sexta-feira, abril 24, 2009

O Centenário de Soeiro Pereira Gomes

Soeiro Pereira Gomes é um dos maiores nomes do neo-realismo literário português. Nasceu em Gestaçô (distrito do Porto) a 14 de Abril de 1909 e faleceu a 5 de Dezembro de 1949. Estudou em Coimbra e viveu em Angola. Mas, o casamento trouxe-o para Alhandra, onde trabalhou e desenvolveu actividades de dinamização cultural entre o operariado. Porém, a sua grande vocação como escritor foi o que o tornou ilustre. É, então, o escritor Soeiro Pereira Gomes que se notabiliza, sendo um dos mais coerentes e claros exemplos da ficção neo-realista em Portugal. Militante comunista, Soeiro Pereira Gomes foi membro do Comité Central do PCP, o que o levou a entrar na clandestinidade em 1943, condição em que viria a morrer seis anos depois, vítima de tuberculose, impossibilitado de receber o tratamento médico de que necessitava.

Da sua obra constam dois romances, onde a crítica social é profunda, e vários contos, que são uma exaltação do comunismo e dos seus militantes.
A sua obra maior Esteiros, foi publicada em 1941, com ilustrações de Álvaro Cunhal. Dedicado aos filhos dos homens que nunca foram meninos o romance acompanha "as deambulações de um grupo de miúdos(...), cuja condição social lhes impõe, em vez da escola, o trabalho numa rudimentar fábrica de tijolos à beira Tejo".

O romance Engrenagem, publicado em 1951, já depois da sua morte, foi escrito na clandestinidade, assim como os Contos Vermelhos, Última Carta e Refúgio Perdido, também publicados postumamente.

Engrenagem "é igualmente uma obra central do neo-realismo português, antes de mais por ser uma das muito poucas abordagens do universo do capitalismo industrial, de facto quase ausente da produção neo-realista" portuguesa.


Morreu e foi sepultado em Espinho. No seu túmulo, apenas esta frase: A tua luta foi uma dádiva total.

Para além de escritor, foi um notável dinamizador social. Organizava cursos de ginástica para os operários da "Cimentos Tejo", ajudou a criar várias bibliotecas e deu força ao projecto de construção de uma piscina para o povo da terra em que vivia. Organizava igualmente passeios de barco pelo Tejo onde, a pretexto de confraternização, se discutia política e se estabeleciam contactos, longe dos olhares da polícia política salazarista.


Se quizer saber mais sobre este escritor clique aqui. Veja,agora, um documentário da RTP sobre a obra Esteiros.




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