sábado, julho 26, 2025

O Ratatouille

O Ratatouille é uma clássica receita francesa, do século XVIII, da região da Provença, de legumes cozidos, podendo ser servida quente ou fria, sozinha ou como acompanhamento.

O Ratatouille típico da região provençal de Nice, é conhecido como um guisado criado por camponeses e agricultores pobres que precisavam usar a colheita dos vegetais amadurecidos frescos de verão. Um prato rústico, típico daquela região, cujo nome, derivado do termo occitano, significa "picar, triturar", mas pode-se traduzir também como "ragoût de legumes" ou "prato de berinjelas".

O ratatouille moderno - com tomates como uma base para um refogado de alho, cebola, curgete (abobrinha), berinjela, pimento, manjerona, erva-doce, manjericão, folha de louro e tomilho, ou uma mistura de ervas verdes como ervas de Provença - não aparece nas receitas até cerca de 1930.

Os ingredientes principais do ratatouille são a berinjela e o tomate. Com os restantes ingredientes pode-se lidar mais à vontade. O pimento e a curgete (abobrinha) não são obrigatórios na receita. O método clássico de preparar o ratatouille envolvia tirar as peles e sementes do tomate e cozinhar separadamente os vegetais, para serem combinados no final e temperados com sal e ervas da Provença (uma combinação de tomilho, orégãos, sementes de coentro e de funcho; o conjunto levava cerca de uma hora a cozer, sendo regado com vinho branco ou tinto).

O Larousse Gastronomique alega que "de acordo com os puristas, os diferentes vegetais devem ser cozinhados separadamente, depois combinados e cozidos devagar juntos até obterem uma consistência cremosa e suave", segundo a presidente do comité do Larousse, Joël Robuchon, "o vegetal vai saborear-se de si mesmo."

O filme de animação de 2007 da Disney Pixar, Ratatouille, sobre um pequeno rato francês com aspirações culinárias, tornou o prato e o termo Ratatouille famoso.
Aqui lhe deixo a Receita do filme Ratatouille e respetivo vídeo.

Ingredientes:
2 colheres de sopa de azeite 
1 colher de chá de sal 
1 fio de azeite
1 berinjela média
1 abobrinha italiana média
1/2 maço de manjericão
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto
2 cebolas médias
1 pimentão amarelo médio
2 tomates italianos grandes
1 xícara(s) de chá de molho de tomate 



Preparação:

Corte a curgete (abobrinha) e a berinjela em rodelas de aproximadamente meio centímetro. Corte, também em rodelas, os tomates, a cebola e o pimentão. Pré-aqueça o forno a 200 °C. Coloque o molho de tomate caseiro no fundo de uma assadeira ou refratário redondo. Adicione as rodelas enfileiradas, intercalando os vegetais até fechar toda a assadeira. Regue com mais um fio de azeite, tempere com sal e pimenta-do-reino. Cubra com papel alumínio e leve a assar por 30 minutos. Retire o papel alumínio e deixe dourar por mais 10 ou 15 minutos.
E  o trailer do filme.

sexta-feira, julho 25, 2025

O Planalto do Bié - Diários de Viagem (1848-57)

O Planalto do Bié - Diários de Viagem (1848-57) de László Magyar e István Rákóczi (organização). 

Sinopse:
Esta não é uma obra de um explorador ou de um viajante, mas sim a de um colono que optou por viver e morrer numa peculiar forma de autoexílio. Nas suas linhas ignora-se a tensão e a pressa tão características dos viajantes. O autor confessa não ter tido à sua disposição nenhum livro que pudesse tê-lo ajudado no seu trabalho. Daí precisamente a sua originalidade e, mais que isso, a sua credibilidade também. (…) Posso assegurar que estas descrições, tão simples quanto acessíveis, fazem com que os seus leitores se familiarizem melhor com o Continente Negro do que por meio de qualquer rebuscada obra científica.” [Richard Burton, 1886] 

"O meu decidido objectivo é explorar a África Austral, o que só vejo e espero poder levar a bom porto, conhecendo perfeitamente a língua e os costumes dos nativos. Para tal empresa nem podia ter encontrado tão excelente ocasião como entre os bienos, exímia gente dada ao comércio." Esta frase do explorador húngaro László Magyar é uma arte poética, hoje diríamos, dum antropólogo cultural. Reside precisamente nesta faceta, nas circunstâncias que assume a seu favor o viajante, a sua grandeza enquanto "explorador geográfico em construção". Casado com Ozoro, a filha dum soba, foram assim abertas novas sendas para um melhor conhecimento do interior do Continente Negro.

Este pequeno livro ergue um monumento à memória do explorador húngaro László Magyar, nascido há duzentos anos em Szombathely, na Hungria, e falecido com o nome de "Enganna Como" em 1864 no Porto Cuíto de Angola. Publicam-se assim, pela primeira vez e reunidos em língua portuguesa, os seus diários de viagem, publicados e dispersos em húngaro, e que, agora traduzidos, pretendem contribuir para um melhor conhecimento internacional do solitário explorador húngaro, um dos não colonialistas em vésperas da Partilha de África.

quinta-feira, julho 24, 2025

A Um Passo do Amor

A Um Passo do Amor é um filme (comédia dramática) americano de 2008, realizado por Joel Hopkins e protagonizado por Dustin Hoffman, Emma ThompsonLiane Balaban, James Brolin, Richard Schiff e Eileen Atkins.

Um filme interessante, que só pela atuação de Dustin Hoffman e Emma Thompson vale a pena ver.

Sinopse:
O nova-iorquino Harvey Shine (Dustin Hoffman) é um compositor de jingles, cinquentão, que está com o emprego em risco. Marvin (Richard Schiff), o seu chefe, alertou-o para o facto de que só terá mais uma chance. Num fim de semana viaja para Londres para o casamento de Susan (Liane Balaban), sua filha, mas precisa de estar em Nova York na segunda feira, para participar numa reunião importante. Ao chegar ao casamento Harvey descobre que Susan escolheu Brian (James Brolin), seu padrasto, para levá-la ao altar. Aborrecido, decide deixar a boda e parte para o aeroporto, mas perde o voo. Devido a isso é demitido por Marvin, o que o leva até a um bar para afogar as mágoas. Divorciado e com azar no trabalho, é lá que conhece Kate (Emma Thompson), uma funcionária do Departamento de Estatísticas Nacionais, londrina tão só quanto ele, cuja vida é dedicada ao trabalho e à mãe e com uma visão icónica dos relacionamentos. O encontro inesperado vai transformar as suas vidas.

quarta-feira, julho 23, 2025

Malaca: A Presença Portuguesa

Rancho Folclórico - Malaca
Malaca é a capital do estado malaio de Malaca  (terceiro menor estado da Malásia), localizada no litoral sudoeste da Península Malaia, defronte do estreito de Malaca. Tem uma população de cerca de 370 000 habitantes e uma área, de cerca de 303 km². O estado de Malaca ocupa uma área de 1 650 kmª, equivalente a 1,3% da superfície da Malásia. Divide-se em três distritos: Malaca Central (Melaka Tengah, com 314 km²), Alor Gajah (660 km²) e Jasin (676 km²). As principais cidades do estado de Malaca são a capital, Malaca, e Alor Gajah, Masjid Tanah, Jasin, Merlimau, Pulau Sebang e Ayer Keroh.

A capital do estado, a cidade de Malaca, está localizada estrategicamente entre duas capitais nacionais (Kuala Lumpur e Singapura) e conta com excelentes ligações rodoviárias. Embora não possua uma estação ferroviária, Malaca é servida por um aeroporto doméstico, localizado na cidade de Batu Berendam.

Já foi um dos mais antigos sultanatos malaios, no entanto, atualmente, o estado é governado por um governador.

Segundo J.P. Machado, a etimologia do topónimo português Malaca é controversa, embora seja provável uma origem malaia; João de Barros regista que o termo na língua local significaria "homem desterrado". Alternativamente, outros autores apontam um termo sânscrito (malaca) para a árvore Phyllantus emblica, abundante na região, como a origem do topónimo. O primeiro registo da forma "Malaca" em português parece ser em Gil Vicente, datado de 1562; fontes escritas anteriores adotavam as grafias "Melequa" e "Melaca". O gentílico "malaquês", formado com base no topónimo, é encontrado em português a partir de 1552.

Malaca foi declarada, em 2008, Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Da presença portuguesa na cidade sobrevivem a Igreja de São Paulo e a Porta de Santiago da Fortaleza de Malaca, conhecida como "A Formosa".

Em 2007, o estado de Malaca tinha 759 000 habitantes. Compõe-se de: malaios (57%); chineses (32%); indianos (uma minoria importante) e uma pequena comunidade de cristang, um povo com antepassados portugueses. 

A comunidade cristang é uma pequena comunidade, com origem em antepassados portugueses que remonta aos descobrimentos. A comunidade cristang fala a língua cristang, um crioulo de base portuguesa, sendo que "cristang" significa "cristão" nesta língua. A comunidade é conhecida entre si como "gente cristang"; outros sinónimos para esta comunidade são "Serani" (do malaio "Nasrani", significando seguidores de Jesus de Nazaré) e "gragok" (termo calão para "geragau" ou camarão, referindo-se ao facto de esta comunidade ser tradicionalmente de pescadores de camarão). 

O nome "cristang" é por vezes utilizado incorretamente para nomear outras populações eurasiáticas da Malásia e de Singapura, incluindo povos de descendência holandesa e britânica.

Mesmo depois de os contactos com Portugal cessarem em 1641, a comunidade cristang preservou as suas tradições, religião e língua, mantendo surpreendentes semelhanças culturais e linguísticas com o Portugal atual, especialmente da região do Minho. São maioritariamente católicos praticantes. Alguns serviços religiosos são ainda celebrados em português e a comunidade é sempre referida como portuguesa pelos malaios. Contudo a língua cristang, não é ensinada nas escolas, pelo que está em vias extinção, com excepção da comunidade portuguesa em Ujong Pasir Malacca.

O Bairro Português de Malaca, é o bairro mais famoso da cidade. Nos longínquos 130 anos de presença na cidade, os nossos navegadores deixaram um legado que milagrosamente sobreviveu até aos nossos dias.

A Malaca Portuguesa era o território da atual Malaca, que durante 130 anos (1511-1641) foi uma colónia Portuguesa. 130 anos depois, perdemos Malaca para os holandeses. As famílias de luso-descendentes temiam a perseguição e refugiaram-se nas montanhas. Muitos traços os demarcavam já, as tradições, a língua, a religião, a gastronomia, os nomes de família. Distinguiam-se como a comunidade "cristang", papiavam "portugis", comiam "caldu pescador". Nunca abdicaram da sua identidade cultural, apesar das adversidades.

A dinâmica Comunidade Portuguesa em Malaca, estabelecida desde 1933 mantém o objetivo de reunir a comunidade cristang dispersa, preservando a sua cultura.

O Natal é uma ocasião festiva, quando muitas famílias cristang se juntam. Realizam-se também diversas festividades como o dia de São João (San Juang) a 24 de junho, hoje uma das maiores atracções turísticas de Malaca, a festa ao São Pedro (San Pedro), patrono dos pescadores, em 29 de junho. A música e dança cristang, é conhecida como branyok. A melodia branyok mais popular, a "Jingkli Nona", é vista como um hino não oficial da comunidade eurasiática de origem portuguesa.

Apelidos de origem portuguesa, como o de Jeremy Monteiro, um conhecido músico, ou o proprietário da Air Asia, Tony Fernandes revelam a origem portuguesa. Além dos nomes, cerca de 300 palavras portuguesas permanecem na língua malaia. Estas incluem kereta (de carreta, "carro"); sekolah (de escola); bendera (de bandeira); mentega (de manteiga); keju (de queijo); meja (de mesa); e nenas (de ananás).
A Jinkli Nona 

terça-feira, julho 22, 2025

Só o Amor

 Assista à interpretação de Preta Gil (1974 - 2025) em "Só o Amor".

Preta Gil foi uma cantora, atriz, apresentadora e empresária brasileira, fundadora e sócia-diretora da Music2Mynd.

Preta era filha do músico Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, e sobrinha do cantor Caetano Veloso.

segunda-feira, julho 21, 2025

A Flamiche

A Flamiche é um prato típico da região da Picardia, no norte de França. A Picardia é uma região histórica, com capital em Amiens, que se estende desde os subúrbios de Paris e dos vinhedos de Champagne até às praias na baía de Somme, no Canal da Mancha

Esta torta/tarte salgada de origem flamenga, remonta ao século XVIII. A palavra flamenga "flamiche" significa "bolo". Originalmente, a flamiche era um pedaço de massa de pão assada e coberta com manteiga derretida. 

A base da receita é uma massa preparada com farinha, manteiga e fermento, resultando numa textura amanteigada e crocante. O recheio é uma mistura cremosa de ovos, queijo gruyère e uma pitada de noz-moscada. A torta também leva alho francês/alho porro, refogado em manteiga antes de ser incorporado no creme. 

Com o tempo evoluiu para uma torta salgada conhecida por ter na base ou massa folhada ou massa quebrada e um recheio cremoso de alho francês/alho-porro, natas, ovos e queijo. Pode ter ainda diferentes variações de recheios: cebola, endívias e queijos como Maroilles ou Roquefort

A flamiche pode ser considerada uma variação da quiche, mas com menos ovo e mais alho francês/alho-porro. 

Aqui lhe deixo agora uma receita ("pescada" num blogue)

Ingredientes:
(massa)
200 g de farinha
100 g de margarina vegetal amolecida
1 ovo caseiro L
água q.b. 

(recheio)
1 alho-francês médio
3 c. de sopa de margarina
150 ml de natas
1 ovo e 1 gema de ovo caseiro L
sal e mistura de 4 pimentas acabada de moer q.b.
Queijo Brie Président q.b.

Preparação:
para a massa
Numa saladeira, colocar a farinha e a margarina amolecida.
Misturar e incorporar o ovo.
Juntar água suficiente até a massa unir e trabalhá-la até ficar homogénea.
Estender a massa numa superfície enfarinhada e dar-lhe uma forma circular.
Forrar uma tarteira com esta massa e picar o fundo com um garfo.
Vai ao forno a 180 ºC por alguns minutos (uns 8 minutos).

para o recheio
Arranjar o alho-francês, retirando as partes muito verdes.
Lavar bem e cortar em rodelas de cerca de 1 cm.
Derreter a margarina numa frigideira grande e saltear o alho-francês.
Deixar cozinhar um pouco até ficar amolecido.
Retirar do lume e temperar com um pouco de sal e pimenta.
Numa saladeira, misturar as natas com o ovo e gema.
Deitar o alho-francês sobre a massa e cobrir com a mistura de ovo/natas.
Espalhar os pedaços de queijo pelo recheio.
Vai ao forno pré-aquecido a 180 ºC até dourar (cerca de 20-25 minutos).
Servir com uma salada.

domingo, julho 20, 2025

Nómada: Seguindo os Passos de Bruce Chatwin

Nómada: Seguindo os Passos de Bruce Chatwin é um filme inglês (2019) do género documentário, realizado por Werner Herzog que conta no elenco com Werner Herzog e Bruce Chatwin e que faz parte do programa Porto/Post/Doc.

Werner Herzog revisita, neste filme, os passos do amigo e escritor Bruce Chatwin numa reflexão poética sobre o nomadismo, a amizade e a destruição cultural pelo turismo.

Sinopse:
Quando o escritor e jornalista Bruce Chatwin estava nos dias finais da sua vida, devido à infeção pelo vírus da SIDA (AIDS), durante a década de 1980, recebeu uma visita de Werner Herzog. Presenteou-o então, com uma bolsa de viagem ou melhor uma mochila. Três décadas mais tarde, Herzog embarca na sua própria jornada nómada, inspirado pelo espírito do falecido amigo.