Oiça e veja
Compay Segundo, ao vivo no Olympia, em Paris (1999), interpretando
Chan Chan.
Compay Segundo, (1907 - 2003) foi um clarinetista,
tresero e compositor cubano.
Compay Segundo costumava afirmar que, desde os cinco anos, acendia os puros (charutos) para a avó. Não é por acaso que em Santiago, fez o que grande parte da população cubana fazia: aprendeu o ofício de enrolador de charutos. Ao mesmo tempo, tinha aulas de clarinete. Foi tocando este instrumento que fez a sua primeira viagem a Havana, em 1929, com a Banda Municipal de Música. Autodidata do
tres e de violão, criou um novo instrumento de corda, que misturava aqueles instrumentos, o
armónico. Muitas das suas composições musicais caracterizam-se pelo conteúdo imaginativo e por um grande sentido de humor. Na década de 30, com o quarteto Hatuey, viajou até ao México, onde participou em dois filmes, "
México Lindo" e "
Tierra Brava".
Também foi no México que integrou, como clarinetista, o grupo "
Matamoros" e teve a oportunidade de trabalhar com o músico Benny Moré. Aí, fundou ainda, em 1942, a dupla "
Los Compadres", cantando com o cubano Lorenzo Hierrezuelo. Lorenzo era a primeira voz e tinha o apelido de Compay Primo (primeiro compadre), enquanto Repilado (um dos seus apelidos) era a segunda voz, o
Compay Segundo, pseudónimo que o acompanhou até o fim de seus dias e pelo qual é reconhecido mundialmente.
A sua carreira sofreu inúmeras mudanças. Integrou o sexteto "
Los Seis Ases", o "
Cuarteto Cubanacán", e foi clarinetista da Banda Municipal de Santiago de Cuba. Em 1956 criou o grupo "
Compay Segundo y sus Muchachos", com quem trabalhou até à morte.
Compay Segundo foi um artista único. Os estilos musicais em que transitava eram: o "
son", a "
guaracha", o "
bolero" e as "
canciones" com marcados matizes caribenhos. A sua voz, grave e redonda, acompanhou célebres cantores de fama internacional. Com os "muchachos" do seu grupo, foi capaz de fazer dançar multidões de todos os continentes. Realizou digressões pela América Latina e Europa, particularmente Espanha, onde gravou os seus últimos discos. É em Espanha entre 1992 e 1995, que se iniciou a sua consagração internacional e se verificou a retomada da sua carreira artística, a partir de uma antologia sua, organizada por Santiago Auserón.
Compay Segundo participou, também activamente, do ambicioso projecto "
Buena Vista Social Club", um disco produzido por
Ry Cooder, em 1996, em que se reuniram os grandes nomes da música cubana, como
Ibrahim Ferrer, J
uan de Marcos González,
Rubén González,
Manuel "Puntillita"
Licea,
Orlando "Cachaito" López,
Manuel "Guajiro" Mirabal,
Eliades Ochoa,
Omara Portuondo,
Barbarito Torres, Amadito "Tito" Valdés e Pio Leyva. O disco foi premiado com o Grammy e promoveu um ressurgimento fabuloso de músicos cubanos que, em alguns casos, estavam no ostracismo há mais de 10 anos.
O disco é o tema central do
documentário homónimo, dirigido pelo alemão Wim Wenders.
Aos 94 anos, Compay Segundo estreou-se, ainda, nos palcos como actor, numa peça intitulada "
Se secó el arroyto" (algo como "secou-se o riozinho"). Esta peça é baseada numa de suas canções e narra os amores frustrados de um casal de jovens, nos anos anteriores à Revolução Cubana (1959).
Entre as canções mais conhecidas, interpretadas por
Compay Segundo, estão: "
Sarandonga", "
Saludos,
Compay", "
¿Y tú, qué has hecho?", "
Amor de la loca juventud", "
Juramento" e "
Veinte años". No entanto, a mais famosa de todas é "
Chan Chan", que, lhe proponho que oiça hoje.