sábado, setembro 04, 2010

A Valsa Com Bashir

Uma noite num bar, o realizador de cinema Ari Folman, conversa com um velho amigo. Este conta-lhe o pesadelo recorrente que o martiriza todas as noites. É perseguido por 26 cães. Todas as noites o mesmo pesadelo, todas as noites o mesmo número de bestas.
Os dois homens chegam à conclusão que há uma conexão entre o pesadelo e a sua missão no Exército Israelita, durante a primeira Guerra no Líbano, que ocorreu no início dos anos 80. Ari fica surpreendido pelo facto de não conseguir lembrar-se de nada acerca deste período da sua vida. Descobriu que precisava de saber a verdade acerca daquela fase e acerca de si próprio.
Daí o fime a Valsa Com Bashir.
Este filme do israelita Ari Folman conta a história de um ex-combatente que tenta recuperar as suas memórias da guerra do Líbano de 1982 - a entrada das tropas israelitas em Beirute, e depois os massacres nos campos de refugiados.
É aqui que se coloca uma questão que é recorrente nestes temas de responsabilidade militar. Até que ponto quem vê percebe o que está a acontecer?
Como lê um soldado o mundo em que se move?
"Eu vi coisas estranhas, mas nunca me passou pela cabeça que fosse isso" - é uma resposta aceitável?
A música, o desenho e a história são apenas alguns dos bons motivos para não perder A Valsa com Bashir (2008). Aprecie agora os vídeos prmocionais do filme. Não perca!



sexta-feira, setembro 03, 2010

Tudo o que eu tenho trago comigo

Roménia no fim da guerra. A população alemã vive com medo. «Eram 3 da madrugada do dia 15 de Janeiro de 1945 quando a patrulha me foi buscar. O frio apertava, estavam -15º C.» O jovem narrador começa assim o seu relato. Tem cinco anos diante de si, dos quais ainda nada sabe. Cinco anos num campo de trabalho. Cinco anos, ao fim dos quais regressa um homem diferente.
"Tudo o que eu tenho trago comigo" é o livro de Herta Müller que lhe proponho hoje. Não perca a oportunidade de conhecer esta autora.
Laureada com o Nobel da Literatura em 2009, Herta Müller, nasceu em 1953 na cidade romena Nitzkydorf, na região de Banat, e vive actualmente em Berlim.
Proibida de publicar na Roménia por ter criticado publicamente o regime de Ceausescu, a escritora emigrou em 1987 para a Alemanha com o marido, o poeta Richard Wagner, também nascido naquela região romena.
Em 2009, Herta Müller publicou o romance Atemschaukel. Tratou-se do 19.º livro publicado, entre romances, contos e ensaios.
O pai prestou serviço nas Waffen SS, a tropa de elite chefiada por Himmler na II Guerra Mundial.
Muitos romeno-alemães foram deportados para a então União Soviética em 1945, incluindo a mãe de Herta que passou cinco anos num campo de trabalho na actual Ucrânia. De 1973 a 1976, estudou literatura alemã e romena na Universidade de Timisoara, na Roménia, fez parte do Aktionsgrupp Banat, um círculo de jovens germanófonos de oposição ao regime de Ceausescu que defendiam a liberdade de expressão.
Depois de terminar os estudos, trabalhou como tradutora numa fábrica de máquinas, entre 1977 e 1979. Foi despedida por se ter recusado a ser informadora da polícia secreta, o que lhe valeu ser perseguida pela Securitate.
Müller começou a publicar com a colecção de contos Niederungen (1982), censurada na Roménia. Dois anos depois, publicou uma versão não censurada na Alemanha e, no mesmo ano, Drückender Tango, na Roménia. Nestes dois trabalhos, Müller descreve a vida numa pequena aldeia germanófona, marcada pela corrupção, a intolerância e a repressão.
A imprensa romena criticou negativamente estes trabalhos que foram muito bem recebidos pela crítica alemã. Por ter criticado publicamente a ditadura romena, foi proibida de publicar no seu país.
Desde que, em 1984, foi distinguida com o Prémio Aspekte, Herta Müller tem acumulado galardões sobretudo na Alemanha. Em 1995, recebeu o prémio europeu de literatura Aristeion e foi eleita para a Academia Alemã para Língua e Poesia. Em 1998, recebeu o prémio irlandês IMPAC, no ano seguinte o Prémio Franz Kafka. Em 2003, o prémio Joseph Breitbach de literatura alemã, em 2004 o prémio de literatura da Fundação Konrad Adenauer e, em 2006, o Prémio Würth de literatura europeia.
"A sua obra, cuja força se alimenta do horror, é simultaneamente rica em beleza e uma grande ventura para o leitor"(Volker Weidermann - Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung).
"Tudo o que eu tenho trago comigo" é um romance poético avassalador.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Amigo

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill

quarta-feira, setembro 01, 2010

Com'è triste Venezia

Esta é a versão mais bela da clássica canção de Charles Aznavour, "Que C'est Triste Venise." Fora de Itália é muito rara. "Que c'est triste Venise", cantada em francês, em italiano ("Com'è triste Venezia"), espanhol ("Venecia sin tí"), inglês ("How sad Venice can be", "The Old-Fashioned Way") e alemão ("Venedig im Grau") está entre as mais famosas canções poliglotas de Aznavour. Espero que goste. Aprecie também as belíssimas imagens da mais bonita das cidades: Veneza.
Charles Aznavour, cujo nome verdadeiro é Aznavourian, nasceu em Paris. É filho de pais imigrantes de origem arménia.
Descobriu a paixão pelo mundo do entretenimento, no restaurante da família, onde o seu pai cantava. Conseguiu, mais tarde, alguns pequenos papéis no cinema e no teatro. Em 1941, trabalha para Edith Piaf, que o incentiva a lançar-se a solo.
A partir daí conhece o sucesso que se tem prolongado no tempo.
Além de ser um dos mais populares cantores da França, é também um dos cantores franceses mais conhecidos no exterior. Actuou em mais de 60 filmes, compôs cerca de 850 canções (incluindo 150 em inglês, 100 em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão) e já vendeu bem mais que 100 milhões de discos. Nos anos 1970, Aznavour tornou-se um grande sucesso no Reino Unido, onde a sua canção "She" saltou para o número um, no ranking de sucessos a nível mundial.
A lista de artistas que já cantaram Aznavour abrange de Fred Astaire a Bing Crosby, de Ray Charles a Liza Minelli. Elvis Costello gravou "She" para o filme Notting Hill. O tenor Plácido Domingo é um grande amigo de Aznavour e frequentemente canta os seus sucessos, principalmente a versão de Aznavour de Ave Maria, de 1994.
Aznavour começou a sua turnê global de despedida no fim de 2006. Obteve a cidadania arménia em Dezembro de 2008 e em 2009 tornou-se embaixador da Arménia na Suíça.
Em 1997, o Presidente da República francesa, Jacques Chirac, nomeou-o oficial da Legião de Honra. Esta é, certamente, a melhor prova de que Charles Aznavour se tornou um pilar da cultura francesa.

Com'è triste Venezia
Soltanto un anno dopo
Com'è triste Venezia
Se non si ama più

Si cercano parole
Che nessuno dirà
E si vorrebbe piangere
Non si può più

Com'è triste Venezia
Se nella barca c'è
Soltanto un gondoliere
Che guarda verso te

E non ti chiede niente
Perché negli occhi tuoi
E dentro la tua mente
C'è soltanto Lei

Com'è triste Venezia
Soltanto un anno dopo
Com'è triste Venezia
Se non si ama più

I musei e le chiese
Si aprono per noi
Ma non lo sanno
Che ormai tu non ci sei

Com'è triste Venezia
Di sera la laguna
Se si cerca una mano
Che non si trova più

Si fa dell'ironia
Davanti a quella luna
Che un dì ti ha vista mia
E non ti vede più

Addio gabbiani in volo
Che un giorno salutaste
Due punti neri al suolo
Addio anche da lei

Troppo triste Venezia
Soltanto un anno dopo
Troppo triste Venezia
Se non si ama più

domingo, agosto 29, 2010

Hay Unos Ojos

Linda Ronstadt (1946) é uma cantora americana que tem cantado uma enorme variedade de géneros musicais, graças à sua bela voz. Tal facto, tem-lhe rendido muitos prémios e um enorme prestígio e reconhecimento.
Começou a sua carreira no final dos anos 60, como vocalista dos The Poneys Stone, uma banda de folk californiano. Depois de três álbuns com a banda, decidiu seguir uma carreira a solo.
Linda Ronstadt lançou mais de 30 álbuns de estúdio, apareceu em mais de 100 álbuns de outros artistas e vendeu quase 100 milhões de álbuns em todo o mundo.
No álbum "Canciones de Mi Padre", a cantora presta homenagem à sua herança e raízes mexicanas. Possui aqui o apoio do excelente e mundialmente famoso Mariachi Vargas e a direção do experiente mestre arranjador/compositor/produtor Ruben Fuentes.
De salientar canções como: "Tu Solo Tu"; "Por un Amor" e "Los Laureles", que são antigos clássicos da música mexicana. Este CD que se pode englobar no género popular/mariachi, facilmente se classifica entre os melhores.
Ouça-a em "Hay unos ojos" de "Canciones de mi padre".
Este post é também uma homenagem às "Canciones de mi padre e de mi hermano".