A onda de mar e céu, redonda,
durou nos ares um sorriso.
Nenhum poder claro ou inviso
deteve no ar a débil onda.
Um esvair-se em vácuo e treva
do vôo da ave intercadente.
Música silenciosamente mergulhada,
que o tempo leva.
O sonho côncavo buscando
se no aço do espelho convexo,
que ria incólume, sem sexo,
sem uma imagem, mas brilhando.
O gesto de nuvens e de águas,
a aragem, a palavra, a rosa,
a intraduzível, soluçosa
sombra de vento sobre as águas.
Abgar Renault (1901- 1995)
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