quinta-feira, abril 17, 2025

O Folar de Valpaços

 O folar era tradicionalmente confecionado na época da Páscoa. O clero recolhia o folar das famílias no Domingo de Páscoa, no denominado "Compasso ou visita Pascal". Hoje o folar está na mesa de todos os transmontanos sempre que há um casamento ou um batizado.

A primeira referência à receita com a designação de "Folar de Valpaços" surge, em 1959, no Livro de Pantagruel (Bertha Rosa Limpo, 1959), aparecendo posteriormente em várias publicações nacionais de culinária, destacando-se, entre elas, o livro Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lurdes Modesto (1982). 

A reputação e utilização direta do nome "Folar de Valpaços" é referida por Virgílio Nogueiro Gomes, na sua obra "Transmontanices – Causas de Comer" (2010) e nas suas crónicas "Folares e a Páscoa" (2009) e "Cadernos de Receitas" (2012).  

Pra que não deixe de seguir a tradição aqui lhe deixo uma receita de Folar de Valpaços transmitida na Praça da Alegria da RTP.

Ingredientes:
Farinha – 1kg
Ovos – 10
Sal – 20g
Fermento de padeiro – 50g
Azeite – 120ml
Manteiga – 120g
Linguiça cortada – a gosto
Salpicão – a gosto
Presunto – a gosto
Toucinho – a gosto

Preparação:
Num recipiente junte o sal e os ovos e bata tudo.
Numa taça, dissolva o fermento com um pouco de água morna.
Adicione a farinha à mistura de sal e ovos. Junte depois os restantes ingredientes. Misture tudo e bata energicamente até formar uma bola de massa elástica.
Deixe essa bola de massa levedar até dobrar de tamanho e ganhar algumas bolhas.
Corte a massa levedada em porções. Estenda a massa, recheie com as carnes e enrole a massa.
Coloque a massa numa forna untada com manteiga e deixe a levedar por cerca de 30 a 40 minutos.
Por fim, leve ao forno pré-aquecido a 90ºC.

quarta-feira, abril 16, 2025

Stardust

 Hoje proponho-lhe que ouça Nat King Cole em Stardust.
Nat King Cole,  (1919 - 1965), foi um cantor e pianista de jazz norte-americano, pai da cantora Natalie Cole. O apelido de "King Cole" veio de uma popular cantiga de roda inglesa conhecida como Old King Cole.

A Sua voz marcante imortalizou várias canções, como: "Mona Lisa", "Stardust", "Unforgettable", "Nature Boy", "Christmas Song", "Quizás, Quizás, Quizás", entre outras, algumas das quais nas línguas espanhola e portuguesa.
And now the purple dusk of twilight time
Steals across the meadows of my heart
High up in the sky the little stars climb
Always reminding me that we're apart

You wandered down the lane and far away
Leaving me a song that will not die
Love is now the stardust of yesterday
The music of the years gone by

Sometimes I wonder how I spend
The lonely night
Dreaming of a song
The melody haunts my reverie
And I am once again with you

When our love was new
And each kiss an inspiration
But that was long ago
And now my consolation
Is in the stardust of a song

Besides the garden wall
When stars are bright
You are in my arms
The nightingale tells his fairytale
Of paradise where roses grew

Though I dream in vain
In my heart it will remain
My stardust melody
A memory of love's refrain

terça-feira, abril 15, 2025

Mario Vargas Llosa & Conversa na Catedral

Mario Vargas Llosa (1936-2025), Prémio Nobel da Literatura em 2010, morreu aos 89 anos.

Mario Vargas Llosa, foi um escritor, político, jornalista, ensaísta e professor universitário peruano. Vargas Llosa foi um dos romancistas e ensaístas mais importantes da América Latina e um dos principais escritores de sua geração. 

"Conversa na Catedral" (1969) é um livro de Mario Vargas Llosa que é considerado uma obra prima e um dos títulos mais importantes do autor, porque reúne muitos dos ingredientes que fizeram a fama do autor peruano - as críticas ácidas, a irreverência, a rebeldia e o humor sarcástico. 

Esta história esplêndida é a crónica de uma ditadura e da resistência possível graças à palavra. Uma aguda reflexão sobre a identidade latino-americana e sobre a perda da liberdade. Um romance que, mais do que um marco na carreira literária do autor, é um ponto de referência inevitável na história da literatura universal.

Este é um livro recomendado pelo PNL2027 dos 15-18 anos.


Sinopse:
Sentados a uma mesa da taberna A Catedral, o jornalista Santiago Zavala, filho de uma família de classe média alta, conversa com o seu amigo e antigo motorista de seu pai, Ambrosio. Estamos em Lima, na época ditatorial do general Manuel A. Odría (1948-1956), e dessa conversa acompanhada de cerveja emerge um Peru cruel, corrupto, desesperançado, matéria-prima ideal, portanto, para um romance que só um grande jornalista e escritor como Vargas Llosa poderia ter produzido.

segunda-feira, abril 14, 2025

Cabrito Assado à Moda de Braga

Estamos na Quaresma e já muito próximos de celebrar a Páscoa
Nalgumas regiões do nosso país o cabrito, o borrego e o anho fazem parte da
mesa do almoço do Domingo de Páscoa.

O Cabrito Assado à Moda de Braga é um prato de destaque à mesa dos minhotos no Domingo de Páscoa. Com algumas variações na forma de assar o cabrito, o Minho opta pela versão assada no forno, acompanhada com batatas assadas e arroz com miúdos.

Cabrito, borrego e anho não são a mesma coisa. O cabrito é da raça caprina e os seus progenitores a cabra e o bode.
A ovelha, o carneiro e o cordeiro pertencem à mesma família, ou seja, são da mesma espécie animal: ovinos
A ovelha é o ovino fêmea, dos 7 meses até o primeiro parto - 12-24 meses, enquanto o carneiro é o macho.
borrego é um cordeiro com menos de um ano, da raça ovina e a sua carne é mais clara e macia. Finalmente o anho, é por sua vez, nada mais do que um cordeiro (o cordeiro é o filhote da ovelha e tem até 7 meses e a sua carne é suculenta, macia e vermelha ou rosada). O borrego tem entre 7 e 15 meses. A carne é macia, mas de um vermelho mais forte.

Os cabritos são cuidadosamente selecionados quando têm apenas um mês e meio de vida, concentrando um peso entre os três e os cinco quilos no máximo - sendo a carne mais tenra e rosada. Variando de região para região é possível assá-lo de diferentes maneiras.
Assim, perto de Coimbra chega a ser assado à moda do leitão. Contudo, na região minhota manda a tradição uma versão assada no forno, acompanhada por batatas assadas e por arroz com miúdos. Deixo-lhe, pois aqui, uma receita de Cabrito à Moda de Braga.
  
Ingredientes:  
500 gramas de batatas pequenas para assar
1 perna e 1 pá de cabrito
4 dentes de alho
1 colher de chá de colorau
2 folhas de louro
pimenta q.b.
sal q.b.
2.5 dl de vinho branco
50g de banha
150g massa pimentão
Tomilho e alecrim qb.


Preparação: 
1. Para a Marinada: Colocar o pimentão numa taça e num almofariz esmagar a 2 c.chá pimenta preta e 2 dentes de alho. Esmagar até formar uma pasta. Colocar ainda sal, alecrim, tomilho, vinho branco. Misturar muito bem, no caso de estar liquido juntar mais pimentão doce. Finalizar com 1 fio de azeite.
2. Colocar as partes do cabrito num recipiente, juntamente com o líquido.
3. Deixar marinar durante 24h. Virar a carne de 6 em 6 horas.
4. Confeção: Pré-aquecer o forno a 180ºC.
5. Aquecer uma frigideira, com banha e azeite, e colocar as partes no cabrito a selar até caramelizar.
6. De seguida colocar as mesmas num tabuleiro de ir ao forno, juntamente com o liquido da marinada, coberto com folha de aluminio, até aos últimos 30 minutos. Deixar no forno pelo menos 2 horas ou até a carne se começar a soltar do osso.
7. Cortar a batata em gomos e esmagar dois dentes de alho. Colocar tudo num tabuleiro, juntamente com alecrim, azeite, sal e colorau. Colocar no forno quando faltar 1 hora para terminar o cabrito.
8. Ao molho juntar um pouco da marinada e um pouco de água, e colocar num pequeno tacho.
9. Esmagar a batata com um esmagador, e temperar com alecrim picado e o molho da carne, pimenta e envolver tudo muito bem.
10. Desfiar o cabrito, e servir sobre a cama de esmagada de batata.

domingo, abril 13, 2025

A Capela de Santa Catarina

A Capela de Santa Catarina, primeira construção cristã na Índia, por Afonso de Albuquerque, em homenagem à reconquista de Goa aos muçulmanos, é uma capela dedicada a Catarina de Alexandria, situada em Velha Goa, pertencente ao conjunto de Igrejas e Conventos desta cidade.

Em 1510, as tropas de Afonso de Albuquerque penetraram na cidade de Goa. Foi erguida uma capela junto à porta da muralha da Goa muçulmana, por onde os portugueses invadiram. Essa capela situava-se perto do local do Hospital Real, que se erguia a norte do Convento de São Francisco próximo do Arsenal e que não sobreviveu aos nossos dias, ou seja, respectivamente entre um local de armas e o centro da vida interior e mística. Era uma modesta construção de taipa e de cobertura de palha, que seguiu aos planos deixados por Afonso de Albuquerque e executados por Diogo Fernandes. Foi reconstruída em 1550 por ordem do governador Jorge Cabral. Em 1607, a capela voltou a passar por uma grande reforma.
Durante o século XIX, esteve sob os cuidados dos Franciscanos, antes de retornar ao clero secular e à administração da Arquidiocese de Goa e Damão.
Por ocasião da exposição das relíquias de São Francisco Xavier em 1952, foi o primeiro edifício a sofrer intervenção pelo arquitecto Baltasar de Castro, funcionário da Direcção‑Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, numa grande operação de restauro e saneamento de Velha Goa.

A capela é muito singela. De construção retangular, é composta apenas por uma nave. As várias intervenções de reconstrução que teve ao longo dos anos retiraram-lhe muito do aspeto original. Porém, é prova das primeiras construções religiosas mais modestas e despojadas de ornamentação.