segunda-feira, julho 06, 2015

Soneto

Aquele claro sol, que me mostrava
O caminho do Céu, mais chão, mais certo,
E com seu novo raio ao longe e ao perto
Toda a sombra mortal m'afugentava,

Deixou a prisão triste em que cá estava.
E fiquei cego e só, co passo incerto,
Perdido peregrino no deserto,
A que faltou o guia que o levava.

Assi, co esprito triste, o juízo escuro,
Suas santas pisadas vou buscando,
Por vales e por campos e por montes.

Em toda a parte a vejo e a figuro.
Ela me toma a mão e vai guiando,
E meus olhos a seguem, feitos fontes.
António Ferreira

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