Famosa pela forte envolvência mítica, histórica e ponto obrigatório de visita pelos mais curiosos, Sintra foi alvo do nosso olhar indiscreto. Na agradável manhã de vinte e quatro de Fevereiro, aventurámo-nos pelas suas ruas estreitas, subindo até ao Castelo dos Mouros e passeando pela Quinta da Regaleira. Foi neste último que o nosso olhar se fixou.
É impossível não ficar estupefacto ao visitar a Quinta da Regaleira. Não só pela sua enorme beleza, mas também pelo seu conteúdo cultural e filosófico, quem a visita adquire um vasto conhecimento.
Considerada Património Artístico, a Quinta da Regaleira pertenceu a António de Carvalho Monteiro que “encomendou” a construção desta ao arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini. Este inspirou-se na arquitectura greco-clássico latina, elaborando esta mística obra de 4,5 hectares.
À entrada deparamo-nos com o Patamar dos Deuses, um trilho ladeado por nove estátuas da mitologia greco-romana.
A intersectar este caminho encontramos um leão guardião que marca o início da ascensão ao poço iniciático. Com uma conotação esotérica, este é o local perfeito para a introspecção e descoberta de si mesmo. A longa escadaria em espiral remete-nos para a viagem de Dante ao inferno em “Divina Comedia”.
A simbologia é uma das características mais interessantes da Regaleira. Os quatro grandes elementos encontram-se em frente à estátua do leão, representados por animais que se diferenciam pela sua “lentidão”. O sapo, a salamandra, a tartaruga e o caracol simbolizam, respectivamente, a terra, o fogo, a água e o ar. A sua lentidão está relacionada com a frase “festina lente”, ou seja, “apressa-te devagar”. Significa, portanto, que “devagar se vai ao longe” em quase tudo na vida. Continuando o nosso percurso pela Quinta, aventuramo-nos pelos seus túneis subterrâneos. A escuridão aqui encontrada obriga-nos a usar lanternas.
No entanto, as grutas labirínticas não deixam de ser surpreendentes, não só pela sua estrutura, mas também pelo simbolismo que transmitem. Encontrar a saída do labirinto representa a descoberta da luz, isto é, a procura do conhecimento.
A Regaleira distingue-se também, pela forte presença de marcas maçónicas. A maçonaria e os seus símbolos estão presentes em vários pontos de referência do jardim. O Poço Iniciático alude a aspectos do nascimento e morte ligados à terra, ritual característico da maçonaria. Na capela da propriedade, é possível observar uma separação entre o Cristianismo e a Maçonaria. À entrada encontramos vários símbolos maçónicos como o Caracol e o Delta com um olho no centro. Contudo, para assinalar a separação entre estas duas vertentes - o Cristianismo e a Maçonaria - a simbologia maçónica encontra-se apenas numa área à entrada da capela. O restante espaço está “reservado” à cultura Cristã, onde podemos ver gravada no chão uma cruz dos templários, vitrais e o altar no centro, ao fundo da sala.
Todos estes factos tornam a Quinta da Regaleira um lugar único e imperdível a todos os que passam por Sintra. Um local místico, com “espírito próprio”, que desperta em qualquer visitante o desejo de lá voltar.
Reportagem de: Ana Patrícia, Beatriz Chamorrinha, Inês Silva e Patrícia Antunes-11º B.
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