"Povo que Lavas no Rio" é uma canção portuguesa, um fado, com letra do poeta Pedro Homem de Mello.
Foi interpretada originalmente por Amália Rodrigues, com música de Joaquim Campos (Fado Victória).
Depois da proibição pelo regime Salazarista, da transmissão na rádio do Fado de Peniche, por ser considerado um hino aos presos de Peniche, a gravação e o lançamento nas rádios de Povo que Lavas no Rio, ganhou dimensão política.
Talvez devido a esse facto, as opiniões quanto à interpretação da letra de Pedro Homem de Mello, poeta português de excelência, divergem em absoluto. Alguns críticos creem que o poema imortalizado por Amália Rodrigues, seja um depoimento de amor ao povo português, enquanto outros tendem a ver nas suas estrofes uma lírica ligada à homossexualidade masculina.
O autor, Pedro Homem de Mello, era homossexual. Ter-se-ia assumido como tal, junto à comunidade que lhe era mais próxima, na cidade do Porto, onde viveu.
Independentemente desta divergência, a versão musicada deste poema sob a forma de fado, tornou-se um ex-libris deste género em Portugal e um dos fados marcantes na voz de Amália Rodrigues.
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Música: Fado Victoria
Letra: Pedro Homem de Melo
1 comentário:
Desde a Galiza, escoitamos o fado e lembramos aos presos de Peniche.
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