"Ansiosas de liberdade
e de igualar o voo das gaivotas,
as palavras soltam-se no vento,
que as desgrenha,
enrodilha,
e deixa cair
sobre as águas, revoltas,
de um mar de flor".
Luísa Dacosta - "A maresia e o sargaço dos dias", Edições Asa
Luísa Dacosta, (16/02/1927 - 15/02/2015), foi uma escritora portuguesa.
Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, mas as suas "Universidades" foram as mulheres de A-Ver-O-Mar (Póvoa de Varzim). Elas que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga (Ele não me bate muito, só o preciso) e que, mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança!
Às mulheres de A-Ver-O-Mar "Deve" a língua ao rés do coloquial. Foi professora do ciclo preparatório e alguma coisa deve, também, aos alunos: o ter ficado do lado do sonho. Isso a motivou a escrever para crianças.
Entre as influências que a sua produção literária manifesta, os críticos têm citado Irene Lisboa, cuja presença seria visível logo no seu primeiro trabalho. Entre a temática que mais a interessou situam-se os relatos de um quotidiano vulgar e a situação da mulher.
Os seus livros situam-se num registo em que um sabor autobiográfico se mistura à crónica e ao conto.
Luísa Dacosta começou a sua vida literária em 1955 com a publicação de um livro de contos intitulado "Província".
A partir de 1972 iniciou a escrita de livros para crianças e dirigiu colecções nesta área editorial.
Na sua actividade de tradutora, traduziu obras de Nathalie Sarraute e Simone de Beauvoir. Colaborou em numerosos periódicos de que podem destacar-se Colóquio/Letras, O Comércio do Porto, Jornal de Notícias, Raiz e Utopia, Seara Nova.
Se a quiser ficar a conhecer um pouco melhor, assista à entrevista que se segue.
Sem comentários:
Enviar um comentário