Sernancelhe é conhecida como a capital da castanha, mas também, dos Fálgaros da Páscoa.
Os Fálgaros de Tabosa do Carregal, em Sernancelhe, imortalizados literariamente por Aquilino Ribeiro, são pães de azeite com queijo de cabra fresco no interior. O bom gosto gastronómico de Aquilino Ribeiro não se ficava só, como ele dizia, pelo "peixe mais saboroso de toda a fauna das águas, as trutas do Paiva", mas também pelos Fálgaros.
Longe vai o tempo em que no Convento de Nossa Senhora da Assunção, em Tabosa, se confeccionavam os famosos fálgaros dentro das quatro paredes do último mosteiro feminino do país. Os doces de pão de trigo feitos com queijo de cabra fresco deixaram de sair do forno com a regularidade da época, mas enchem, na Páscoa, as mesas de muitas casas desta região.
Deste convento de freiras
bernardas restam a Quinta, as ruínas do convento, a Igreja e os fálgaros, que persistem como especialidade da culinária
conventual.
A doçaria desta região está ligada a dois sectores da sociedade que marcaram de forma indelével a história do concelho: o povo e a religião. O povo, deitando mãos dos parcos recursos que possuía, aproveitava os pedaços de carne e cozia as gostosas bolas nos fornos comunitários das aldeias. Fazia fritas e filhós por altura das festas na aldeia, cozia bolo de azeite e aproveitava os ovos e o leite para preparar leite-creme e arroz doce. As receitas passaram de mão em mão e permanecem intactas.
Nos conventos e mosteiros tiveram origem dois dos mais apreciados exemplares da doçaria de Sernancelhe: os Fálgaros de Tabosa e as Cavacas de Freixinho (sobremesa requintada feita à base de trigo, ovos e azeite, depois coberto por uma calda de açúcar).
Proponho-lhe que aprecie agora dois vídeos. O 1º é uma reportagem sobre os Fálgaros de Tabosa e o 2º é sobre a confecção desta especialidade da Páscoa.
Aqui vai, agora, o segundo.
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