sábado, março 27, 2021
Samba Invertido
sexta-feira, março 26, 2021
A Camisola Poveira
É uma camisola de lã branca (originalmente poderia ser branca, castanha ou azul), bordada em ponto de cruz, com motivos em preto e vermelho. Os motivos do bordado são não só marinhos (patinhos, remos cruzados, vertedouros, grinaldas, apetrechos marítimos, etc), mas também incluem o escudo nacional, com a coroa real, o brasão da Póvoa de Varzim e siglas poveiras. O remate com o nome ou a sigla poveira era mais do que um registo de propriedade, era também uma dedicatória.
As camisolas poveiras foram inicialmente bordadas por homens - os velhos "Lobos do Mar" retirados da faina, que esculpiam na lã toda a simbologia da sua vida. Depois passaram a ser bordadas a ponto de cruz pelas noivas, irmãs ou mães dos pescadores, como sinal de afeto.
Esta peça era elemento integrante do traje masculino de romaria e festa do pescador poveiro, cuja origem remonta ao primeiro quarteirão do séc. XIX. Este traje branco de branqueta (tecido manual) foi o que mais perdurou, mantendo-se até finais do século passado, sendo sempre o traje escolhido aquando da presença de elementos da comunidade junto das mais altas individualidades do país. Com a grande tragédia marítima de 27 de Fevereiro de 1892, o luto decretou a sentença de morte deste traje branco, assim como de outros trajes garridos. A camisola sobreviveu, ainda, pela primeira metade deste século, mantendo-se como peça de luxo de velhos e novos.
Foi com a criação do Grupo Folclórico Poveiro, em 1936, pelo etnógrafo António dos Santos Graça, que se assistiu ao renascimento do traje branco (de romaria e festa), onde a camisola poveira tem posição de relevo, e se iniciou a divulgação no exterior desta peça de extrema beleza e a quantos visitam a Póvoa de Varzim, quer nacionais quer estrangeiros.
Atualmente, as Camisolas Poveiras vendem-se, como peças de artesanato, nas lojas de recordações turísticas.
Nestes dois últimos dias muito se tem falado da Camisola Poveira, no nosso país. Não pelos melhores motivos.
Uma marca norte-americana (a Tory Burch) vende a camisola poveira (como sendo de design próprio) por 695 euros, sem qualquer referência à Póvoa de Varzim ou a Portugal. Segundo os jornais Público e Observador, a marca começou por apresentar a camisola como sendo de inspiração mexicana.
quinta-feira, março 25, 2021
Meu Amor da Rua Onze: Agora a Canção
Oiça o cantor angolano Toty Sa'Med em Meu Amor da Rua Onze, um poema do poeta angolano Aires de Almeida Santos.
Aires de Almeida Santos (1922 - 1991) foi um poeta e jornalista angolano que nasceu no Chinguar (Angola), e viveu a sua infância junto do mar, na cidade de Benguela e a adolescência na cidade do Huambo.
O músico dos Buraka Som Sistema produziu o primeiro EP de Toty, Ingombota, quando era um cantor praticamente desconhecido.
Nesse disco, o músico angolano cantou velhas canções de Ruy Mingas, Artur Nunes ou Bonga. Em 2018, subiu ao palco do EDP Cool Jazz, fazendo a primeira parte do espetáculo de Salvador Sobral.
Joss Stone procurou-o na sua passagem por Angola com o projeto Total World Tour. E cantou com ele, em kimbundu.
quarta-feira, março 24, 2021
Meu Amor da Rua Onze
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos nos roubámos
Tantos abraços nós demos.
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais mentir.
Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.
Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nós trocámos.
Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As vezes promessas, que fizemos.
Nossa maneira de amar
Era tão doida, tão louca
Qu´inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubámos.
Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nós demos.
E agora
Tudo acabou
Terminou
Nosso romance
Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer
E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
de escultura
Cor de bronze
Meu amor da Rua Onze.
Aires Almeida Santos (1922 - 1991) - "Meu Amor da Rua Onze" (1987).
terça-feira, março 23, 2021
Paisagens de Angola
A República de Angola, é um país da costa ocidental da África, cujo território principal é limitado a norte e a nordeste pela República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. Inclui também o exclave de Cabinda, através do qual faz fronteira com a República do Congo, a norte. Para além dos vizinhos já mencionados, Angola é o país mais próximo da colónia britânica de Santa Helena.
Não perca mais este passeio virtual a este belo país africano.
Ora veja.
segunda-feira, março 22, 2021
Maria Maddalena
domingo, março 21, 2021
Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
7-11-1915 - "Poemas Inconjuntos"-Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.