sábado, dezembro 03, 2011

Velhinho Fado Menor

João Braga (Lisboa, 1945) é um fadista português que se estreou aos nove anos, como solista do coro do Colégio de São João de Brito. É na vila de Cascais, contudo, que começa a cantar em casas de fado amador.
O ano de 1967 marcou o seu lançadamento como intérprete profissional, com o primeiro disco: "É Tão Bom Cantar o Fado".
Com Luís Villas-Boas (seu produtor), organizou o I Festival Internacional de Jazz de Cascais, realizado em 1971.
De 1978 a 1982, integrou o elenco do restaurante de fados Pátio das Cantigas, em Lisboa. Lançou nesta fase , sete álbuns — Canção Futura (1977), Miserere (1978), Arraial (1980), Na Paz do Teu Amor (1982), Do João Braga Para a Amália (neste álbum de 1984, surge pela primeira vez como autor de melodias, musicando os poemas de Fernando Pessoa, "O Menino da Sua Mãe" e "Prece", o fado "Ai, Amália", de Luísa Salazar de Sousa, e o poema "Ciganos", de Pedro Homem de Mello), Portugal/Mensagem, de Pessoa (1985) e O Pão e a Alma (1987).
Depois do encerramento do Pátio das Cantigas, centrou a sua actividade nos concertos e na composição musical, tendo, a partir da década de 1990, contribuído para a renovação do panorama fadista através de convites a jovens intérpretes para integrarem os seus concertos, casos de Maria Ana Bobone, Mafalda Arnauth, Ana Sofia Varela, Mariza, Cristina Branco, Katia Guerreiro, Nuno Guerreiro, Joana Amendoeira, Ana Moura, Diamantina, entre outros.
Em 1990 o seu primeiro CD, Terra de Fados, que foi um êxito, incluiu poemas inéditos de Manuel Alegre, que pela primeira vez escreveu expressamente para um cantor. Seguiram-se Cantigas de Mar e Mágoa (1991), Em Nome do Fado (1994), Fado Fado (1997), Dez Anos Depois (2001), Fados Capitais (2002), Cem Anos de Fado - vol. 1 (1999) e vol. 2 (2001), e Cantar ao Fado (2000), onde reúne poemas de Fernando Pessoa, Alexandre O'Neill, Miguel Torga, David Mourão-Ferreira, Manuel Alegre, etc.
Em 2006 publicou o livro Ai Este Meu Coração. Neste mesmo ano, foi distinguido, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Além do fado, interpreta um repertório diversificado, que vai da música francesa, à brasileira, passando também pela anglo-saxónica.
É um intérprete com um estilo muito próprio, caracterizado por um timbre único, pela primazia do texto e por uma abordagem melódica imaginativa, sempre actualizada e de constante improviso.
Ouça, agora, João Braga no "Velhinho Fado Menor".

sexta-feira, dezembro 02, 2011

O Perfumista

O Perfumista, de Joaquim Mestre, é um livro que se recorda como o perfume de quem se amou. Uma viagem perturbante ao Alentejo do início do século XX.
Um homem apaixona-se por uma mulher. Não pelos seus olhos, não pelos seus cabelos, mas pelo seu cheiro. É o perfumista de Almorim.
Quando na Europa deflagra a Iª Guerra Mundial, o homem integra o Corpo Expedicionário Português que vai combater na Flandres. Algum tempo depois chega a notícia de que morreu na Batalha de La Lys.
No entanto, um dia o barco da carreira que sobe o Guadiana traz um homem que diz ser o perfumista. A febre pneumónica tinha feito muitas vítimas: a mulher, os amigos, muitas pessoas da vila haviam morrido. Não fala com ninguém, fecha-se em casa a criar perfumes, cujos aromas enlouquecem as mulheres e os homens, alterando a vida de Almorim.
Entre odores de mirra e de jasmim, de açafrão e de rosmaninho, entre profetas e malteses, visionários e contadores de histórias, O perfumista é um romance que nos traz imediatamente à memória os ambientes oníricos e as personagens de assombro que encontramos em escritores como Gabriel Garcia Márquez ou José Luís Peixoto.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

"Portugal a Pé" - haverá melhor forma de aprender um país?

Mais de mil quilómetros percorridos, centenas de conversas, milhares de fotografias ... Um país contado em livro, por quem o quis ver e sentir de perto, devagar, a pé!



«Se toda a gente anda a viajar e a escrever sobre todos os cantos do mundo, pensei então, porque não revisitar o interior do meu país a pé e escrever sobre o que vou encontrando pelo caminho?» Esta pergunta do jornalista Nuno Ferreira mereceu a resposta que agora é apresentada em livro: o Portugal a Pé - 500 páginas (cem dedicadas exclusivamente a fotografias)




Em Fevereiro de 2008, o jornalista munido de mapa, mochila e vontade de redescobrir o país partiu de Sagres. Depois, ao longo de dois anos, com alguns percalços e interrupções pelo meio, Nuno Ferreira caminhou o país todo. Uma viagem essencialmente pelo interior do país, esquecido, «muitas vezes entregue a si próprio, a lutar desesperadamente contra a desertificação», diz, acrescentando, trata-se de «um país de sobreviventes que não estão dependentes do próximo discurso à nação do político»

O Portugal a Pé é passagem por terras e rostos, é descoberta de vidas, é narração de histórias de sobrevivência, é pincelada humana num território cada vez mais desertificado e envelhecido

Mas, nos tempos que correm, é também alerta e acusação a quantos, em nome de um ilusório «progresso» (que deu no que deu), não hesitaram em comerciar o país rural, a agricultura, as formas de subsistência e de sociabilidade locais, por um punhado de euros que se esfumaram… como costuma acontecer ao ouro e às especiaria na História de Portugal.

Sobre o livro diz Rui Dias José, um outro jornalista, responsável pela sua edição:
Estou certo que muitos, como eu, irão querer de uma penada percorrer aquelas páginas, encurtando distâncias para realidades que quase ignoramos, apesar de sabermos tudo acerca do que se passa no outro lado do mar, de discutirmos modismos e "saisons" de qualquer capital europeia ou de nos convencermos que o mundo e a vida cabem num ecrã e numas teclas de computador à mesa de uma qualquer rede social.

O Portugal a Pé já anda pelas livrarias. Para que o percorram e saboreiem.

quarta-feira, novembro 30, 2011

Mondego

Deixo-o (a) com um documentário fabuloso sobre o rio Mondego (rio de barqueiros, calafetes, carreiros, estanqueiros, mas também de lentes, estudantes e poetas). O autor, Daniel Pinheiro, apresenta, assim, o contexto em que realizou este filme:
"Chamo-me Daniel Pinheiro. Terminei recentemente um mestrado em Wildlife Documentary Production na Universidade de Salford, UK, onde tive aulas com Sir David Attenborough, Paul Reddish, Neil Lucas e outros nomes da BBC Natural History Unit, Bristol. O documentário de vida selvagem "Mondego" é o meu projecto final do mestrado. O filme foi classificado com uma distinção e o próximo passo é concorrer a festivais desta especialidade na Europa. Estou na fase de publicitar o filme e achei que faria sentido fazê-lo para a QUERCUS, como documento científico sobre a fauna do Mondego e não só, visto que abranje algumas espécies com uma cobertura nacional mais ampla. Destacaria as mais ameaçadas como o tritão ibérico e a salamandra lusitânica".
Embora esteja em inglês, vale a pena ver o "Mondego". Recoste-se e aprecie, porque vai gostar de certeza.

"Mondego" by Daniel Pinheiro from Daniel Pinheiro on Vimeo.

terça-feira, novembro 29, 2011

Cabelo branco é saudade

Alfredo Marceneiro (n. Lisboa, 1891 - m. Lisboa, 1982) ficou conhecido com este nome devido à sua profissão, foi um fadista português que marcou uma época. Era detentor de uma voz inconfundível tornando-se um marco deste género de canção em Portugal.
Desde pequeno que sentia grande atracção pela arte de representar e pela música. Com os amigos começou a dar os primeiros passos como fadista em locais populares, começando a ser muito solicitado pela facilidade com que cantava e improvisava a letra das canções.
Um dia, conheceu Júlio Janota, fadista improvisador, de profissão marceneiro que o convenceu a seguir esse ofício, já que lhe daria mais salário e mais tempo disponível para se dedicar à sua paixão. É, assim, que vai dividir o seu tempo entre as canções e o trabalho e se transforma num fadista de renome.
Reformou-se em 1963, após uma carreira recheada de sucessos, numa grande festa de despedida no Teatro São Luiz.
Dos muitos temas que Alfredo Marceneiro cantou destaca-se a "Casa da Mariquinhas", de autoria do jornalista e poeta Silva Tavares.
Ouça, agora, Alfredo Marceneiro em "Cabelo branco é saudade".

segunda-feira, novembro 28, 2011

Mercado de Natal

No início de Dezembro (2, 3, 4 e 5), vai realizar-se na arena do Campo Pequeno uma mostra variada e de qualidade, de produtos e ofícios portugueses. A entrada é livre, e ali poderá adquirir artigos portugueses a preços apelativos, em áreas tão diversas como o Vintage, Gourmet, Crafts, Biológico, Design, Artes Plásticas, Plantas, Nostalgia, Decoração, Cerâmica, Joalharia, Moda, Coleccionismo, Livros e Instituições de Solidariedade Social. É o Mercado de Natal do Campo Pequeno.
A filosofia deste projecto é a de recriar o espírito dos mercados de outros tempos, onde se podia encontrar um pouco de tudo.
Os objectivos do Mercado de Natal são os seguintes:
1- Contribuir para a divulgação, estímulo e sustentabilidade de ofícios, artesãos e micro actividades produtivas nacionais, que pela sua reduzida dimensão têm muita dificuldade em dar-se a conhecer ao grande público de modo a poder apresentar e escoar as suas produções.
2- Aproximar do grande público as Instituições de Solidariedade Social (Unicef, Médicos do Mundo, entre outras) que neste período difícil que o país atravessa lutam diariamente com dificuldades, permitindo às mesmas uma participação gratuita para divulgação e angariação de apoios e receitas extraordinárias.
3- Sensibilizar o público para a aquisição de artigos portugueses,
Não se esqueça que muitas destas actividades são construídas com admirável persistência, paixão, engenho e criatividade, nas mais variadas vertentes produtivas, culturais ou sociais, constituindo notáveis exemplos de inovação, solidariedade e criatividade nacionais.Não esqueça, vá até lá!

domingo, novembro 27, 2011

Canção do Mar

Amália Rodrigues (1920 — 1999) foi uma fadista, cantora e actriz portuguesa. É considerada o exemplo máximo do fado. Tem sido aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Amália tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo.
Graças ao virtuosismo da sua voz, Amália Rodrigues teve à sua disposição poemas e letras de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill.
Recorde, agora, Amália Rodrigues em Canção do Mar.

Barco Negro

Mariza, a madrinha da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade (Unesco), é uma fadista portuguesa que nasceu em Moçambique em 1973.
Tem sido presença regular em palcos como o Carnegie Hall, em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Lobero Theater, em Santa Bárbara, a Salle Pleyel, em Paris, a Ópera de Sydney ou o Royal Albert Hall. O jornal britânico The Guardian considerou-a «uma diva da música do mundo».
Foi o pai que determinou o gosto da cantora pelo fado. Segundo a fadista o pai estava «sempre a ouvir fado e, na hora das refeições, nunca se via televisão; ouviam-se discos, sempre de fado…». Fernando Farinha, Fernando Maurício, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, entre muitos outros, eram os predilectos de José Nunes, e foram os que mais influenciaram a sua forma de cantar.
Logo aos cinco anos de idade recebeu o seu primeiro xaile. Começou, então, a moldar a voz que a tornou famosa. Sobre o estabelecimento onde aprendeu a cantar o fado e onde actuou pela primeira vez aos cinco anos, já envergando um xaile negro, Mariza já referiu em entrevistas:
"Foi aqui que toda a história começou. Se calhar é aqui que vai acabar. Tudo pode acabar de repente, tal como começou, e eu volto à minha Mouraria e à taberninha dos meus pais para servir dobradinhas e copos de vinho que não me chateia nada"!
Ali cruzou-se «com tantos fadistas que as suas caras já se esfumam na memória».
Ouça agora a Mariza, no conhecido fado "Barco Negro", cuja letra é de David Mourão Ferreira e que foi celebrizado pela fadista Amália Rodrigues.