quinta-feira, outubro 10, 2024

Damão

Damão é uma cidade da Índia, capital do território da União de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu. Até 1961 foi sede de distrito do antigo Estado Português da Índia. Tem 72 km² e cerca de 191 173 habitantes (2011).

Situada entre Diu, a Norte, e Baçaím, a Sul, a Fortaleza de Damão Grande simboliza o último ato de expansão portuguesa na costa da Cambaia. Construída no século XVI depois da conquista da cidade aos mouros, em 1559, pelo Vice-Rei Constantino de Bragança.

Foi a cidade mais portuguesa em toda a Índia, tendo sido a sede de distrito do antigo Estado Português da Índia e, dentro das suas muralhas, existe ainda um mundo à parte, onde permanecem vestígios de Portugal como a língua ou a casa onde viveu o poeta Bocage em 1789.

A cidade que fica intra-muros foi sempre muito pouco povoada e a disposição ortogonal das ruas não era comum nas cidades portuguesas do Oriente. Quanto à fortaleza propriamente dita, foi António Pinto da Fonseca que a deixou programada, em termos genéricos, e que foi desenhado para conclusão por Giovanni Battista Cairato.

Em 1595 as muralhas estavam a ponto de ser fechadas, mas o acabamento dos baluartes e cortinas foi posterior a 1614. A fortaleza ficou um quadrilátero bastante regular, com dez baluartes unidos por cortinas de cantaria dotadas de um fosso, construído após 1635.

Situada na costa do golfo de Cambaia, era um dos três concelhos que constituíam o distrito. Dadrá e Nagar-Aveli (enclaves no território indiano) eram os outros dois concelhos de Damão. O antigo concelho de Damão era constituído pelas freguesias de Damão Grande (Moti Daman), Damão Pequeno (Nani Daman) e Sé.

No século XVI era nos estaleiros de Damão que as frotas islâmicas se preparavam para combater a armada portuguesa. O primeiro contacto dos portugueses com esta cidade aconteceu em 1523, mas só 36 anos depois foi conquistada.

O primeiro contacto dos portugueses com Damão deu-se, quando chegaram ali os navios de Diogo de Melo. Em 1534, o vice-Rei D. Nuno da Cunha enviou António Silveira arrasar os baluartes mouriscos de Damão, por saber que se situavam ali os estaleiros e as demais instalações necessárias ao apetrechamento das frotas islâmicas que vinham dar combate às armadas portuguesas. Também seria enviado a Damão o capitão-mor Martim Afonso de Sousa, para bombardear e destruir as fortificações islâmicas. Mas só em 1559 viria a ser definitivamente tomada a cidade de Damão, pelo Vice-rei D. Constantino de Bragança.

A zona do Pequeno Damão, na margem direita do rio Damanganga, foi ocupada em 1614. Sucessos e insucessos das guerras locais, em que se destacam as lutas contra os sidis (mercenários abissínios) e com os maratas, levaram à perda de territórios de Baçaim, no antigo Reino de Cambaia (Sultanato de Guzarate). Nas mãos dos portugueses, desde as lutas do rei de Cambaia com os mogores, Baçaim passará para a posse dos maratas em 1739.

E, no ano seguinte, será a vez de Chaúl cair em poder dos mesmos maratas. Entretanto, muitas vilas e aldeias serão perdidas pelos Portugueses, até que, pelo auxílio militar que estes deram a Madeva Pradan, detentor do trono, contra o príncipe Ragobá que, aliado aos ingleses, pretendia derrubar o peshwá e ocupar o seu lugar, Portugal receberia, pelo Tratado de 1780, como restituição, 72 aldeias correspondentes a territórios outrora perdidos. E com essas aldeias se formaram os enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli.

Em 18 de dezembro de 1961 o distrito português de Damão foi invadido e ocupado pelas tropas da União Indiana e incorporado no território de Damão e Diu. Desde 2020 é a capital do território de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu.

Veja o vídeo abaixo onde a jornalista Sandra Felgueiras nos conta um pouco mais sobre o que resta de Portugal na distante Índia.

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