Douro Vinhateiro - Leonardo Bizcaya |
No fundo os rápidos que de água se quebravam
subindo à sirga em de rabelos barcos.
Mais baixas as alturas se reflectem calmas
de rochas casas e arvoredo fundo.
Verde tão verde o rio se não corre
de lago é preso e um barco noutra margem
parado se contempla a esbelta proa arqueada
sobre o telhado inverso do solar antigo.
Só brisa matinal se encrespa de água e morre.
Verde tão verde era de espuma e rocas
polindo-se tranquilas no fiar das águas.
Pelo Douro - João Escórcio |
lambidos se inseriam no passar dos barcos.
No fundo como nuvens se enverdecem rocas.
Verde tão verde era de rijas águas
de espumas e de pedras e de alteadas margens.
Tão verde ora de névoa surda
em que de gritos não barqueiros remam.
Que rio se era escuro e já de verdes águas.
Parado e sempiterno e velho de águas rio
não passas repassando as águas de outro tempo,
verde tão verde na manhã parada.
Jorge de Sena - Douro, 30/8/1971 - Exorcismos, Poesia III
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