Tem uma estrutura que permite ser vestido e manuseado por uma pessoa no seu interior.
A cabeça de grandes dimensões (feita de pasta de papel) e o resto da estrutura podem atingir trinta quilos, peso suportado pelos ombros do manuseador. Isto faz com que a amplitude de movimentos do boneco seja limitada.
Os gigantones não aparecem sozinhos, mas em par ou grupos de casais, envergando trajes de cerimónia ou populares, e desfilando ao ritmo de música tocada por zés-pereiras.
Podem ser acompanhados por Cabeçudos, bonecos mais pequenos (tamanho de uma pessoa) com uma cabeça enorme e desproporcional relativamente ao corpo. A cabeça, também feita em pasta de papel, é usada como uma espécie de capacete, As roupas são mais informais e coloridas que as dos gigantones, podendo mesmo personificar monstros ou demónios. Com maior liberdade de movimentos que os gigantones, os cabeçudos dançam e movimentam-se alegremente como um rancho de filhos ou uma corte animada ao seu redor.
No Minho também são conhecidos por almajonas ou armazonas.
O Zé Pereira é uma forma de diversão musical constituída por vários foliões tocando bombos e desfilando em parada.
Os grupos chamados Zés-Pereiras são característicos das festas e romarias do Norte de Portugal com maior incidência para o Entre Douro e Minho. Estes grupos desfilam pelas ruas tocando instrumentos de percussão - caixas de rufo, timbalões e bombos; assim como aerofones melódicos: pífaros e gaitas-de-fole. Por vezes, por vezes são acompanhados de gigantones e cabeçudos. Recentemente a concertina, instrumento de grande expressão no Minho, tem sido introduzida nestes conjuntos.
Do lado de lá do mar - Um pouco da História luso-brasileira do Carnaval
A constatação da existência de uma diversão carnavalesca conhecida como Zé Pereira no Portugal do século XIX parece apontar para a forte influência lusitana no surgimento da brincadeira no carnaval carioca.
Há uma errónea, mas infelizmente consagrada versão, que atribui a invenção do Zé-Pereira a um português de nome José Nogueira de Azevedo Paredes, comerciante estabelecido no Rio de Janeiro em meados do século XIX. Divulgada na maioria dos livros sobre carnaval, essa versão acabou ocultando toda uma série de influências que contribuíram para o surgimento dessa curiosa categoria carnavalesca.
As raras referências sobre a tema na literatura carnavalesca são bastante desencontradas. Estas apontam o "surgimento" do Zé Pereira em 1846 (Moraes, 1987), em 1852 (Edmundo, 1987) ou em 1846, 1848 e 1850 (Araújo, 2000).
A principal razão dessa discrepância é o facto de a designação Zé Pereira só se vir a consagrar anos mais tarde.
Na segunda metade do século XIX, o termo era usado para qualquer tipo de manifestação carnavalesca acompanhada de zabumbas e tambores - semelhantes ao que chamaríamos hoje de bloco de sujo. Ferreira (2005) e Cunha (2002) abordaram o tema com profundidade destacando a multiplicidade de forma e conceitos que podiam envolver as diversas brincadeiras chamadas genericamente de Zé Pereira.
Um momento importante na fixação da brincadeira no imaginário da folia carioca seria a encenação, em 1869, de uma burleta carnavalesca intitulada O Zé Pereira carnavalesco.
O sucesso da apresentação - uma espécie de adaptação livre da peça Les pompiers de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre) - deveu-se, principalmente, à versão para o português da música-tema francesa que se transformaria num verdadeiro hino carnavalesco, sendo tocado até hoje:
E viva o Zé Pereira.
Pois a ninguém faz mal
E viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval
A partir daí, o conceito da brincadeira do Zé Pereira iria adquirir feições tipicamente brasileiras (e cariocas) associando-se à alegria característica das ruas da folia no Rio de Janeiro.
O passo seguinte seria a oficialização do Zé Pereira através do estabelecimento de sua genealogia e de sua morfologia resumidas na obra de Moraes (1987).
Ouro Preto - Brasil |
Algumas curiosidades:
Na cidade de Ouro Preto, estado de Minas Gerais, no período do Carnaval pode-se assistir, ainda hoje, ao desfile de Zé-Pereiras, em forma muito semelhante à tradição portuguesa.
O mesmo ocorre no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, Santa Catarina, que desde o final do século XIX conta com o desfile de carros alegóricos e foliões fantasiados embalados por sambas e marchinhas.
Na década de 50, o banho à fantasia tornou-se numa marca da festa, que passou a chamar-se Zé Pereira ou Carnaval Toca N’água.
O Tradicional Corso de Teresina ou Corso do Zé Pereira reúne uma gigantesca carreata pré carnavalesca na cidade de Teresina (Piauí) com carros enfeitados e foliões fantasiados. Cresce a cada ano, atraindo gente de vários estados do Brasil.
É a maior manifestação popular da capital piauiense e o maior corso do mundo - título oficializado em fevereiro de 2012 pelo Guinness Book.
- Para rematar estas histórias de Carnaval, Não perca estes vídeos com imagens de um dos Carnavais mais genuínos de Portugal: O de Torres Vedras.
Espreite o Carnaval do ano passado:
E não perca este Encontro Internacional Gigantones e Cabeçudos em Torres Vedras.
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