Veja aqui José Mário Branco a interpretar uma das suas mais conhecidas músicas: "Eu vim de Longe".
José Mário Branco (1942) é um músico e compositor português, considerado por muitos como um dos expoentes da música de intervenção portuguesa. Iniciou a sua carreira musical durante o Estado Novo, tendo sido perseguido pela PIDE até se exilar em França, em 1963. Com ele trabalharam José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto e Camané, entre outros, com os quais participou em concertos ou em álbuns editados como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais. Compôs e cantou , também, para o teatro, o cinema e a televisão.
Em 1974 regressou a Portugal e fundou o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta!, com o qual gravou dois álbuns.
Entre música de intervenção, fado e outras, são obras suas, os discos "Ser Solidário", "Margem de Certa Maneira", "A Noite" e o emblemático" FMI", obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos.
O seu álbum mais recente, lançado em 2004, intitula-se "Resistir é Vencer" em homenagem ao povo timorense que resistiu durante décadas à ocupação pelas forças da Indonésia logo após o 25 de Abril.
Em 2009 voltou às actuações públicas com dois concertos intitulados "Três Cantos", juntando «referências não só musicais mas também poéticas do que é cantar em português»: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto.
Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
Então entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou
Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha na outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou
Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar
E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos cantei
Foram feitos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão
Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou
Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi pra esta força que apontou
E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções
Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar
Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser
Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel para o ajudar
Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar
E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar a solta
Que já não hesito
Os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer
Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei prá aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar
sábado, abril 26, 2014
sexta-feira, abril 25, 2014
Recordar Salgueiro Maia, 40 anos depois...
40 anos depos do 25 de Abril é importante relembrar Salgueiro Maia. Salgueiro Maia (1944 — 1992), foi um militar português que se tornou conhecido, quer em Portugal quer no estrangeiro, por ser um dos Capitães de Abril.
Salgueiro Maia foi um dos distintos capitães do Exército Português, que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril ou Revolução dos Cravos, que marcou o final da ditadura.
Em outubro de 1964, ingressou na Academia Militar, em Lisboa e, acabado o curso, apresentou-se na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, onde foi comandante de instrução, vindo a integrar, depois, uma companhia de comandos na então guerra colonial.
Em 1973 iniciam-se as reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas e, Salgueiro Maia, como Delegado de Cavalaria, integrou a Comissão Coordenadora do Movimento. Depois do 16 de Março de 1974 e do Levantamento das Caldas, foi Salgueiro Maia, a 25 de Abril desse ano, quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição de Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, que entregou a pasta do governo a António de Spínola.
Salgueiro Maia escoltou, depois, Marcelo Caetano ao avião que o transportaria para o exílio no Brasil.
Recusou, ao longo dos anos, ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de Santarém e pertencer à casa Militar da Presidência da República.
Em 1983 recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, e, a título póstumo, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito em 1992 e em 2007 a Medalha de Ouro de Santarém.
Em 1989 foi-lhe diagnosticada uma doença cancerosa que, apesar das intervenções cirúrgicas, o vitimaria em 1992.
Sugiro-lhe, agora, que veja o documentário, realizado pela RTP, sobre a vida de Salgueiro Maia, "Capitão de Abril" e a sua atuação na revolução de 25 de Abril de 1974. Este documentário é baseado no livro "Salgueiro Maia, Um Homem da Liberdade", de António de Sousa Duarte.
Salgueiro Maia foi um dos distintos capitães do Exército Português, que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril ou Revolução dos Cravos, que marcou o final da ditadura.
Em outubro de 1964, ingressou na Academia Militar, em Lisboa e, acabado o curso, apresentou-se na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, onde foi comandante de instrução, vindo a integrar, depois, uma companhia de comandos na então guerra colonial.
Em 1973 iniciam-se as reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas e, Salgueiro Maia, como Delegado de Cavalaria, integrou a Comissão Coordenadora do Movimento. Depois do 16 de Março de 1974 e do Levantamento das Caldas, foi Salgueiro Maia, a 25 de Abril desse ano, quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição de Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, que entregou a pasta do governo a António de Spínola.
Salgueiro Maia escoltou, depois, Marcelo Caetano ao avião que o transportaria para o exílio no Brasil.
Recusou, ao longo dos anos, ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de Santarém e pertencer à casa Militar da Presidência da República.
Em 1983 recebe a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, e, a título póstumo, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito em 1992 e em 2007 a Medalha de Ouro de Santarém.
Em 1989 foi-lhe diagnosticada uma doença cancerosa que, apesar das intervenções cirúrgicas, o vitimaria em 1992.
Sugiro-lhe, agora, que veja o documentário, realizado pela RTP, sobre a vida de Salgueiro Maia, "Capitão de Abril" e a sua atuação na revolução de 25 de Abril de 1974. Este documentário é baseado no livro "Salgueiro Maia, Um Homem da Liberdade", de António de Sousa Duarte.
quinta-feira, abril 24, 2014
E Depois do Adeus
"E Depois do Adeus" foi a canção que serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril de 1974. A letra é de José Niza e a música de José Calvário. Foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho na 12.ª edição do Festival RTP da Canção, do qual sairia vencedora. Nessa qualidade, representou Portugal em Brighton, a 6 de Abril, no Festival Eurovisão da Canção 1974.
E agora a mesma canção com imagens do 25 de Abril de 1974.
E agora a mesma canção com imagens do 25 de Abril de 1974.
Liberdade
Para celebrar os 40 anos da "Revolução dos Cravos", fique com o tema "Liberdade" de Sérgio Godinho, do álbum "À Queima Roupa" de 1974.
Sérgio Godinho (1945) é um poeta, compositor e intérprete português. Como autor, compositor e cantor, personifica perfeitamente a sua música “O Homem dos 7 Instrumentos”.
Sérgio Godinho é um homem multifacetado, tendo representado já em filmes, séries televisivas e peças teatrais.
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Sérgio Godinho (1945) é um poeta, compositor e intérprete português. Como autor, compositor e cantor, personifica perfeitamente a sua música “O Homem dos 7 Instrumentos”.
Sérgio Godinho é um homem multifacetado, tendo representado já em filmes, séries televisivas e peças teatrais.
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quarta-feira, abril 23, 2014
A Morte Saiu à Rua
José Dias Coelho (1923 — 1961) foi um artista plástico, militante político anti-fascista e dirigente do PCP.
Em 1955, José Dias Coelho, entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP. Foi assassinado pela PIDE em 1961, na rua que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O seu assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música "A Morte Saiu à Rua". O mesmo fez o grupo Trovante com a música " À Flor da Vida".
Com uma intensa actividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitectos Keil do Amaral e João Abel Manta, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência na África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação
Em 1955, José Dias Coelho, entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP. Foi assassinado pela PIDE em 1961, na rua que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.
O seu assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música "A Morte Saiu à Rua". O mesmo fez o grupo Trovante com a música " À Flor da Vida".
Com uma intensa actividade social e intelectual a par da política, travou e manteve amizade com várias figuras destacadas da sociedade portuguesa de então, tais como os arquitectos Keil do Amaral e João Abel Manta, Fernando Namora, Carlos de Oliveira, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires, Abel Manta, Rogério Ribeiro, João Hogan, bem como aqueles que viriam dentro em breve a liderar os movimentos de independência na África, na altura estudantes em Lisboa: Agostinho Neto, Vasco Cabral, Marcelino dos Santos, Amílcar Cabral e Orlando Costa.
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação
terça-feira, abril 22, 2014
Visado Pela Censura
Proponho-lhe que veja dois documentos que fazem parte da história da censura no nosso país, durante a ditadura salazarista.
No passado dia 29 de Março, fez 40 anos que se realizou um encontro de música portuguesa no Coliseu dos Recreios onde - ao que consta pela primeira vez - a canção "Grândola Vila Morena" foi cantada em público.
No primeiro documento o Presidente da Casa da Imprensa, solicita ao Secretário de Estado da Informação, o levantamento do embargo relativamente à participação dos artistas José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, no referido espectáculo.
O segundo documento diz respeito ao decorrer do Encontro de Música Portuguesa. O regime vigente fez deslocar para o local, fiscais da Direcção Geral dos Espectáculos (DGE), que elaboraram um relatório circunstanciado. É um documento notável que merece ser lido, porque caracteriza bem o ambiente da sala e a época que se vivia em Portugal, tanto mais que se estava a poucos dias do 25 de Abril, data da Revolução dos Cravos. Acresce que este documento é preciso, conciso, revelando profissionalismo perspicaz, competente e um evidente bom senso e humor.
Foi há 40 anos. Vale a pena ler estes documentos até ao fim, para isso basta clicar aqui e aqui. São autênticas preciosidades que interessam, não só aos portugueses, mas também aos Angolanos, porque um dos artistas que deveria participar no referido encontro de música, era o Rui Mingas!
No passado dia 29 de Março, fez 40 anos que se realizou um encontro de música portuguesa no Coliseu dos Recreios onde - ao que consta pela primeira vez - a canção "Grândola Vila Morena" foi cantada em público.
No primeiro documento o Presidente da Casa da Imprensa, solicita ao Secretário de Estado da Informação, o levantamento do embargo relativamente à participação dos artistas José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, no referido espectáculo.
O segundo documento diz respeito ao decorrer do Encontro de Música Portuguesa. O regime vigente fez deslocar para o local, fiscais da Direcção Geral dos Espectáculos (DGE), que elaboraram um relatório circunstanciado. É um documento notável que merece ser lido, porque caracteriza bem o ambiente da sala e a época que se vivia em Portugal, tanto mais que se estava a poucos dias do 25 de Abril, data da Revolução dos Cravos. Acresce que este documento é preciso, conciso, revelando profissionalismo perspicaz, competente e um evidente bom senso e humor.
Foi há 40 anos. Vale a pena ler estes documentos até ao fim, para isso basta clicar aqui e aqui. São autênticas preciosidades que interessam, não só aos portugueses, mas também aos Angolanos, porque um dos artistas que deveria participar no referido encontro de música, era o Rui Mingas!
segunda-feira, abril 21, 2014
A Trova do Vento Que Passa
A "Trova do Vento Que Passa ", é uma balada (de 1963) de António Portugal e Manuel Alegre, do disco "Fados de Coimbra", cantada por Adriano Correia de Oliveira.
Adriano Correia de Oliveira (1942 — 1982) foi um músico português, um intérprete do fado de Coimbra e um cantor de intervenção. Data de 1963 o seu primeiro EP, "Fados de Coimbra", no qual foi acompanhado por António Portugal e Rui Pato. Este álbum continha a interpretação de "Trova do Vento Que Passa", poema de Manuel Alegre, que se transformou numa espécie de hino da resistência dos estudantes à ditatura.
Em 1967 gravou o álbum "Adriano Correia de Oliveira", que, entre outras canções, tinha "Canção Com Lágrimas". Em 1970 troca Coimbra por Lisboa, exercendo funções no Gabinete de Imprensa da Feira Industrial de Lisboa, até 1974. Ainda em 1969 vê editado o álbum "O Canto e as Armas", revelando, de novo, vários poemas de Manuel Alegre.
Lança "Cantaremos", em 1970, e "Gente d' aqui e de agora", em 1971, este último com o arranjo de José Calvário e a composição de José Niza. Em 1973 lança o disco "Fados de Coimbra".
Participa na fundação da Cooperativa Cantabril, logo após a Revolução dos Cravos e edita, em 1975, "Que Nunca Mais", onde se inclui o tema "Tejo Que Levas as Águas". A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lança o seu último álbum, "Cantigas Portuguesas".
Em 1982, vítima de uma hemorragia esofágica, morreu nos braços da sua mãe.
Em 1983 foi feito comendador da Ordem da Liberdade e em Abril de 1994 foi feito Grab«nde -Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em ambos os casos a título póstumo.
Fique em então com a "Trova do Vento que Passa" na voz de Adriano Correia de Oliveira.
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
Música: António Portugal
Adriano Correia de Oliveira (1942 — 1982) foi um músico português, um intérprete do fado de Coimbra e um cantor de intervenção. Data de 1963 o seu primeiro EP, "Fados de Coimbra", no qual foi acompanhado por António Portugal e Rui Pato. Este álbum continha a interpretação de "Trova do Vento Que Passa", poema de Manuel Alegre, que se transformou numa espécie de hino da resistência dos estudantes à ditatura.
Em 1967 gravou o álbum "Adriano Correia de Oliveira", que, entre outras canções, tinha "Canção Com Lágrimas". Em 1970 troca Coimbra por Lisboa, exercendo funções no Gabinete de Imprensa da Feira Industrial de Lisboa, até 1974. Ainda em 1969 vê editado o álbum "O Canto e as Armas", revelando, de novo, vários poemas de Manuel Alegre.
Lança "Cantaremos", em 1970, e "Gente d' aqui e de agora", em 1971, este último com o arranjo de José Calvário e a composição de José Niza. Em 1973 lança o disco "Fados de Coimbra".
Participa na fundação da Cooperativa Cantabril, logo após a Revolução dos Cravos e edita, em 1975, "Que Nunca Mais", onde se inclui o tema "Tejo Que Levas as Águas". A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano. Em 1980 lança o seu último álbum, "Cantigas Portuguesas".
Em 1982, vítima de uma hemorragia esofágica, morreu nos braços da sua mãe.
Em 1983 foi feito comendador da Ordem da Liberdade e em Abril de 1994 foi feito Grab«nde -Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em ambos os casos a título póstumo.
Fique em então com a "Trova do Vento que Passa" na voz de Adriano Correia de Oliveira.
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
Música: António Portugal
domingo, abril 20, 2014
O Mistério dos Ovos de Páscoa & O Coelhinho da Páscoa
Para celebrar o Domingo de Páscoa o post de hoje é dedicado às crianças. Daí que tenha escolhido três pequenos filmes de animação alusivos a esta data. O primeiro chama-se o Mistério dos Ovos de Páscoa. Nele, Maria e Miguel entram no mundo mágico da StoryBox para conhecer o verdadeiro Coelho da Páscoa. Contudo, quando chegam à floresta encantada apercebem-se que a fábrica dos ovos de chocolate está fechada porque alguém a assaltou.
Veja esta história fantástica e descubra se nesta Páscoa vão existir ou não, ovos de chocolate.
E agora, o segundo filme sobre o Coelhinho da Páscoa.
E ainda o último filme alusivo a esta quadra.
Veja esta história fantástica e descubra se nesta Páscoa vão existir ou não, ovos de chocolate.
E agora, o segundo filme sobre o Coelhinho da Páscoa.
E ainda o último filme alusivo a esta quadra.
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