A Festa da Ascensão, conhecida também como Quinta-Feira da Ascensão ou apenas como Ascensão comemora a Ascensão de Jesus ao céu. É uma das festas ecuménicas, ou seja, uma das que são comemoradas por todas as igrejas cristãs, juntamente com as celebrações da Semana da Paixão, da Páscoa e do Pentecostes. Na Igreja Católica é conhecida também como Solenidade da Ascensão do Senhor.
O "Dia da espiga" ou "Quinta-feira da espiga" celebra-se em algumas localidades com um passeio matinal pelo campo, onde rapazes e raparigas, colhem espigas de vários cereais (trigo, centeio ou cevada), em número ímpar, flores campestres (como papoilas, malmequeres ou flores de romãzeira) e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga.
Segundo reza a tradição, o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada de casa, e só deve ser substituído por um novo, no dia da espiga do ano seguinte, para que nela haja pão, azeite, dinheiro e alegria durante todo o ano.
Os ramos da espiga são simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver: as espigas, geralmente de trigo, simbolizam a abundância (ou o pão), as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres, a beleza, e o ramo de oliveira, a paz.
O Dia da Espiga é comemorado sobretudo no Centro e Sul do País. Pensa-se que terá uma origem pré-cristã e marca, de certa forma, o início da época das colheitas.
Outros acreditam que este costume tenha as suas raízes num antigo ritual cristão que consistia na bênção dos primeiros frutos. Mas, as suas características permitem adivinhar origens mais remotas, muito provavelmente em antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam por esta altura e às quais se mantém ligada a tradição dos Maios e das Maias.
Por isso, antes de ser assinalado como feriado municipal, em algumas localidades era já dia de descanso.
Era chamado o "dia da hora" porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava. Dizia-se nas aldeias do sopé da Serra do Montejunto que "na quinta-feira de espiga há uma hora em que os pássaros não vão aos ninhos, as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha e o pão não leveda".
Em Atouguia "o leite não se vende, todo ele é dado". Noutras localidades "não se faz pão em quinta-feira de espiga" e noutras tantas coze-se nesse dia pão "para guardar o ano inteiro".
Era nessa hora , o meio dia, que se colhiam as plantas para fazer o ramo da "espiga" e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
Cada um dos elementos do ramo da espiga simboliza um desejo:
- A espiga - que haja pão (isto é, que nunca falte comida, que haja abundância em cada lar);
- O ramo de folhas de oliveira - que haja paz (a pomba da paz traz no bico um ramo de oliveira) e que nunca falte a luz (divina). Antigamente as pessoas alumiavam-se com lamparinas de azeite, e o azeite faz-se com as azeitonas, que são o fruto da oliveira.
- As flores (malmequeres, papoilas, etc.) - que haja alegria (simbolizada pela cor das flores - o malmequer ainda «traz» ouro e prata, a papoila «traz» amor e vida e o alecrim «traz» saúde e força.
Hoje em dia, nas grandes cidades, as pessoas já não vão colher o Ramo da Espiga, mas há quem os venda, tendo-os colhido e atado, fazem negócio com a tradição, ajudando, contudo, a preservá-la.
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