O Vale do OMO localiza-se num território junto a montanhas e nas margens do rio Omo, no sul remoto da Etiópia, onde há séculos vivem tribos que preservam costumes e comportamentos culturais da África mais tradicional e, por isso, por muito tempo, as suas culturas têm permanecido intocáveis. Porém, essa região tem vindo a ser cruelmente agredida e invadida por turistas, missionários, e pela construção de uma grande hidroelétrica, que irá alagar toda área povoada pelos povos que ali habitam.
O baixo vale do rio Omo, no sudoeste da Etiópia, é então o lar para oito povos diferentes, cuja população total é de cerca de 200.000. Entre eles, destacam-se: os Karo, os Mursi, os Hamer, os Bume, os Konso e os Omorate, entre outros. Eles vivem ali há séculos.
A inundação anual do rio Omo alimenta a rica biodiversidade da região e garante a segurança alimentar destes grupos especialmente porque a precipitação é baixa e irregular. No vale do Rio Omo, estes povos seminómadas conduzem grandes rebanhos de gado em busca da melhor pastagem, ao longo das margens do rio.
O Baixo Vale do Omo é uma área de uma beleza espetacular com diversos ecossistemas, incluindo pastagens, afloramentos vulcânicos, e uma das poucas matas fluviais remanescentes na região semi-árida da África que suporta uma grande variedade de vida selvagem.
O Vale Inferior do Omo inclui também um sítio arqueológico pré-histórico, reconhecido mundialmente, localizado nas margens do Rio Omo, perto do Lago Turkana onde ele desagua, na Região de Gému Gofa, no sudoeste da Etiópia, a cerca de oitocentos kms da capital Adis Abeba.Na região demarcada deste sítio, ao longo de décadas de pesquisas foram encontrados fragmentos e vestígios - e rochas desde o Plioceno até ao Pleistoceno (de 3,8 milhões a 11,7 mil anos) - da presença humanoide. As pesquisas arqueológicas que têm sido realizadas neste local, estão entre as mais importantes, significativas e valiosas do mundo, e revelam não só o processo evolutivo dos hominídeos e das suas subespécies, mas também da fauna e da flora. Estas pesquisas e trabalhos arqueológicos têm desvendado a evolução do Homo Sapiens da África. Foram ali encontrados, também, fósseis com mais de três milhões de anos, das espécies Australopitecos e Homo habilis.
Em 1980 o Comité do Património Mundial da UNESCO homologou a inscrição e inclusão do Vale Inferior do Omo na Lista do Património Mundial na Etiópia, justificando que as evidências e vestígios pré-históricos e paleo-antropológicos encontrados no Vale Inferior do Omo proporcionam, das mais significativas e importantes descobertas, sobre a evolução social e técnica da raça humana iniciadas desde o período pré-histórico.
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