quinta-feira, outubro 17, 2024

Goa, Damão e Diu

A relação de Goa, na Índia, com Portugal, data de 1498, quando Vasco da Gama descobriu o tão sonhado caminho marítimo para as Índias Orientais.

Durante 450 anos os enclaves de Damão e Diu (junto ao estado do Guzerate) situados na costa do mar Arábico fizeram parte do Estado Português da Índia, juntamente com Goa, Dadrá e Nagar Aveli. Goa, Damão e Diu foram ocupados pela União Indiana em 19 de dezembro de 1961; contudo Portugal não reconheceu a ocupação até 1974. 

Goa, Damão e Diu tornaram-se um território da União até1987, altura em que Goa se tornou um estado de direito próprio dentro da Índia, permanecendo Damão e Diu como território da União separado administrativamente. Em 2020 fundiu-se com os territórios de Dadrá e Nagar Aveli, formando o novo território da união de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu. Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu é um território da União localizado no oeste da Índia, com capital na cidade de Damão. O território é composto por sete entidades geográficas separadas: Dadrá, Nagar Aveli, Damão, península de Gogolá, ilha de Simbor, praia de Nagoá e a ilha de Diu.

Todas as sete áreas que formam o território faziam parte da Índia Portuguesa, com a capital em Goa Velha; ficaram sob administração indiana após a invasão de Dadrá e Nagar Aveli (1954) e da invasão de Goa, Damão e Diu (1961)

O guzerate era o idioma maioritário do território. Antes da fusão, o uso do português estava em declínio por não ser ensinado nas escolas, embora ainda fosse falado por 10% dos habitantes de Damão. Existiam contudo crioulos portugueses em Damão (conhecidos como língua da casa) e Diu (a língua dos velhos); porém, este último estava a extinguir-se rapidamente devido à pressão do guzerate.

Atualmente, o português já não é a língua mais falada em Goa, o inglês e as línguas indianas como o concani (língua oficial de Goa) ou o hindu são as línguas preponderantes da região. Porém, de acordo com o jornal "Observador", em 2019, eram cerca de dois mil estudantes de português em Goa, e a quantidade de goeses que se interessam pelo idioma cresce com o passar do tempo.

Proponho-lhe que ouça agora um instrumental do grupo português Quinta do Bill intitulado Goa, Damão e Diu.

quarta-feira, outubro 16, 2024

A Batalha de Cochim: A Termópilas Portuguesa

 A Batalha de Cochim, também às vezes chamada de Segundo Cerco de Cochim, designa uma série de conflitos travados entre março e julho de 1504, com a ocorrência tanto de confrontos navais quanto terrestres, principalmente entre a guarnição portuguesa situada em Cochim, aliada ao próprio Reino de Cochim, e as forças invasoras do Samorim de Calicute com vassalos da costa do Malabar.

O vídeo abaixo que o autor  designou como A Termópilas Portuguesa, fala-lhe sobre os acontecimentos que levaram à batalha de Cochim em 1504. Assim que Vasco da Gama partiu da Índia, o samorim de Calecute atacou Cochim, e por pouco, a presença portuguesa no subcontinente não foi eliminada. Depois da chegada da 5ª armada e dos primos Albuquerque, Afonso e Francisco, um pequeno contingente armado português, foi a única força que os primos deixaram na Índia. Mesmo assim, a força luso-cochinesa de 8150 homens derrotou a do samorim de dezenas de milhares, depois de 7 batalhas em 4 meses.

terça-feira, outubro 15, 2024

Dois Dedos De Testa

Ouça a cantora portuguesa Carolina Deslandes em Dois Dedos De Testa.
 Ser mulher aqui é ser mulher de quem?
Ter um papel assinado pra ser alguém
Ser decente, quem se apresenta à mãe
Mesmo que o filho não valha a mulher que tem

Ser mulher aqui é ser submissa
Rezar o terço, dizer sim e ir à missa
Não ter opinião, ser bonita
Ser tão nova quanto o estado e andar bem vestida

E eu que tenho a liberdade debaixo dos braços
Tenho brasas a arder debaixo dos pés
Pus uma pedra sobre o meu passado
E se o que eu sou ofende quem és

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte

Foi deixada, abandonada
É carente e mal amada
Está tão triste e tão sozinha
Pobrezinha

Sem apelido e sem marido
E de quem será o filho?
Está cansada, ela trabalha
Coitadinha, coitadinha

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte
Hum-hum-hum-hum
Hum-hum-hum-hum

E eu que tenho a liberdade debaixo dos braços
Tenho brasas a arder debaixo dos pés
Pus uma pedra sobre o meu passado
E se o que eu sou ofende quem és

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde (brinde)
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte

segunda-feira, outubro 14, 2024

Canção do Amor-Perfeito

 Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.

Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.

Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.

domingo, outubro 13, 2024

Cochim: No Rasto De Vasco da Gama

Mapa de Cochim -1635
Cochim é a maior cidade do estado de Querala - estado com o maior nível de escolaridade da Índia. Fez parte do Estado Português da Índia entre 1503 e 1663. É um dos principais portos na costa ocidental deste país e a maior cidade da Índia onde mais de metade dos seus habitantes não professa o hinduísmo.

Tem cerca de 600 000 habitantes, e a sua área metropolitana, mais de 1 500 000 habitantes, tornando-a a maior área urbana de Querala.

Ocupada por forças portuguesas em 1503, tornou-se um entreposto europeu na Índia. Permaneceu como capital da Índia Portuguesa até 1510, quando os portugueses elegeram Goa como capital. Foi ocupada posteriormente pelos Holandeses, os Mysores e os Britânicos.

Entre os muitos pontos históricos da cidade, relacionados com as navegações portuguesa destacam-se, entre outros, a Igreja de São Francisco, onde foi sepultado Vasco da Gama (posteriormente trasladado para Portugal), a Fortaleza de Cochim e a Basílica de Santa Cruz.

Em 1947, quando a Índia obteve a sua independência do poder colonial britânico, Cochim foi o primeiro principado a unir-se à União Indiana voluntariamente.

Mapa artístico da Fortaleza de Cochim

Cochim ou Kochi cresceu como centro da indústria de transportes, do comércio internacional, do turismo e das tecnologias da informação e comunicação. É o mais importante centro comercial de Querala e uma das metrópoles secundárias de maior crescimento na Índia. Como outras grandes cidades nos países em vias de desenvolvimento, Cochim continua a lutar com problemas resultantes da urbanização como o congestionamento de trânsito e o impacto ambiental da atividade humana.

A cidade mantém, hoje, uma herança colonial resultante de culturas diferentes e da mistura de tradição e modernidade.

Do seu património há a destacar:
A Igreja de S. Francisco (1503), construída por portugueses com o túmulo vazio de Vasco da Gama;
O Museu Indo-Português;
A Basílica de Santa Cruz;
O Santuário construído junto à basílica de Santa Cruz dedicado a Nossa Senhora de Fátima;
A Fortaleza de Cochim; 
O Bairro da Fortaleza de Cochim (com casas coloniais cobertos de azulejos e vários locais de prática religiosa);
A Sinagoga de Cochim ou Sinagoga de Paradesi (construída em 1568);
O Palácio de Mattancherry (construído pelos portugueses e restaurado pelos holandeses);

Cochim e o estado de Kerala são considerados como "uma outra Índia": mais limpa, mais verde, com influência portuguesa e judaica, onde se come churrasco e as mulheres têm voz. 

Cochim ou Kochi é na verdade uma região metropolitana dividida em: 
Fort Kochi, área mais antiga (centro histórico) e turística da cidade;
Ernakulam, centro comercial, interligado por metropolitano;
Edapally, subúrbio com alguns shoppings e atrações.

Existem outras áreas e ilhas ligadas por pontes, mas os três lugares acima referidos são os principais locais a visitar. Além disso existem algumas regiões ligeiramente mais afastadas que merecem atenção, como Munnar, onde ficam as plantações de chá; e Allepey, de onde partem os passeios de hotéis flutuantes pelos backwaters.
As redes de pesca chinesas, que são típicas de Cochim, são usadas há séculos. 
Se quiser ficar a conhecer melhor esta cidade não deixe de ver os dois vídeos abaixo. Aqui vai o primeiro.

O segundo chama-se A Rota de Gama - Hora dos Portugueses.
Neste 4 portugueses que decidiram celebrar os 500 anos da morte de Vasco da Gama percorrem de moto as cinco cidades por onde passou Vasco da Gama terminado no local onde ele faleceu (Cochim).

sábado, outubro 12, 2024

Wind of change

Ouça  "Wind of change", da banda Scorpions, que foi lançada no álbum "Crazy world", de 1990. 

Fenómeno de vendas, o disco deu novo impulso à carreira deste grupo musical formado na cidade de Hannover, em meados dos anos 60. 

O cantor e compositor Klaus Meine explicou que a letra da canção é inspirada nos "ventos de mudança" que atingiam a Europa: a Guerra Fria a terminar, o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim.

sexta-feira, outubro 11, 2024

Baçaim

 Baçaim (atualmente Vasai-Virar) foi um antigo porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 km ao norte de Bombaim, no estado de Maharashtra, no noroeste da Índia.

Fez parte do Estado Português da Índia entre 1533 e 1739, quando foi reconquistada pelo Império Maratha. Constituiu-se numa das mais importantes praças-forte portuguesas na região, chegando a rivalizar com Goa.

Antigo baluarte fortificado Maratha, de acordo com algumas fontes, a cidade foi cedida aos portugueses em dezembro de 1534. Capital da Província do Norte na Índia portuguesa, resistiu aos assaltos de forças locais e estrangeiras até ser reocupada pelos Maratas, que também reconquistaram todos os territórios dela dependentes (1739). 

A sua fortificação, entretanto, somente foi iniciada em maio de 1536, por determinação de D. Nuno da Cunha. Os muros da cidade foram erguidos entre 1552 e 1582, pois nesta última data já se encontrava envolvida por imponente muralha de pedra e cal, reforçada por dez modernos baluartes.

Desde o início da presença portuguesa assistiu-se à instalação de todas as ordens religiosas, com a função proselitista. De sua presença em Baçaim subsistem os restos do Convento de São Domingos e do Convento de Santo António, em relativo estado de boa conservação, além do Convento de Santo Agostinho e da Igreja da Companhia de Jesus, esta última caracterizada por uma torre que se eleva acima do casario. Por último destacam-se a Misericórdia, a Igreja Paroquial de São José e a Igreja de Nossa Senhora da Vila. O que resta da Casa da Câmara e Cadeia é semelhante ao que ainda se encontra em Portugal do mesmo período. Do mesmo modo, o traçado do arruamento é semelhante ao das vilas e cidades portuguesas, com a praça aberta nas imediações da Casa da Câmara.

Fortaleza de São Sebastião de Baçaim em Vasai

Atualmente, as ruínas da cidade de Baçaim e a própria fortaleza, encontram-se ameaçadas pela exploração das jazidas de gás ao longo da costa, e pela proximidade da metrópole de Bombaim, hoje com uma população de mais de onze milhões de habitantes.