terça-feira, outubro 15, 2024

Dois Dedos De Testa

Ouça a cantora portuguesa Carolina Deslandes em Dois Dedos De Testa.
 Ser mulher aqui é ser mulher de quem?
Ter um papel assinado pra ser alguém
Ser decente, quem se apresenta à mãe
Mesmo que o filho não valha a mulher que tem

Ser mulher aqui é ser submissa
Rezar o terço, dizer sim e ir à missa
Não ter opinião, ser bonita
Ser tão nova quanto o estado e andar bem vestida

E eu que tenho a liberdade debaixo dos braços
Tenho brasas a arder debaixo dos pés
Pus uma pedra sobre o meu passado
E se o que eu sou ofende quem és

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte

Foi deixada, abandonada
É carente e mal amada
Está tão triste e tão sozinha
Pobrezinha

Sem apelido e sem marido
E de quem será o filho?
Está cansada, ela trabalha
Coitadinha, coitadinha

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte
Hum-hum-hum-hum
Hum-hum-hum-hum

E eu que tenho a liberdade debaixo dos braços
Tenho brasas a arder debaixo dos pés
Pus uma pedra sobre o meu passado
E se o que eu sou ofende quem és

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, eu quero esquecer
Quero ser o centro da festa, o assunto da conversa
Eu, eu quero aparecer

Deixa-me abanar a cabeça, põe mais vinho nesta mesa
Que eu, que eu hoje faço um brinde (brinde)
Quero ser dona da festa, tenho dois dedos de testa
Sou a voz e nem sou boa ouvinte

segunda-feira, outubro 14, 2024

Canção do Amor-Perfeito

 Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.

Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.

Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.

domingo, outubro 13, 2024

Cochim: No Rasto De Vasco da Gama

Mapa de Cochim -1635
Cochim é a maior cidade do estado de Querala - estado com o maior nível de escolaridade da Índia. Fez parte do Estado Português da Índia entre 1503 e 1663. É um dos principais portos na costa ocidental deste país e a maior cidade da Índia onde mais de metade dos seus habitantes não professa o hinduísmo.

Tem cerca de 600 000 habitantes, e a sua área metropolitana, mais de 1 500 000 habitantes, tornando-a a maior área urbana de Querala.

Ocupada por forças portuguesas em 1503, tornou-se um entreposto europeu na Índia. Permaneceu como capital da Índia Portuguesa até 1510, quando os portugueses elegeram Goa como capital. Foi ocupada posteriormente pelos Holandeses, os Mysores e os Britânicos.

Entre os muitos pontos históricos da cidade, relacionados com as navegações portuguesa destacam-se, entre outros, a Igreja de São Francisco, onde foi sepultado Vasco da Gama (posteriormente trasladado para Portugal), a Fortaleza de Cochim e a Basílica de Santa Cruz.

Em 1947, quando a Índia obteve a sua independência do poder colonial britânico, Cochim foi o primeiro principado a unir-se à União Indiana voluntariamente.

Mapa artístico da Fortaleza de Cochim

Cochim ou Kochi cresceu como centro da indústria de transportes, do comércio internacional, do turismo e das tecnologias da informação e comunicação. É o mais importante centro comercial de Querala e uma das metrópoles secundárias de maior crescimento na Índia. Como outras grandes cidades nos países em vias de desenvolvimento, Cochim continua a lutar com problemas resultantes da urbanização como o congestionamento de trânsito e o impacto ambiental da atividade humana.

A cidade mantém, hoje, uma herança colonial resultante de culturas diferentes e da mistura de tradição e modernidade.

Do seu património há a destacar:
A Igreja de S. Francisco (1503), construída por portugueses com o túmulo vazio de Vasco da Gama;
O Museu Indo-Português;
A Basílica de Santa Cruz;
O Santuário construído junto à basílica de Santa Cruz dedicado a Nossa Senhora de Fátima;
A Fortaleza de Cochim; 
O Bairro da Fortaleza de Cochim (com casas coloniais cobertos de azulejos e vários locais de prática religiosa);
A Sinagoga de Cochim ou Sinagoga de Paradesi (construída em 1568);
O Palácio de Mattancherry (construído pelos portugueses e restaurado pelos holandeses);

Cochim e o estado de Kerala são considerados como "uma outra Índia": mais limpa, mais verde, com influência portuguesa e judaica, onde se come churrasco e as mulheres têm voz. 

Cochim ou Kochi é na verdade uma região metropolitana dividida em: 
Fort Kochi, área mais antiga (centro histórico) e turística da cidade;
Ernakulam, centro comercial, interligado por metropolitano;
Edapally, subúrbio com alguns shoppings e atrações.

Existem outras áreas e ilhas ligadas por pontes, mas os três lugares acima referidos são os principais locais a visitar. Além disso existem algumas regiões ligeiramente mais afastadas que merecem atenção, como Munnar, onde ficam as plantações de chá; e Allepey, de onde partem os passeios de hotéis flutuantes pelos backwaters.
As redes de pesca chinesas, que são típicas de Cochim, são usadas há séculos. 
Se quiser ficar a conhecer melhor esta cidade não deixe de ver os dois vídeos abaixo. Aqui vai o primeiro.

O segundo chama-se A Rota de Gama - Hora dos Portugueses.
Neste 4 portugueses que decidiram celebrar os 500 anos da morte de Vasco da Gama percorrem de moto as cinco cidades por onde passou Vasco da Gama terminado no local onde ele faleceu (Cochim).

sábado, outubro 12, 2024

Wind of change

Ouça  "Wind of change", da banda Scorpions, que foi lançada no álbum "Crazy world", de 1990. 

Fenómeno de vendas, o disco deu novo impulso à carreira deste grupo musical formado na cidade de Hannover, em meados dos anos 60. 

O cantor e compositor Klaus Meine explicou que a letra da canção é inspirada nos "ventos de mudança" que atingiam a Europa: a Guerra Fria a terminar, o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim.

sexta-feira, outubro 11, 2024

Baçaim

 Baçaim (atualmente Vasai-Virar) foi um antigo porto no extremo sul de uma ilha, a cerca de 50 km ao norte de Bombaim, no estado de Maharashtra, no noroeste da Índia.

Fez parte do Estado Português da Índia entre 1533 e 1739, quando foi reconquistada pelo Império Maratha. Constituiu-se numa das mais importantes praças-forte portuguesas na região, chegando a rivalizar com Goa.

Antigo baluarte fortificado Maratha, de acordo com algumas fontes, a cidade foi cedida aos portugueses em dezembro de 1534. Capital da Província do Norte na Índia portuguesa, resistiu aos assaltos de forças locais e estrangeiras até ser reocupada pelos Maratas, que também reconquistaram todos os territórios dela dependentes (1739). 

A sua fortificação, entretanto, somente foi iniciada em maio de 1536, por determinação de D. Nuno da Cunha. Os muros da cidade foram erguidos entre 1552 e 1582, pois nesta última data já se encontrava envolvida por imponente muralha de pedra e cal, reforçada por dez modernos baluartes.

Desde o início da presença portuguesa assistiu-se à instalação de todas as ordens religiosas, com a função proselitista. De sua presença em Baçaim subsistem os restos do Convento de São Domingos e do Convento de Santo António, em relativo estado de boa conservação, além do Convento de Santo Agostinho e da Igreja da Companhia de Jesus, esta última caracterizada por uma torre que se eleva acima do casario. Por último destacam-se a Misericórdia, a Igreja Paroquial de São José e a Igreja de Nossa Senhora da Vila. O que resta da Casa da Câmara e Cadeia é semelhante ao que ainda se encontra em Portugal do mesmo período. Do mesmo modo, o traçado do arruamento é semelhante ao das vilas e cidades portuguesas, com a praça aberta nas imediações da Casa da Câmara.

Fortaleza de São Sebastião de Baçaim em Vasai

Atualmente, as ruínas da cidade de Baçaim e a própria fortaleza, encontram-se ameaçadas pela exploração das jazidas de gás ao longo da costa, e pela proximidade da metrópole de Bombaim, hoje com uma população de mais de onze milhões de habitantes.

quinta-feira, outubro 10, 2024

Damão

Damão é uma cidade da Índia, capital do território da União de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu. Até 1961 foi sede de distrito do antigo Estado Português da Índia. Tem 72 km² e cerca de 191 173 habitantes (2011).

Situada entre Diu, a Norte, e Baçaím, a Sul, a Fortaleza de Damão Grande simboliza o último ato de expansão portuguesa na costa da Cambaia. Construída no século XVI depois da conquista da cidade aos mouros, em 1559, pelo Vice-Rei Constantino de Bragança.

Foi a cidade mais portuguesa em toda a Índia, tendo sido a sede de distrito do antigo Estado Português da Índia e, dentro das suas muralhas, existe ainda um mundo à parte, onde permanecem vestígios de Portugal como a língua ou a casa onde viveu o poeta Bocage em 1789.

A cidade que fica intra-muros foi sempre muito pouco povoada e a disposição ortogonal das ruas não era comum nas cidades portuguesas do Oriente. Quanto à fortaleza propriamente dita, foi António Pinto da Fonseca que a deixou programada, em termos genéricos, e que foi desenhado para conclusão por Giovanni Battista Cairato.

Em 1595 as muralhas estavam a ponto de ser fechadas, mas o acabamento dos baluartes e cortinas foi posterior a 1614. A fortaleza ficou um quadrilátero bastante regular, com dez baluartes unidos por cortinas de cantaria dotadas de um fosso, construído após 1635.

Situada na costa do golfo de Cambaia, era um dos três concelhos que constituíam o distrito. Dadrá e Nagar-Aveli (enclaves no território indiano) eram os outros dois concelhos de Damão. O antigo concelho de Damão era constituído pelas freguesias de Damão Grande (Moti Daman), Damão Pequeno (Nani Daman) e Sé.

No século XVI era nos estaleiros de Damão que as frotas islâmicas se preparavam para combater a armada portuguesa. O primeiro contacto dos portugueses com esta cidade aconteceu em 1523, mas só 36 anos depois foi conquistada.

O primeiro contacto dos portugueses com Damão deu-se, quando chegaram ali os navios de Diogo de Melo. Em 1534, o vice-Rei D. Nuno da Cunha enviou António Silveira arrasar os baluartes mouriscos de Damão, por saber que se situavam ali os estaleiros e as demais instalações necessárias ao apetrechamento das frotas islâmicas que vinham dar combate às armadas portuguesas. Também seria enviado a Damão o capitão-mor Martim Afonso de Sousa, para bombardear e destruir as fortificações islâmicas. Mas só em 1559 viria a ser definitivamente tomada a cidade de Damão, pelo Vice-rei D. Constantino de Bragança.

A zona do Pequeno Damão, na margem direita do rio Damanganga, foi ocupada em 1614. Sucessos e insucessos das guerras locais, em que se destacam as lutas contra os sidis (mercenários abissínios) e com os maratas, levaram à perda de territórios de Baçaim, no antigo Reino de Cambaia (Sultanato de Guzarate). Nas mãos dos portugueses, desde as lutas do rei de Cambaia com os mogores, Baçaim passará para a posse dos maratas em 1739.

E, no ano seguinte, será a vez de Chaúl cair em poder dos mesmos maratas. Entretanto, muitas vilas e aldeias serão perdidas pelos Portugueses, até que, pelo auxílio militar que estes deram a Madeva Pradan, detentor do trono, contra o príncipe Ragobá que, aliado aos ingleses, pretendia derrubar o peshwá e ocupar o seu lugar, Portugal receberia, pelo Tratado de 1780, como restituição, 72 aldeias correspondentes a territórios outrora perdidos. E com essas aldeias se formaram os enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli.

Em 18 de dezembro de 1961 o distrito português de Damão foi invadido e ocupado pelas tropas da União Indiana e incorporado no território de Damão e Diu. Desde 2020 é a capital do território de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu.

Veja o vídeo abaixo onde a jornalista Sandra Felgueiras nos conta um pouco mais sobre o que resta de Portugal na distante Índia.

quarta-feira, outubro 09, 2024

Dadrá e Nagar Aveli

Dadrá e Nagar Aveli (paraísos das madeiras preciosas) eram pequenos territórios ultramarinos portugueses, parte da Índia Portuguesa de 1779 até 1954. Os territórios eram enclaves, sem acesso ao mar, administrados por um governador português.

A invasão de Dadrá e Nagar Aveli foi um conflito militar em que os territórios de Dadrá e Nagar Aveli passaram de facto do domínio português para o governo da União Indiana em 1954, ainda que de jure formassem um Estado autónomo.

Dadrá e Nagar Aveli é um distrito do território da União de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu, no oeste da Índia. Dadrá é um enclave no Estado do Guzerate e Nagar Aveli fica na fronteira entre este e Maarastra.

Ao contrário das áreas circundantes, Dadrá e Nagar Aveli foram governadas pelos portugueses de 1783 até meados do século XX. A área foi capturada por forças pró-Índia em 1954 e administrada como o estado independente de facto de Dadrá e Nagar Aveli antes de ser anexado à Índia como um território da União em 1961. 

O território foi fundido com o território vizinho de Damão e Diu para formar o novo território da União de "Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu" em 26 de janeiro de 2020. O território de Dadrá e Nagar Aveli tornou-se, então, um dos três distritos do novo território da União.

A cidade de Silvassa é a sede administrativa do distrito de Dadrá e Nagar Aveli e da taluca (subdistrito) de Nagar Aveli.