O Entrudo na ilha Terceira (Região Autónoma dos Açores), é uma manifestação cultural muito apreciada e também muito diferente de outras, não só em Portugal, como noutros países. Pouco se sabe acerca da origem desta manifestação cultural. Pensa-se que estas danças foram trazidas para a ilha Terceira através dos povoadores, pois existem outras expressões culturais ligadas ao teatro e à dança em Portugal Continental. Todavia, há uma forte hipótese de esta tradição ter influências do século XVI, através dos autos vicentinos, ou seja, de Gil Vicente. Por isso, o Entrudo da Terceira é considerado como “o maior encontro de teatro português que se faz em língua portuguesa em todo o Mundo”.
Antigamente estas manifestações teatrais eram realizadas em locais abertos, em largos ou terreiros. Hoje, para comodidade dos assistentes e dos próprios “actores”, passaram a realizar-se dentro de recintos fechados.
As danças e bailinhos que caracterizam o Entrudo da Terceira, têm vindo a evoluir muito, desde o enredo até ao próprio vestuário. O enredo de uma dança ou bailinho pode ser algo engraçado, ou algo que até pode não ter graça, mas como é cantado e dançado daquele forma, coloca o público a rir, sendo esse o maior objectivo destas manifestações. As danças do Entrudo são sempre dividias em três partes distintas:
A “entrada” ou “saudação”, em que se cumprimenta o povo e o local onde se encontram. O “assunto”, em que se apresenta o argumento da “Dança” e ao qual imediatamente se segue o enredo. Por fim, a “despedida”, em que se agradece a todos os espectadores a atenção dispensada com a “Dança” e se agradece, ao salão, à Casa do Povo, etc, por os ter recebido.
Cada uma destas partes é iniciada e concluída pela “Mestre” da “Dança”, sendo que a maior parte das vezes a “Entrada” e a “Despedida” é cantada apenas por ele.
Existem diversos tipos de danças: a Dança de Espada, a Dança de Pandeiro, o Bailinho e a Comédia. Todas estas manifestações têm uma vertente teatral e de crítica, pois, muitas vezes, os assuntos retratam os problemas da sociedade.
As Danças de Espada possuem um mestre e são puxadas por um apito e por uma espada. Estas, normalmente, tratam de assuntos mais dramáticos, como amores proibidos.
Os Bailinhos, também têm um mestre e são puxados através de um apito ou até mesmo através de uma “vareta”. Estes têm uma vertente mais cómica e retratam problemas da sociedade.
As Danças de Pandeiro são puxadas por um mestre que utiliza um pandeiro e por vezes um apito.
As Comédias estão mais vocacionadas para a crítica social e normalmente, não possuem nem música nem mestre. À excepção das restantes danças ou bailinhos, que demoram cerca de 45 minutos, as comédias não levam muito tempo.
Os trajes das personagens que integram estes grupos são fruto da imaginação dos criadores e do trabalho das costureiras.
Sugiro-lhe que veja, agora, um resumo do bailinho de carnaval, de 2012, "Morte Bem Teimosa", de Santa Cruz da Praia da Vitória (Terceira - Açores). Votos de bom Carnaval!
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