. Já no solar, “extasiamo-nos outra vez com o espantoso tecto do torreão, alardeando a espampanância do brasão dos Monterroyos, uma teoria de flores e galeria hagiológica, tudo suportado por quatro esforçados serafins-cariátides com penachos de índios do Brasil aos quais dão alento, em contraponto, os respectivos querubins-arautos”.
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