Cova da Moura - Expresso |
A Cova da Moura é um bairro localizado no município da Amadora (freguesia de Águas Livres), com uma área de cerca de 16,3 ha e uma população total estimada em cerca de 5 000 pessoas, com origens culturais e étnicas muito diversificadas.
É um dos maiores e mais antigos bairros de população migrante existentes na área metropolitana de Lisboa. Oficialmente classificado como um bairro degradado de génese ilegal, o Alto da Cova da Moura surge da ocupação espontânea de terrenos privados e do Estado, que se inicia nos finais dos anos quarenta com a construção das primeiras barracas por pequenos grupos de migrantes rurais.
A área onde se localiza a Cova da Moura consistia numa exploração agrícola, a Quinta do Outeiro, que foi abandonada no final da década de 1950. Os primeiros registos de habitantes residentes na área datam de 1960, provenientes de diversas partes do país que utilizavam os terrenos para o cultivo de trigo. Estes primeiros residentes viviam em barracas de madeira, fugidos da pobreza do interior de Portugal.
A partir do início dos anos 1970, populações oriundas de Cabo Verde foram-se fixando progressivamente no bairro. A proximidade ao centro da cidade de Lisboa e o fácil acesso a estradas principais e à rede de transportes públicos permitia a estas populações, na sua maioria com baixos recursos económicos, uma grande acessibilidade ao emprego e a outros serviços (educação, saúde, equipamentos sociais, recreativos e desportivos).
A maioria da população é hoje originária de Cabo Verde, sendo igualmente de assinalar a presença significativa de imigrantes oriundos de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, assim como de migrantes internos do Centro e Norte de Portugal, e de nacionais regressados das ex-colónias. Nos últimos anos, a fixação de populações migrantes da Europa de Leste e do Brasil tem vindo a acentuar a heterogeneidade populacional do bairro.
Geograficamente, o bairro é um lugar fragmentado, com uma matriz espacial pouco homogénea. A sul, o traçado tortuoso de ruas estreitas e poeirentas, de casas, barracas e anexos encavalitados, formando uma malha labiríntica apertada. A norte, a geografia apresenta uma lógica mais reticulada, de ruas pavimentadas e de casas cercadas por pequenos jardins, onde habitam os nacionais retornados de África, migrantes internos e uma pequena burguesia africana. Chamam-lhe o "bairro europeu" em oposição ao "bairro africano" a sul.
O bairro é dotado de alguns equipamentos, associações e elementos simbólicos, que servem como referências identitárias da Comunidade: a Associação Cultural Moinho da Juventude; a Santa Casa da Misericórdia e o Centro Paroquial; a Associação de Solidariedade Social do Alto da Cova da Moura, o equipamento desportivo e ainda algum património histórico (antigo moinho e antigos edifícios do aqueduto de Águas Livres de Portugal).
A atividade comercial é aqui bastante significativa: Bazofo & Dentu Zona (Bazofo é uma marca de roupa sustentável da Cova da Moura), há uma loja e livraria, uma serigrafia, restaurantes (O Coqueiro que serve uma excelente cachupa), mercearias, costureiras e costureiros, etc. A Morna, o Funaná, o torresmo, a moreia frita, a cachupa, e principalmente a descoberta de uma forma diferente de estar em comunidade são apenas alguns dos motivos para visitar O Coqueiro e, quem sabe, dar uma volta pelo bairro.
O bairro tem sido palco de eventos culturais, com o objetivo de integrar ao máximo os seus habitantes na vida social. Em 2009, o cineasta Joaquim Leitão usou o bairro como cenário para o filme A Esperança Está onde Menos se Espera. Neste filme, ele dá a sua visão pessoal do problema social vivido em bairros como este. Para além disso, têm-se realizado espetáculos de música africana e outras atividades culturais como por exemplo, visitas guiadas ao bairro e o Kola San Jon. O Kola San Jon esteve também este ano no Rock in Rio Lisboa. É a Associação Cultural Moinho da Juventude que centraliza este património da cultura de Cabo Verde, principalmente oriundo das ilhas de Santo Antão, São Vicente e São Nicolau.
A Associação tem 38 anos de existência e o grupo Kola San Jon tem 31, já tem elementos que atravessam três gerações, em que a energia dos mais novos aos mais velhos é enorme, produzindo peças de grande beleza.
A associação tem como objetivos ajudar todas as pessoas com dificuldades de integração no Bairro, fornecendo serviços que vão do acompanhamento aos pais na educação e nos cuidados a ter com os seus filhos, a atividades de tempos livres para crianças entre os 6 e os 12 anos.
Agora dê uma espreitadela à apresentação que se segue e que é o resultado de uma visita ao bairro da Cova da Moura, no âmbito do projeto KA2 Strategic Human Rights, com as ONG Cai (Portugal), Poliana (Grécia), Fundacja Dobra Wola (Catalunha, Espanha) e Idei si proiecte pentru tineri activi (Roménia).
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